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Na Praia do Forte, dá para ver a soltura das tartarugas, aproveitar a natureza exuberante e ainda o agito noturno. Foto: Bigstock
Na Praia do Forte, dá para ver a soltura das tartarugas, aproveitar a natureza exuberante e ainda o agito noturno. Foto: Bigstock| Foto:

Do alto de uma pequena elevação a Casa da Torre de Garcia D’Ávila vigia há quase 500 anos o Oceano Atlântico que se espalha verdinho na praia muitos metros abaixo. Construído a partir de 1551 por Garcia D’Ávila, a fortificação acabou batizando uma pérola do litoral norte da Bahia, a Praia do Forte.

Ainda naquela época começou a surgir um povoado em torno da construção. Gente que pescava, que plantava e colhia o coco trazido da Ásia em forma de muda pelos portugueses. Gente que ajudava a proteger Salvador, apenas 80 km ao sul, de possíveis invasores. E que mandava sinais de fumaça para a capital quando havia algum perigo à vista. Isso até 1835, quando, segundo a Associação Comercial e Turística da Praia do Forte (Turisforte) o conjunto arquitetônico foi abandonado pelos descendentes de D’Ávila.

História recente

A partir da década de 1950 ali se instalaram pescadores, formando aquela que hoje é conhecida como Vila da Praia do Forte. O município mesmo se chama Mata de São João. De acordo com o guia Roberto Carlos Pessoa da Silva, no fim dos anos 1970 começou a virar moda visitar o local para acampar. Ele conta que tudo começou com os estudantes da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Esses jovens iam até ali e começaram a perceber a necessidade de conscientizar os nativos da região sobre a importância de preservar as tartarugas marinhas.

O Projeto Tamar tem sua sede nacional na Praia do Forte. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
O Projeto Tamar tem sua sede nacional na Praia do Forte. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Organizado e sistemático, tal esforço deu origem ao Projeto Tamar, hoje presente em 25 pontos do Brasil. “Ficou sendo moda de estudante vir para cá ver o nascimento das tartarugas, trazer uma viola, essa cultura meio alternativa. Aí o pescador começou a alugar um quarto para quem não tinha cabana, alugar o quintal de casa. Ele mesmo fazia o café da manhã e assim começou esse turismo”, lembra Silva.

Daí à instalação da primeira pousada foi um pulinho. Hoje, são mais de 80, além dos pequenos hotéis e das inúmeras casas de veraneio. Corre à boca pequena que famosos como Ivete Sangalo e Sidney Magal têm imóveis na região. Mesmo assim, a vilinha continua preservando muitas das casas de pescadores, ainda que elas tenham sido transformadas em comércios.

Lá no mar

Locomover-se pela vila, que tem pouco mais de mil habitantes fixos, não é difícil. Há uma rua principal, onde os carros não entram, com muitas lojinhas, bares e restaurantes. Dá para percorrer toda sua extensão a pé. A sugestão é começar o dia visitando as praias com piscinas naturais que banham toda a orla da Praia do Forte.

Algumas das mais populares são a Praia do Porto, a Praia do Papa-Gente e a Praia do Lord. A Praia do Porto fica bem ao lado da sede nacional do Projeto Tamar. Ali, devido à profundidade do mar, muitos barcos aproveitam para ancorar. É bonito de ver as embarcações balançando com o vento, com sol ou com chuva.

A Praia do Porto é uma das que apresentam piscinas naturais na maré baixa. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
A Praia do Porto é uma das que apresentam piscinas naturais na maré baixa. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Aliás, não tenha medo da chuva. O clima na região é volátil e costuma mudar de repente, mas nada que atrapalhe o passeio. “É que aqui na Bahia não chove, só rega”, brinca Silva. E é verdade. Em meia hora o céu se acinzenta, se derrama e volta a ficar azulado.

Na maré baixa, as piscinas naturais e cheias de peixes coloridos da Praia do Papa-Gente e da Praia do Porto são um convite à prática do snorkel. Você pode alugar o equipamento por ali mesmo. Também estão disponíveis pranchas de stand up paddle. Para quem gosta de ainda mais emoção é possível fazer até mesmo mergulho com cilindro de oxigênio. Basta procurar uma das empresas que oferecem o serviço.

Projeto Tamar

Almoce em um dos muitos restaurantes que estão em todos os pontos da vila. Ao final da rua principal, já à beira do mar, está o Museu do Tamar da Praia do Forte. O projeto é um dos mais importantes do Brasil em termos de preservação da biodiversidade marinha. “Entre tanques e aquários, são 600 mil litros de água salgada com exemplares da fauna marinha da região e de quatro das cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil, em diferentes estágios do ciclo de vida”, explica o site oficial do Tamar.

Além dos tanques com tartarugas, arraias, moreias e até tubarões, há ainda salas multimídia, exposição de fotografias, loja de souvenirs e restaurante. Separe ao menos duas horas do dia para a visita, porque as atividades são variadas. A entrada custa R$ 24. Mais informações pelo site do Projeto Tamar ou pelos telefones (71) 3676-0321 e (71) 98127-2010 e pelo e-mail centrodevisitantes@tamar.org.br.

Tartaruga nada em um dos tanques do Projeto Tamar. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
Tartaruga nada em um dos tanques do Projeto Tamar. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Castelo Garcia D’Ávila

Quem quiser visitar o Castelo Gracia D’Ávila precisará fazer uma escolha e sacrificar ou algumas horas de praia ou a visita ao Tamar. Isso porque as ruínas da construção são mais facilmente acessadas de carro ou de quadriciclo, o que demanda tempo. São cerca de dois quilômetros até a entrada da Fundação Garcia D’Ávila.

De acordo com o site oficial da atração, o complexo “compreende as ruínas da Casa da Torre (Castelo Garcia D’Ávila) e a área em seu entorno, um sítio arqueológico e um Centro de Visitação com 1.700m²”. Ali funciona hoje uma espécie de museu com exposições históricas e arqueológicas. Também há uma maquete do castelo original, lojinha e muito espaço a céu aberto. A entrada custa R$ 10. O lugar também recebe eventos como casamentos e aniversários. Mais informações pelo site da Fundação Garcia D’Ávila, pelos telefones (71) 3676-1133 e (71) 99600-7340 e pelo e-mail atendimento@fgd.org.br.

Na vila

No caminho para a sede do Tamar ou na volta do passeio não deixe de parar na Capela São Francisco de Assis. Cartão postal da comunidade, ela foi construída em 1900. Com o mar no enquadramento, é quase impossível não parar ali para apreciar a linda paisagem e tirar boas fotos.

A Capela de São Francisco de Assis faz companhia ao mar. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
A Capela de São Francisco de Assis faz companhia ao mar. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

Embora a vila da Praia do Forte mantenha ares de vila de pescadores, há ali muitas opções de compras. Separe um tempinho para se perder entre as lojinhas que vendem artesanato local. Pequenos quadros pintados por artistas da região estão entre as lembranças mais originais que podem ser adquiridas ali. Quem gosta de glamour também vai encontrar lojas de grandes marcas como Carmen Steffens, Melissa e Havaianas, só para citar algumas.

No fim da tarde e à noite, deixe-se levar pelos ritmos dos bares que pipocam por toda a vila. Aproveite para experimentar iguarias da culinária baiana e conhecer melhor a cultura e a vida noturna locais.

A rua principal da Vila da Praia do Forte tem muitas opções para compras, gastronomia e vida noturna. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo
A rua principal da Vila da Praia do Forte tem muitas opções para compras, gastronomia e vida noturna. Foto: Carolina Werneck/Gazeta do Povo

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