Turismo

Tatuados são proibidos de entrar em uma das principais atrações turísticas do Japão

Marina Mori
25/03/2018 12:00
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Foto: Pinterest

Nem todos os turistas têm a chance de conhecer umas das relíquias naturais mais visitadas no Japão. Conhecidas como “onsen”, as centenas de fontes termais localizadas ao longo do país são proibidas para pessoas tatuadas. A explicação é histórica: a tatuagem, para os japoneses, simboliza uma ligação com o crime, em especial com a Yakusa, a máfia local nipônica.
Quando programou sua primeira viagem à terra do sol nascente, no início do ano passado, a estudante de design de moda Caroline Eckel, 21, chegou preparada. Como sempre foi interessada pela cultura oriental, a curitibana de origem alemã sabia que seria quase impossível mergulhar nos onsen por conta de suas cinco tatuagens espalhadas pelo corpo.
“Perguntei para uma agente de viagens assim que cheguei e ela disse que não podia mesmo”, conta. Segundo a tradição japonesa, há uma série de regras para participar do banho público, que funciona como uma ceriônia. A principal delas é a nudez. Em geral, as piscinas são abertas para homens e mulheres de todas as idades, mas há diversas opções voltadas para somente pessoas do sexo masculino ou feminino.
Por ser um país vulcanicamente ativo, o Japão possui centenas de fontes termais por toda a sua extensão. Foto: Reprodução / Pinterest
Por ser um país vulcanicamente ativo, o Japão possui centenas de fontes termais por toda a sua extensão. Foto: Reprodução / Pinterest

Alternativa

Em alguns casos, quem tem tatuagens pequenas pode se aventurar nos onsen. A recomendação é cobrir o desenho com gaze e esparadrapo ou procurar algum estabelecimento que ofereça o “kashikiriburo”, o banho privado.
Mesmo se quisesse tentar esta opção, o curitibano Diogo Tourinho de Souza, 22, também não poderia. Também apaixonado pela cultura nipônica, tem o desenho de uma raposa tatuado no dorso da mão, entre outras dezenas de tatuagens espalhadas pelo corpo. O animal, na mitologia japonesa, tem diversos significados e pode ser associado ao mal e à sabedoria.
“Eu já sabia que não poderia participar de certos passeios nem entrar em alguns templos”, explica o estudante. O que ajudou a amenizar os olhares curiosos que recebia no metrô e nas ruas era a época do ano. Como foi em março do ano passado, quando ainda é primavera no hemisfério norte, os casacos ajudavam a “camuflar” os as tatuagens.
Para os turistas tatuados, a dica é ir nas épocas mais frias do ano. Assim, evita-se olhares desconfiados. Fotos: Arquivo pessoal
Para os turistas tatuados, a dica é ir nas épocas mais frias do ano. Assim, evita-se olhares desconfiados. Fotos: Arquivo pessoal
De qualquer modo, Souza garante que sua viagem não foi comprometida em nenhum momento. “Eles olham para a gente com outro olhar porque somos turistas, não falo japonês. É diferente quando alguém de lá tem a tatuagem”, diz.
Ele relembra do dia em que estava no metrô e havia um rapaz japonês com o corpo todo tatuado. “Mesmo com casacos e touca, ninguém chegava perto dele”.
Outras restrições
Por ser um país muito tradicionalista, as restrições em relação à tatuagem não valem só para os onsen. Em locais públicos e nos ryokan (hospedarias típicas japonesas) também é indicado cobrir a pele, segundo o CEO da agência de viagens Travely, Renan Tavares. “Sempre fazemos um alerta sobre isso para que os turistas que planejam visitar o Japão evitem constrangimentos”, explica.
De acordo com Tavares, os japoneses também têm outros protocolos em diferentes segmentos de entretenimento, como restaurantes. “Os mais renomados e premiados restaurantes do Guia Michelin, por exemplo, recomendam a não utilização de perfumes e o respeito a determinados códigos de vestimenta”, frisa.
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