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A "Farinella" é a máscara de Putignano. De acordo com a tradição, ela demonstra o caráter dos moradores: provocadores, irônicos, apaixonados pela vida, pelas bebidas e comida, orgulhosos de sua terra e dialeto. Foto: Reprodução/Facebook
A "Farinella" é a máscara de Putignano. De acordo com a tradição, ela demonstra o caráter dos moradores: provocadores, irônicos, apaixonados pela vida, pelas bebidas e comida, orgulhosos de sua terra e dialeto. Foto: Reprodução/Facebook| Foto:

Era o ano de 1394 na Itália. Depois que a costa da região da Puglia enfrentou diversas tentativas de invasão, as relíquias de Santo Stefano foram transferidas da abadia de Monopoli para a igreja de Santa Maria la Greca, na cidade de Putignano. A medida, que foi tomada para afastar as relíquias da costa e, portanto, do risco de saque, acabou dando origem ao carnaval mais antigo do mundo.

Conta a tradição oral que, ao verem a procissão com as relíquias passando, os agricultores de Putignano deixaram seu trabalho e foram acompanhar o cortejo “dançando, cantando e improvisando versos satíricos na língua vernácula”, diz o site oficial do Carnevale di Putignano.

Assim, todos os anos, a Festa delle Propaggini dá início, no dia 26 de dezembro, às preparações para o carnaval da cidade, que inicia neste domingo (28).  Em 2018 faz 624 anos que o Carnaval de Putignano é realizado.

Pessoas desfilam no Carnaval de Putignano. Foto: Reprodução/Facebook
Pessoas desfilam no Carnaval de Putignano. Foto: Reprodução/Facebook

As tradições

“Farinella” é como se chama a fantasia típica do carnaval de Putignano. O nome é uma homenagem ao prato mais tradicional da cozinha da cidade: um tipo de farinha muito fina, feita com cevada e grão-de-bico que é assada e depois amassada até que vire pó. Os primeiros Farinella eram “uma espécie de bêbados esfarrapados sem características particulares além da miséria”, segundo o site.

Desde o início dos anos 1950, no entanto, eles se tornaram uma mistura de arlequins com o coringa, personagem do baralho. As roupas são sempre coloridas, com uma saia vermelha e azul – que são as cores da cidade -, e chapéus de três pontas com sininhos.

A Cartapesta é um tipo de arte feita exclusivamente para o carnaval. Foto: Reprodução/Facebook
A Cartapesta é um tipo de arte feita exclusivamente para o carnaval. Foto: Reprodução/Facebook
Carro alegórico típico do Carnaval de Putignano. Foto: Reprodução/Facebook
Carro alegórico típico do Carnaval de Putignano. Foto: Reprodução/Facebook

Além do Farinella, também é muito tradicional a chamada “Cartapesta” – papel machê. Trata-se de um tipo de escultura que forma enormes carros alegóricos. De acordo com o site da festa, “os carros alegóricos são encorajados a retratar, com uma pitada saudável de ironia, eventos de relevância nacional e internacional, temas ligados à política, à moral e à atualidade: fazer as pessoas refletirem enquanto se divertem, essa é sua tarefa”.

Um Maestro Cartapestai trabalha uma de suas esculturas. Foto: Reprodução/Facebook
Um Maestro Cartapestai trabalha uma de suas esculturas. Foto: Reprodução/Facebook

São essas grandes alegorias que desfilam pelas ruas de Putignano junto aos foliões e que tornam o carnaval local uma espécie única de festival. Os “maestri cartapestai” são os mestres responsáveis por essa arte e têm muito prestígio junto à comunidade. Eles trabalham em galpões e, conforme a data do carnaval se aproxima, passam cada vez mais tempo debruçados sobre as estruturas alegóricas. “Há sempre um pequeno fogão com uma cafeteira ou uma panela, porque ali, nas semanas antes do Carnaval, jantam juntos e passam a noite juntos. Uma interseção de mãos, olhos e corações unidos por um objetivo comum, grupos que se transformam em famílias, obras de arte que tomam forma, mas, acima de tudo, vida.”

Diversas associações desenvolvem essas alegorias e participam de um concurso, que elege a melhor de cada ano. A atual campeã é a Associação cArteinregola, que, em 2017, levou às ruas um carro que fazia uma dura crítica à relação entre as pessoas e a tecnologia, como os smartphones.

Carro alegórico vencedor do concurso de 2017. Foto: Reprodução/Facebook
Carro alegórico vencedor do concurso de 2017. Foto: Reprodução/Facebook

A Extrema Unção

Bom humor é um dos mais importantes ingredientes do carnaval de Putignano. Na terça-feira de carnaval, que eles chamam de “Terça-feira Gorda”, foliões vestidos como sacerdotes dão a “extrema unção” ao carnaval, que chega ao fim. À noite, uma procissão funerária percorre as ruas velando o carnaval. Ele é representado por um porco feito em papel machê que simboliza o período de excessos vivido durante os dias de festa.

Segundo o site oficial do festival, isso “simboliza a passagem da baderna ao clima de austeridade que já bate à porta”. O final da festa é marcado pela queima do porco, que funciona como uma purificação. Além disso, o processo de queimar a escultura deixa as cinzas, que são o símbolo da Quaresma que está para começar.

Foliões participam do "Velório do Carnaval". Foto: Reprodução/Facebook
Foliões participam do "Velório do Carnaval". Foto: Reprodução/Facebook

“Os últimos minutos de vida do carnaval são marcados por um dos ritos mais esperados, organizado em colaboração com a associação La Zizzania: as 365 badaladas do Sino do Macarrão, um enorme sino de papel machê que, fiel à tradição, assinala a última hora antes do fim da festa e início da Quaresma.” Como bons italianos, os moradores de Putignano comemoram o fim do carnaval comendo macarrão e tomando boas taças de vinho.

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