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Análise

Bruno Guimarães ou Kléberson? Quem foi melhor no Athletico? Uma polêmica vazia totalmente necessária

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André Pugliesi
20/11/2019 14:37 - Atualizado: 29/09/2023 23:17
Bruno Guimarães ou Kléberson? Quem foi melhor no Athletico? Uma polêmica vazia totalmente necessária
| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

O que seria do futebol sem as polêmicas vazias? Que graça teria sem os debates completamente descabidos? O que seria de nós sem a chance de formar listas de melhores de todos os tempos que misturam épocas totalmente distintas?

Nada. Não seríamos nada. Absolutamente nada.

Assim, lanço aqui nova altercação para aproveitar, ao que parece, a despedida de Bruno Guimarães do Athletico. Mais ou menos como Renan Lodi, o volante fez duas temporadas no Brasil e já está de malas prontas para a Europa. Quem viu, viu.

Vejo atleticanos alçando Guimarães ao posto de maior jogador da história do Furacão. Portanto, antes de qualquer coisa, peço: torcedores, calma! Percebo alguma empolgação na análise, típica dos jovens, para quem o tempo em que vive é sempre o mais importante desde a partida dos dinossauros. Entendo, também já fui assim.

Agora, para quem já viu um pouco mais, ou mesmo ouviu, com alguma atenção, os relatos e lorotas de quem já viu muito mais, sabe que há controvérsias até mesmo se Guimarães foi o melhor na posição. Especialmente, porque o jaqueta 39 tem concorrente, na mesma faixa de campo, praticamente imbatível: Kléberson.

O popularmente chamado Xaropinho também foi um segundo volante, ou misto de volante com meia, como queiram, de trato refinado, estupenda visão periférica e que, para usar o chato jargão dos filhos de Moneyball, que sabia "pisar na área". Não raro, igualmente metia seus golzinhos.

Claro, há diferenças notáveis no jogo-jogado de ambos. O paranaense era mais dinâmico, multifunções, o "motorzinho", como os antigos já diziam. O carioca é mais cerebral, atua no "ritmo do Canal 100", como alguém certa vez disse para criticar outro jogador e eu considerei um tremendo elogio.

E se os dois são considerados excelentes jogadores, ao ponto de uma preferência ser mais uma questão de gosto, é preciso comparar os feitos com a camisa rubro-negra. Há jogadores históricos mesmo sem títulos, mas levantar canecos é, sempre, um diferencial.

Entre os feitos mais notáveis, Kléberson foi peça-chave do primeiro título de expressão do clube: o Brasileiro de 2001. Com o 10 no costado, carimbava todas as bolas, fazia a transposição do Rio São Francisco, atravessando a bola de um lado ao outro da cancha, cobrava faltas e escanteios. Participou da conquista da Seletiva e integrou aquela equipe de Oswaldo Fumeiro Alvarez que descobriu a América em 2000.

Guimarães, por sua vez, foi campeão da Copa Sul-Americana em 2018 e decisivo no levante da Copa do Brasil em 2019. Meteu um gol de fianco na final com o Inter, no Joaquim Américo, única manobra possível para acertar aquela bola, que está entre os top 10 da história do Furacão. Jogou, e bem, Libertadores e Brasileiro.

Aparentemente, há vantagem para Guimarães. Mas as aparências enganam e, nem sempre, dois títulos são maiores do que um. O craque carioca integrou um Athletico consolidado, pronto para conquistas. Kléberson defendeu o Atlético, sem H, um clube forasteiro ainda em busca de um grande golpe.

E se Kléberson foi o primeiro brasileiro a vestir a camisa do Manchester United, e Bruno Guimarães logo envergará o manto de outra potência europeia, o Atlético de Madri, o paranaense tem em sua galeria particular algo que o carioca sonha todas as noites: uma medalha de campeão do mundo com a seleção brasileira, em 2002, na Copa da Coreia do Sul e do Japão.

Convocado diretamente do Furacão, após um churrasco no CT do Caju em que os matreiros Antônio Lopes e Geninho enfiaram na cabeça de Felipão que o atleticano poderia ser a solução para todos os problemas do escrete canarinho. E não é que foi? Foi com a entrada do volante que o time dos Ronaldos e Rivaldo achou o ajuste tático necessário para buscar o penta.

Chamado para as seleções de base, Guimarães tem potencial para empreender carreira no time nacional, tal qual o parceiro Lodi e, no futuro, igualar Kléberson. Nos resta, então, aguardar e, daqui a 10 anos, retomarmos a mesma polêmica vazia. Para, possivelmente, da mesma forma, chegarmos a resultado nenhum.

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