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Anderson Godz

Desde 2016 Anderson Godz é investidor, conselheiro de administração e advisor para nova economia, projetos e governança corporativa. Autor de livro, criou uma comunidade de governança com mais de 12 mil pessoas. É conselheiro da Gazeta do Povo.

Retrospectiva

2020: O ano dos negócios velozes. E corretos!

27/12/2019 14:14
O ano de 2019 trouxe razões para questionarmos alguns dos novos modelos de negócio. Mas perder o encanto pode cegar. Então, aproveitando o momento do ano, proponho trazer à luz alguns bons exemplos.
Para surfar esse
otimismo vale recorrer a um episódio recente em São Francisco: Um encontro com um executivo brasileiro de uma das
maiores empresas do “novo petróleo” mundial. Previsto
para durar 60 minutos, ultrapassou duas horas
em um papo de alto nível que tratou, entre outros
assuntos, do uso dos dados de usuários. Em dado momento ele reconheceu
que algo “pode ser ruim”. Mas imediatamente
abriu um enorme campo para a dúvida-preço-da-pureza:
“mas também pode ser bom!”. É esse viés que gostaria de explorar aqui: a
tecnologia e as empresas velozes tem feito entregas importantes. E boas. Quer ver?
Podemos começar por
um exemplo clássico, como a última versão do Apple Watch, que além de monitorar
batimentos cardíacos, já está conectada ao serviço de emergência nos EUA, fazendo com que você possa ser socorrido
antes mesmo de um incidente cardíaco. No outro
extremo do ambiente americano surgem sinais (e
animais) diferentes: o movimento Zebras Unite é um deles. Trata-se de um
grupo que pede negócios mais éticos e menos agressivos, tanto que seu mote é
“as zebras consertam o que os unicórnios quebram” — para eles é urgente a
construção de um modelo que se oponha ao vigente, pautado por maior
sustentabilidade e menor ânsia de crescimento a qualquer custo.
Mas por aqui temos
outra realidade. E como 2019 foi um ano incrível para o ecossistema de inovação
brasileiro vamos a alguns dos nossos bons exemplos (e são vários!).
No setor da
educação, a “Dentro da História” é uma plataforma de aprendizado contínuo através
de conteúdo personalizado; nela as crianças podem criar seu próprio avatar e
recebem todo mês um livro customizado onde ela é a personagem principal em
histórias que ajudam no seu desenvolvimento socioemocional e de habilidades
para a vida (soft skills). Mais de 350 mil famílias já foram impactadas e mais
de meio milhão de livros já foram vendidos.
Já a A55 é focada
em sanar a dor enfrentada pelos empreendedores ao tentar obter crédito no
mercado tradicional. Com um modelo de income-backed lending, inovador no Brasil
e expandido este ano para o México, empresas de serviço que não têm ativos
físicos para dar em garantia, e muitas vezes queimam caixa para viabilizar o
crescimento de seus negócios, conseguem obter crédito utilizando a própria
receita futura da empresa como forma de garantia. Dessa forma a A55 já
financiou mais de 40 empresas em um total aproximado de R$ 100 milhões e
pretende quadruplicar o número de beneficiados até 2020.
Com uma linha de
ação similar, a Atta é uma plataforma criada para resolver gargalos do mercado
imobiliário. Em um país com questões urgentes de acesso a moradia, a startup
está atuando para democratizar o acesso à compra de imóveis. Por meio da
tecnologia, já viabilizou mais de R$1 bilhão em financiamentos e mais de 3 mil
contratos apenas nos dois últimos anos.
Entre as startups
de impacto, a Conecta Incentivos se destaca por ajudar empresas que pagam
muitos tributos a direcionarem melhor seus impostos, por meio de leis de
incentivo, para fazer o bem, apoiando cultura, esporte e assistência social com
crianças e idosos. Para 2020 já são cerca de 30 projetos alinhados em
diferentes áreas.
Outra iniciativa
interessante é o Delivery Reverso, uma parceria entre a agência Grey e a ONG
Banco de Alimentos. O serviço permite que os clientes façam o “caminho inverso”
dos serviços tradicionais: ao invés de somente receber a comida pedida, eles
podem também doar alimentos para a campanha. O app permite que, ao pedir por
uma entrega de um dos restaurantes parceiros da iniciativa, exista a
possibilidade de doar alimentos para a ONG com a mesma facilidade do delivery;
os entregadores buscam os alimentos na casa do cliente e entregam para quem
precisa.
Neste mesmo escopo,
outros destaques são as empresas que estão se certificando no chamado “Sistema
B” - aquelas que se comprometem de forma pessoal, institucional e legal a tomar
decisões considerando as consequências de suas ações na comunidade e no meio
ambiente, adotando ações de empreendedorismo de impacto, que vão desde a
implantação de melhores práticas de diversidade a sustentabilidade e governança
na empresa. Algumas delas são a Mãe Terra, que oferece produtos alimentícios
orgânicos e sustentáveis, e a RentCars, que visa democratizar o aluguel de
carros e já opera em mais de 160 países.
Já no segmento do
meio ambiente, vale citar a COMPOSTA+, startup que realiza a coleta e a
compostagem de resíduos orgânicos e, desta forma, reduz impactos sociais e
ambientais causados pela atual destinação dos mesmos em aterros. Desde novembro
de 2018 a startup já compostou mais de 300 toneladas em seu pátio - onde os
resíduos são reciclados e transformados em adubo fertilizante orgânico. Até o
momento, a iniciativa já evitou que mais de 165 toneladas de gás metano
(principal gás do efeito estufa) fossem emitidos para a atmosfera. Contribuindo
muito para o nosso planeta!
E isso que ainda
sequer falamos de Sociedade 5.0, conceito nascido no Japão que prega que,
pós-Indústria 4.0, tecnologias como big data, inteligência artificial e
internet das coisas (IoT) devem ser usadas para criar soluções com foco nas
necessidades humanas. Aqui, por exemplo, temos a MetaMaker que procura ensinar
robótica de forma acessível para auxiliar crianças e jovens a se expressarem
como cientistas e inventores. Na mesma linha, a Parças é uma startup que
procura implementar a Justiça Restaurativa e foca em ensinar programação para
ex-presidiários e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas e
egressos das medidas de internação e semiliberdade. Já a LegalBot possui um sistema
de gestão do fluxo de normativos que busca controle do risco regulatório e
democratização do acesso à inteligência regulatória.
Esses são só alguns
exemplos e já empolgam, não é mesmo? A tecnologia e os novos modelos de negócio
não são diferentes de todas as camadas da sociedade: existem coisas boas e
ruins, e cada novo elemento que surge é, por natureza, imperfeito e incompleto
- seja ele um ser humano ou uma startup. O mais
bacana é que ambos podem, sim, ser bons! Que assim seja em 2020!
PS.: conhece outros
exemplos? Deixe aqui nos comentários. Eles poderão participar do Prêmio
“Negócios Velozes e Corretos” - em breve divulgaremos maiores informações neste
mesmo espaço.

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