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Largo da Ordem. Curitiba, 22/03/2020. Foto: Hully Paiva/SMCS
Curitiba vazia durante o ápice do isolamento social por causa do coronavírus.| Foto: Hully Paiva/SMCS

Nos últimos quatro meses, quem vem mandando no Brasil e em você? Pelo que se sente, são os governadores, os prefeitos, os juízes, os promotores. O Supremo tirou poderes do chefe do governo. E o povo, de onde emana todo poder, está a obedecer infindáveis ordens e contraordens, supostamente para proteger vidas.

Primeiro, usaram as covas abertas e os caixões ainda vazios para nos intimidar - quer dizer, nos ameaçaram com a morte. Aí, nos enxotaram das praças, das praias, dos bares e restaurantes, fecharam nossas empresas e empregos e nos condenaram à prisão domiciliar.

Tem sido um período de agressão às liberdades básicas: direito de ir e vir, direito ao trabalho, liberdade de opinião, de expressão, direito à privacidade. Tivemos buscas e apreensões e prisões por crimes de opinião; até a Lei de Segurança Nacional   foi retirada do baú, com participação, ironicamente, da Corte encarregada de interpretar a Constituição.

Decretos municipais tiveram poder de algemar pessoas que estavam na praça, na praia e até em sua própria loja. O Senado, por sua vez, apressou-se em aprovar uma lei de censura ao meio que democratizou a informação. Em suma, o Estado, todo-poderoso, aproveitou-se da pandemia para proteger-se da cidadania.

O que assusta em tudo isso é constatar que havia em corações e mentes, latente, o germe do totalitarismo. Quando o organismo nacional se desviou para reagir a um vírus, o totalitarismo aproveitou-se para germinar - sem reação de grande parte meios tradicionais de informação.

Sob o manto escuro do medo do vírus, as agressões às liberdades foram se perpetrando. O que move seus agentes? O medo das novas ferramentas digitais; medo de serem ultrapassados; medo da fiscalização e julgamento da nova opinião pública, que tem a rapidez da comunicação digital.

Enfraquecer a economia, fechando o comércio, os serviços, as fábricas, pode debilitar os balanços e os empregos. Mas não pode debilitar a cidadania, a liberdade, os direitos constitucionais.

Fraccionaram a nacionalidade nesses últimos anos, importando modismos estrangeiros; nos dividiram para nos enfraquecer. E viram agora, nesta pandemia, a oportunidade para ir mais rápido, nos acostumar sem liberdades.

Já passam quatro meses de privações, mas esquecem que o brasileiro, quando cai, sempre “levanta, sacode a poeira e dá volta por cima”.

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