Turismo
Tatuados são proibidos de entrar em uma das principais atrações turísticas do Japão
Foto: Pinterest
Nem todos os turistas têm a chance de conhecer umas das relíquias naturais mais visitadas no Japão. Conhecidas como “onsen”, as centenas de fontes termais localizadas ao longo do país são proibidas para pessoas tatuadas. A explicação é histórica: a tatuagem, para os japoneses, simboliza uma ligação com o crime, em especial com a Yakusa, a máfia local nipônica.
Quando programou sua primeira viagem à terra do sol nascente, no início do ano passado, a estudante de design de moda Caroline Eckel, 21, chegou preparada. Como sempre foi interessada pela cultura oriental, a curitibana de origem alemã sabia que seria quase impossível mergulhar nos onsen por conta de suas cinco tatuagens espalhadas pelo corpo.
“Perguntei para uma agente de viagens assim que cheguei e ela disse que não podia mesmo”, conta. Segundo a tradição japonesa, há uma série de regras para participar do banho público, que funciona como uma ceriônia. A principal delas é a nudez. Em geral, as piscinas são abertas para homens e mulheres de todas as idades, mas há diversas opções voltadas para somente pessoas do sexo masculino ou feminino.
Alternativa
Em alguns casos, quem tem tatuagens pequenas pode se aventurar nos onsen. A recomendação é cobrir o desenho com gaze e esparadrapo ou procurar algum estabelecimento que ofereça o “kashikiriburo”, o banho privado.
Mesmo se quisesse tentar esta opção, o curitibano Diogo Tourinho de Souza, 22, também não poderia. Também apaixonado pela cultura nipônica, tem o desenho de uma raposa tatuado no dorso da mão, entre outras dezenas de tatuagens espalhadas pelo corpo. O animal, na mitologia japonesa, tem diversos significados e pode ser associado ao mal e à sabedoria.
“Eu já sabia que não poderia participar de certos passeios nem entrar em alguns templos”, explica o estudante. O que ajudou a amenizar os olhares curiosos que recebia no metrô e nas ruas era a época do ano. Como foi em março do ano passado, quando ainda é primavera no hemisfério norte, os casacos ajudavam a “camuflar” os as tatuagens.
De qualquer modo, Souza garante que sua viagem não foi comprometida em nenhum momento. “Eles olham para a gente com outro olhar porque somos turistas, não falo japonês. É diferente quando alguém de lá tem a tatuagem”, diz.
Ele relembra do dia em que estava no metrô e havia um rapaz japonês com o corpo todo tatuado. “Mesmo com casacos e touca, ninguém chegava perto dele”.
Outras restrições
Por ser um país muito tradicionalista, as restrições em relação à tatuagem não valem só para os onsen. Em locais públicos e nos ryokan (hospedarias típicas japonesas) também é indicado cobrir a pele, segundo o CEO da agência de viagens Travely, Renan Tavares. “Sempre fazemos um alerta sobre isso para que os turistas que planejam visitar o Japão evitem constrangimentos”, explica.
De acordo com Tavares, os japoneses também têm outros protocolos em diferentes segmentos de entretenimento, como restaurantes. “Os mais renomados e premiados restaurantes do Guia Michelin, por exemplo, recomendam a não utilização de perfumes e o respeito a determinados códigos de vestimenta”, frisa.
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