Assis e a vitória de 1983
O ex-jogador Assis fez o gol da última vitória do Atlético contra o São Paulo no estado vizinho. Foi em 1983, um jogo marcante para os rubro-negros – e também para o antigo camisa 10 da Baixada. Ele falou com o repórter Robson Martins, da Gazeta do Povo, sobre as lembranças daquele jogo de 27 anos atrás, duelo que valeu a vaga para a semifinal do Brasileiro ao Atlético. Vale pelo saudosismo!
A última fez que o Atlético venceu o São Paulo como visitante foi com um gol seu, em 1983. Você lembra desta partida?
Lembro bem. Um jogo marcante, difícil de esquecer. No primeiro jogo, no Couto Pereira, nós ganhamos de 2 a 0. O São Paulo era tido como franco favorito e conseguimos levar a vantagem para lá, jogando pelo empate. O Atlético na época ele não sabia jogar pelo empate, jogar na retranca, jogar com o regulamento no bolso porque o empate era bom para nós. Mas o Atlético era um time muito ofensivo. Atacava com quatro, cinco jogadores e jogadores de boas finalizações.
Eu, Washington, Nivaldo, aquele jogo jogou o Déti, se não me engano, e Lino, o Capitão, que descia bem. Eu e o Washington na frente. A gente descia quase com quatro atacantes, com o Nivaldo chegando um pouquinho mais de trás. Mas era mortal nosso contra-ataque. Foi o que aconteceu, nós saímos para o jogo, não ficamos esperando o São Paulo, nós fomos para o jogo. Foi aí que nós surpreendemos o São Paulo, o jogo foi franco, aberto. Em uma felicidade nossa, em uma falta cobrada pelo Sóter, no lado direito, eu antecipei a zaga do São Paulo, que se eu não me engano era o Dario Pereira. E toquei com o pé esquerdo, com o lado de fora do pé, encobrindo o Valdir Peres, no segundo tempo, se não me engano aos 28 minutos.
O que mudou daquela época para hoje?
Mudou tudo. Principalmente o que a gente ganhava na época do que os caras ganham hoje. Os que caras ganham em um mês, nós ganhávamos no ano.
Você jogou no São Paulo também?
Fui bicampeão paulista pelo São Paulo, em 80 e 81.Eles ficaram chateados aquele dia [da vitória atleticana] porque eu era tido no São Paulo como um talismã porque eu não era titular. O São Paulo tinha uma linha muito forte, Zé Sérgio, Renato e Serginho, que eram seleção, e eu jogava nestas posições. Eu tinha que esperar a vez, mas os caras não machucavam, não eram expulsos. Eu entrava de vez em quando. Eu fui bicampeão paulista entrando em todas as partidas e fui vice-campeão brasileiro, após a derrota para o Grêmio no Morumbi por 1 a 0, em 81, gol do Baltazar.
Destino, de repente estava marcado. Eu saí do São Paulo, fui trocado pelo Mario Sérgio Pontes de Paiva no Internacional. Fui campeão gaúcho em 81 e 82 houve a transferência na transação da nossa vinda pelo Atlético. Eu e Washington fomos trocados pelo Augusto. E o Atlético ainda recebeu um dinheiro. Nós tivemos aquela boa fase no Atlético, campeão paranaense, 82, 83 e ficamos em terceiro no Brasileiro de 83, naquela boa campanha que nós fizemos. Neste jogo contra o São Paulo que nós despontamos para o futebol brasileiro que o Fluminense nos contratou.
Para quem você vai torcer hoje?
Tabu existe para ser quebrado. Eu estou trabalhando no Fluminense hoje. Eu tenho um carinho muito grande pelos dois, tive passagens boas pelo Atlético e pelo São Paulo, fui campeão nos dois, tenho muitos amigos. Mas logicamente que eu torço mais pelo Atlético por eu morar em Curitiba também. Eu torço para que o Atlético consiga quebrar este tabu e sair com uma vitória boa.
Está na história já do Atlético, ninguém mais apaga. Se o Atlético ganhar, para mim não tem nenhum problema de ter sido a última vez que o Atlético ganhou fora do São Paulo, com gol meu. Não tem problema. Eu acho que eu vou ser lembrado pelo Atlético sempre, pelo tempo que eu passei no Atlético, pelas conquistas, pela amizade que tenho aí, pelo carinho que ue tenho pelo clube. O mais importante é isso.
