Lula está num impasse muito grande, num beco sem saída. Ele desagradou 11 vizinhos do continente quando não assinou a carta que condena a fraude eleitoral na Venezuela. Desagradou a ONU, a União Europeia e a Organização dos Estados Americanos quando não acompanhou as decisões deles para lembrar Nicolás Maduro que ele tem de ir embora, pois perdeu a eleição. E desagradou também o próprio Maduro, que já respondeu àquela história de que Lula disse ter se arrependido de afirmar que foi tudo normal na eleição, que se a oposição não gostou, que recorresse à Justiça, de sugerir fazer uma nova eleição. A ideia desagradou Maduro e a oposição. Depois, Lula chamou a Venezuela de “regime desagradável”. O presidente está notando que está no caminho errado.
E Daniel Ortega não poupou críticas a Lula. O nicaraguense lembrou Lula de que ele foi condenado na Lava Jato, e disse que ele agora quer bajular os Estados Unidos. Tratou Lula como se fosse um traidor da causa do Foro de São Paulo. Então, Lula vai sair dessa de que jeito? Insistindo, ele e Gustavo Petro, da Colômbia, em mostrar as atas ou fazer nova eleição? Como assim? Vão fazer novas eleições, quinta, sexta, sétima eleição até que Maduro ganhe? Não sei se foi Celso Amorim, eu acho que foi coisa do próprio Lula, que tentou empurrar Maduro goela abaixo dos outros presidentes, ninguém aceitou.
Não vou revelar a fonte; quem me contou foi uma pessoa que estava em uma reunião, na Casa Branca, entre Lula e George W. Bush. O norte-americano disse para o brasileiro: “vou invadir o Iraque, você não se meta; e eu não me meto na Venezuela, mas você que administre o Chávez”. E eu lembro que um dia perguntei a José Dirceu como era administrar Hugo Chávez, e ele me respondeu que era como administrar um desequilibrado – na verdade, ele usou outra palavra. Enfim, Lula estava tentando administrar Maduro, mas não tem como sair dessa. Ficou péssimo para a política externa brasileira, para o Itamaraty, para o Brasil e, pior ainda, para Lula.
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Gabriel Galípolo será o próximo presidente do Banco Central
O presidente indicou Gabriel Galípolo, que foi secretário-executivo do Ministério da Fazenda, ligado a Fernando Haddad, como novo presidente do Banco Central. Ele era sócio de Luiz Gonzaga Belluzzo e todos achavam que seria o “homem do Lula”, mas não sei. Foi indicado para substituir Roberto Campos Neto, cujo mandato termina em 31 de dezembro.
O Banco Central é autônomo, independente. Seu presidente é indicado pelo presidente da República; o escolhido é submetido a sabatina na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e o nome vai ao plenário do Senado. Ele tem mandato de quatro anos, que não coincide com o mandato do presidente da República; portanto, pega dois anos de um presidente e dois anos de outro. Foi o caso de Roberto Campos Neto e será o caso de Galípolo.
Celso Ming, veterano da análise econômica, diz que Galípolo “é o novo bode expiatório de Lula”. Inflação subindo, contas públicas não batendo despesa com receita, e aí a culpa será do Galípolo. Ele vai dar um tempinho para não falar, mas depois vai ter de se manifestar. É economista, foi sócio do Banco Fator, se formou em Economia na PUC-SP, tem um nome a zelar. Mas, se Galípolo quiser politizar o Banco Central, vai ser inútil a autonomia do BC, que é o guardião da moeda e do crédito, assim como o Supremo seria o guardião da Constituição – pelo menos é o que está escrito na Constituição. Mas tudo depende das pessoas que estão lá.
Jornais estão finalmente acordando para o que Alexandre de Moraes está fazendo
Vocês têm observado os editoriais, ou seja, a opinião da Folha de S.Paulo e de O Estado de S.Paulo, em relação a Alexandre de Moraes? Uau! Mudanças. Parece que finalmente uma parte da mídia tradicional está acordando para o fato de que estamos perdendo a Constituição, as liberdades, garantias estabelecidas desde 1215, quando impuseram ao João Sem Terra a Magna Carta, na Inglaterra. Se a Constituição não for respeitada, o direito de cada um não será respeitado, como não tem sido, bem temos visto.
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