Turismo

Turismo de bem-estar: por que o mundo vem ao Brasil para fazer tratamentos estéticos?

Guilherme Grandi
03/10/2018 17:00
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O turismo de bem-estar no Brasil movimentou US$ 6 bilhões (R$ 23 bi) no ano passado. Foto: Pixabay.

Mais de 250 mil estrangeiros vêm ao Brasil todos os anos apenas para se submeter a tratamentos estéticos, cirurgias plásticas e odontológicas que custam até 80% menos que em outros países. É o chamado turismo de bem-estar, uma das principais tendências para os próximos anos de acordo com especialistas do mercado turístico brasileiro.
A tendência foi apontada como uma grande aposta para 2019, segundo o especialista em mercado turístico Ricardo Aly. O setor de wellness foi amplamente citado como motivador de passeios para as terras tupiniquins  durante a 46ª ABAV Expo Internacional de Turismo, realizada recentemente em São Paulo.
“A busca por viagens que proporcionam bem-estar, caminhadas, opções para cuidar da saúde, entre outros, tende a aumentar no Brasil”, analisa.
E a constatação não é para menos. A busca pela boa forma baseada no estilo brasileiro de ser, com corpos torneados e ‘tudo em cima’, já vem de décadas. Segundo a presidente da Associação Brasileira do Turismo de Saúde (Abratus), Julia Lima, os americanos, os árabes e os europeus são os que mais vêm ao Brasil em busca de tratamentos estéticos.
“As cirurgias plásticas no Brasil, por exemplo, custam 50% menos do que nos Estados Unidos ou nos Emirados Árabes. Já um tratamento odontológico sai até 80% mais barato do que na Europa”, conta.

Tendências

O Spa Lapinha, localizado a cerca de 80 quilômetros de Curitiba, oferece tratamentos customizados de acordo com a necessidade do viajante. Foto: reprodução/Instagram.
O Spa Lapinha, localizado a cerca de 80 quilômetros de Curitiba, oferece tratamentos customizados de acordo com a necessidade do viajante. Foto: reprodução/Instagram.
Além dos tratamentos estéticos, cirurgias plásticas e odontológicas, o Brasil também está no caminho para atrair turistas que buscam serviços como diferentes tipos de massagens e gastronomia saudável, aulas fitness, beleza ambiental e atividades esportivas.
A oferta de resorts e spas médicos deve puxar o crescimento do turismo de bem-estar no Brasil, principalmente pela maior expectativa de vida da população e da busca pela longevidade. Um dos primeiros do país a adotar este conceito foi o Spa Lapinha, há 45 anos.
São oferecidos tratamentos de 7 a 21 dias com programas e dietas customizadas a partir de R$ 7.500. De acordo com a diretora de marketing e especialista em turismo de wellness, Francesca Giessmann, este tipo de viagem vem crescendo cada vez mais por conta da correria das grandes cidades.
“As pessoas chegam ansiosas, realmente ainda ligadas nos afazeres do dia a dia. Elas chegam com crises severas de burn-out (estresse agudo), em busca de um balanço, equilíbrio e bem estar”, conta.
Na Lapinha não há televisão, e o sinal de wi-fi – implantando após muitos pedidos de pacientes – é desligado às 22h. A ideia é fazer a pessoa se desconectar.
“Recebemos em média duas mil pessoas ao ano, entre brasileiros e estrangeiros. São dois funcionários para cada paciente atendido no spa que vão buscar ele na hora de uma massagem, lembrar o horário da refeição, atender se houver algum problema de saúde, e assim por diante”, completa Francesca.

Preços menores, procura maior

A procura por tratamentos estéticos por estrangeiros deve crescer 30% no Brasil em 2019. Foto: VisualHunt.
A procura por tratamentos estéticos por estrangeiros deve crescer 30% no Brasil em 2019. Foto: VisualHunt.
Segundo a organização internacional Global Wellness Summit, as viagens de bem-estar estão se expandindo 50% mais rápido do que a indústria global de turismo. Só em 2017, os viajantes que buscam relaxamento mental e físico fizeram 586 milhões de viagens, e gastaram US$ 100 bilhões.
O Brasil ficou com uma fatia de US$ 6 bilhões deste montante, número que segue aumentando. Segundo Julia Lima, mais turistas de bem-estar devem vir ao país nos próximos anos.
“O turismo de wellness vem crescendo em torno de 20% ao ano em todo o mundo, mas o Brasil sairá na frente com uma alta que pode chegar a 30%”, analisa a presidente da Abratus.
Ainda de acordo com a Global Wellness Summit, o mercado de turismo de bem-estar está começando a se desenvolver plenamente no Brasil, ainda mais ao analisar que este tipo de viajante normalmente gasta 130% a mais do que aquele que busca outros atrativos e interesses.
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