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Os 50 anos do assassinato de Mário Kozel Filho pela Vanguarda Popular Revolucionária
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Apenas 6 meses após o início do serviço militar obrigatório, Kuka seria assassinato em um atentado terrorista com um carro-bomba no Quartel General do II Exército, vítima de uma explosão de 50 quilos de dinamite que o matou instantaneamente.

Mário Kozel Filho era estudante e trabalhava com o pai, gerente da Fiação Campo Belo, quando se alistou no 4º Regimento de Infantaria Raposo Tavares em Osasco em 15 de janeiro de 1968, recebendo o número 1803 de soldado da 5ª Companhia de Fuzileiros do Segundo Batalhão, 4º Regimento de Infantaria, Regimento Raposo Tavares.

Na madrugada de 26 de junho de 1968, dia em que a Passeata dos Cem Mil ocupou as ruas do Rio de Janeiro contra a Ditadura Militar, em plena efervescência da divergência entre o governo e o povo brasileiro, o soldado cumpria seu dever justamente quando a Vanguarda Popular Revolucionária, VPR, havia organizado um atentado a bomba no quartel que ele vigiava.

Às 4h30 da manhã, um comboio composto por uma caminhonete carregada com 50 quilos de explosivos escoltada por 3 fuscas se aproximou do Quartel General do II Exército. Um sentinela alvejou a caminhonete, que tentava entrar no local pela avenida Marechal Estênio Albuquerque Lima, a entrada dos fundos. O veículo perdeu a direção, bateu em um poste e o motorista saltou do veículo em movimento, fugiu correndo.

Mário Kozel Filho saiu de seu posto e foi em direção ao veículo com a intenção de socorrer algum provável ferido. Quando se aproximou, ocorreu a explosão que atingiu um raio de 300 metros. Morreu na hora. Ficaram gravemente feridos o coronel Eldes de Souza Guedes e os soldados João Fernandes de Sousa, Luiz Roberto Juliano, Edson Roberto Rufino, Henrique Chaicowski e Ricardo Charbeau.

Mário Kozel Filho foi sepultado com honras militares no cemitério do Araçá, em São Paulo e, no dia 15 de julho de 1968, promovido pós-morte ao grau de 3º sargento. Não há dúvidas de que a honra a quem morreu no cumprimento do dever é bem vinda, mas será que aplaca a dor de Therezinha e Mário, que só tinham um menino de 19 anos prestando o serviço militar obrigatório durante uma das épocas mais turbulentas da política nacional?

A família só foi indenizada no ano de 2003, por meio da Lei Federal 10724, mas não fez jus às altas somas que fizeram manchetes na época: o valor estipulado foi uma pensão mensal de R$ 300,00. Em 2005, o valor foi aumentado para pouco mais de R$1100,00. São valores financeiros destinados a tentar compensar perdas de jovens que poderiam ser valiosos para a construção de um Brasil melhor.

O que mais choca neste caso é a banalidade da morte de Mário Kozel Filho, revelada no livro “Mulheres que Foram à Luta Armada”, de Luiz Maklouf Carvalho.

Nele, Renata Ferraz, a “terrorista loura”, apelido recebido em virtude da peruca que usava nos anos 60 como disface, revelou a motivação banal do atentado: uma resposta à provocação do general Manoel Rodrigues Carvalho de Lisboa, então comandande do 2º Exército.

Dias antes do atentado, os guerrilheiros haviam assaltado um hospital militar em São Paulo e o comandante reagiu:

Não houve heroísmo por parte do inimigo em entrar num hospital e roubar minhas armas. Agora, desafio que façam isso em meus quartéis. – provocou o general.

Mais de 30 anos depois, ao dar entrevista ao jornalista para o livro, Renata Ferraz fez a autocrítica pelo atentado terrorista:

Depois, a gente se autocriticou por ter feito isso, que não serviu para nada. A não ser matar o rapazinho.

Esta noite faz 50 anos que uma política desfuncional, norteada por violência e troca de bravatas ceifou a vida de um jovem que estava apenas cumprindo seu dever. Que saibamos honrar os que tombaram e sejamos mais responsáveis com a juventude que pretende apenas construir um país melhor.

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