Turismo

Viagem com trabalho voluntário pode ajudar a economizar até 63%

Guilherme Grandi
17/07/2018 07:00
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A universitária Isabela Rossato passou seis semanas dando aula de inglês em uma escola do norte do Peru. Foto: Isabela Rossato/acervo pessoal.

Uma nova forma de viajar está chamando a atenção de quem quer conhecer o mundo sem gastar muito. É o chamado ‘turismo de propósito’, uma espécie de intercâmbio que leva jovens brasileiros para ajudar em projetos sociais e, de quebra, aprender sobre novas culturas e povos.
Este tipo de turismo já existe há mais de meio século, mas vem ganhando destaque nos últimos anos principalmente por conta da globalização e do fácil acesso às informações de ONGs e programas. A experiência mistura viagem e voluntariado, e pode custar até 63% menos do que um intercâmbio comum.
De acordo com a Gabriela Toso, diretora de relações públicas da Aiesec – uma das organizações que promovem este tipo de experiência –, as pessoas viajam dessa forma para ajudar em projetos sociais ao redor do mundo. “O turismo é apenas um ‘extra’, um bônus por uma causa muito maior”, explica.
O objetivo é fazer com que os candidatos a viajantes com propósito tenham um crescimento próprio em “quatro competências essenciais na formação de um líder”. Gabriela conta que o programa atribui aos intercambistas mais experiência, responsabilidade e autoconhecimento.

Crescimento interior

Além de ajudar outras pessoas, viajar com propósito permite conhecer novas culturas. Foto: Isabela Rossato/acervo pessoal.
Além de ajudar outras pessoas, viajar com propósito permite conhecer novas culturas. Foto: Isabela Rossato/acervo pessoal.
A universitária curitibana Isabela Rossato, de 22 anos, passou seis meses no norte do Peru dando aulas de inglês para crianças de uma escola pública. Ela já trabalhava como voluntária na ONG, mas nunca tinha viajado sozinha.
“Eu queria sair da minha zona de conforto, longe o suficiente para que me sentisse realmente fora em um lugar totalmente diferente”, conta a jovem ao relatar a experiência no Peru.
Isabela conta que viajar com propósito não é a mesma coisa que simplesmente conhecer um lugar novo. “Tem um significado muito mais especial, estar imerso dentro de uma nova cultura, conhecer novas pessoas, e sentir que você está fazendo algo que beneficia alguém”, completa.

Como participar

Há diversas opções de programas de voluntariado aliados ao turismo, como educação e saúde. Foto: Aiesec/reprodução.
Há diversas opções de programas de voluntariado aliados ao turismo, como educação e saúde. Foto: Aiesec/reprodução.
No caso da Aiesec, os programas de viagens com propósito são voltados a jovens acima de 18 anos das mais diferentes profissões. Não é preciso ter nenhuma experiência específica, já que o objetivo é fazer com que o candidato aprenda coisas novas.
Há opções de voluntariado de seis a oito semanas com passagens aéreas, hospedagem, serviço de assistência ao visto (se necessário) e suporte no país escolhido inclusos no pacote, e uma taxa de administração de R$ 1,5 mil. Mas antes é preciso se inscrever no site e passar por uma seleção da organização do local pretendido.
A ONG atua em 127 países e trabalha também com experiências de trabalho remunerado no exterior e de empreendedor global, onde o jovem pode estagiar em uma das startups parceiras do projeto.

Metas universais

Há ainda programas voltados para a preservação do meio ambiente. Foto: Unsplash.
Há ainda programas voltados para a preservação do meio ambiente. Foto: Unsplash.
Os programas de viagens internacionais com trabalho voluntário giram em torno dos 17 objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento sustentável do mundo até 2030. Gabriela Toso conta que os brasileiros se interessam muito por projetos voltados à educação e ensino da cultura brasileira às crianças, principalmente na Colômbia, Peru, México e Argentina.
Só no ano passado, cerca de três mil intercambistas chegaram ou saíram do Brasil através da Aiesec. “Dos que vem do exterior para atuar em projetos no país, a grande maioria é de latinos, mas já tivemos também muitos italianos e egípcios”, completa.
Outras organizações que promovem ações semelhantes são a Teto, uma organização chilena presente em 19 países e que busca construir lares para pessoas que vivem em situação de precariedade; a Iko Poran, uma ONG carioca que promove o desenvolvimento de projetos sociais em comunidades carentes, entre outras.
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