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Da Suburbana para o mundo

Por
Redação
25/06/2007 19:51 - Atualizado: 27/09/2023 16:27

Do Ahú para o México, de Santa Felicidade para a Itália, da Vila Fanny para Portugal. Da Suburbana… para o mundo! Passar por Atlético, Coritiba e Paraná, que nada. Hoje em dia, em se tratando de negociações de jogadores, o campeonato amador de Curitiba segue a tendência do futebol profissional no Brasil e, cada vez mais, vê seus jovens buscando o sonho europeu.

Entre os clubes, o assédio de empresários interessados nas possíveis revelações e a vontade da molecada em arrumar a vida divide opiniões. Enquanto alguns cavam trincheiras para se defender dos “piratas da bola”, outros até incentivam ou admitem a exportação. Mas, como naquela propaganda antiga de cigarro, “com alguma coisa em comum”: o fenômeno recente deixa o campeonato mais atrativo e não há como conter as investidas dos agentes.

No Capão Raso e no Vila Hauer empresário não é bem vindo. “Não sei nem o nome desse demônio, só sei que fala português. Quando é de fora fala tudo enrolado”, revela Emílio de Farias, diretor do Pantera do Bairro, sobre ligações que recebeu de um homem misterioso. Contra-ataque de quem teve no ano passado oito atletas do juvenil capturados. Já no Esquadrão de Aço, o treinador Juarez Mocellin teve que intervir no início do ano e barrar o sonho da moçada.

Situação comum que levou o União Ahú a entrar com uma ação no Tribunal de Justiça Desportiva (TJD). Segundo o presidente Roberto Zapechouka, Caio Murilo (conhecido como Magrão) sumiu na calada da noite e foi aparecer no Real Brasil, que disputa a Divisão de Acesso do Campeonato Paranaense. “O Magrão está registrado no União Ahú, e tentaram levar ele para o México”, conta. Dirigentes do Real Brasil foram procurados pela reportagem, mas não atenderam as ligações.

O registro no início do ano na Federação Paranaense de Futebol (espécie de inscrição para as competições) é uma forma dos clubes evitarem o êxodo – dessa forma, só com uma liberação para poder atuar por outro time. No entanto, carentes como seus próprios atletas, as equipes acabam cedendo até em troca de algumas bolas e jogo de camisa. O empresário faz o agrado e leva o jogador.

Diante do forte apelo da chance de encher o bolso de euros ou dólares o Vila Fanny liberou domingo à noite Alan e Ceará, da sua equipe de juniores, para tentar a sorte em Portugal. “No fundo, eu torço para o menino tomar o rumo. É uma chance de salvá-lo”, comenta Eliseu Siebert, presidente do Fanny.

Betinho, 19 anos, centroavante do Iguaçu, é a bola da vez. O jogador nega, mas seu destino seria o México. Ele, claro, sonha alto com uma transferência. “Seria muito bom, mas não tem nada certo”, disse. O certo pode vir em breve, através de um auxílio de Cassiano Xavier, representante da Zagallo Sports (empresa de propriedade do filho do ex-técnico Mário Jorge Lobo Zagallo). Da equipe de Santa Felicidade, Peterson também pode partir para o Velho Mundo.

“A Suburbana é um grande celeiro, pois os clubes profissionais todos estão segurando seus garotos”, avalia Xavier. Não é a mesma opinião de Ivo Petry, técnico do Combate Barreirinha e especialista em Suburbana. “Os atletas carecem de melhor preparação técnica, treinamentos mais fortes, e devem passar por times profissionais antes de seguir para fora do país”.
André Pugliesi

Boas e péssimas experiências
De olho nas jovens revelações do futebol amador, o mercado estrangeiro já negocia há algum tempo com atletas mais experientes da Suburbana. O caso mais famoso é do atual camisa 10 do Vila Hauer, Neguinho Gullit. Infelizmente, transação que se tornou notória pela “barra” que o jogador passou no exterior. Vanderlei da Silva Martins ganhou como uma homenagem ao ex-craque holandês Ruud Gullit, de quem emprestava o visual invocado – cabelo com trancinhas e bigode respeitável – e uma boa dose de categoria no manejo da pelota.
Assim, chamou atenção atuando pelo Vila Fanny, em 1996, e seduzido por um empresário foi parar na Polônia. Na mala, nenhuma roupa de frio. Chegando ao destino: temperatura de menos 25 ºC. Vários testes depois achou uma equipe na Terceira Divisão. “Foi bom apenas como experiência de vida”, revela Neguinho, que viajou sonhando com segurança financeira e voltou com R$ 2 mil.

Por outro lado, o Trieste vem ganhando força como clube atuando também de olho no futebol internacional. O clube de Santa Felicidade, através da parceria com a Stival Alimentos, firmou um intercâmbio com dois clubes italianos, a Udinese e o Triestina. Manda os candidatos a craque para a terra de seus antepassados e, sendo aprovados, os meninos acertam contratos de experiência de até um ano. “É um formato que vem dando certo, com acompanhamento do atleta etc. O Trieste prepara e acompanha o jogador o tempo todo”, aponta o presidente Sérgio Caporasso. (AP)

Sub-20 vira grande negócio
O Paranaense de juniores, com início marcado para agosto, tornou-seum verdadeiro garimpo. São 29 clubes inscritos na disputa, mas apenas 18 têm compromisso com o futebol profissional – os demais são clubes de empresários.

Ao olhar nomes como Andraus e Olimpo, o torcedor não imagina grande coisa à primeira vista. Mas os times que têm como objetivo declarado a formação e a negociação de jogadores deixam até mesmo clubes grandes no chinelo no quesito estrutura.

O Andraus, da mesma empresa que administra a linha do Ferry Boat entre Caiobá e Guaratuba, é um exemplo emblemático. Tem um CT com alojamento para 35 pessoas, com vestiários para equipes visitantes e arquibancadas pra 600 pessoas, na BR 277, em Campo Largo.Utiliza três campos de treinamento e está construindo mais dois. Os jogadores que lá treinam, ainda têm uma área de lazer, com tanque e churrasqueira.

E mais: o clube tem licença profissional, mas por enquanto, só pretende ficar na base. “Tem licença, mas não disputamos ainda. A gente está tentando formar uma base boa, mas no futuro temos intenção”, conta o presidente Ricardo de Souza.

Na linha do Andraus está o Olimpo, fundado em fevereiro deste ano. A idéia é negociar jogadores, mas a diferença fundamental é que o time que tem sede no Umbará e manda jogos em São José dos Pinhais, não tem licença profissional. “Não queremos fazer nada de afogadilho”, conta o presidente da equipe, Rodrigo Faucz.

A maioria dos atletas do Olimpo é descoberta em Curitiba mesmo. O clube realiza peneiras constantes. Os estados vizinhos, São Paulo e Santa Catarina, também são pesquisados. “Se um jogador é indicado, passa por avaliação e exames antes de ficar”, diz o coordenador técnico da equipe, Eduardo Destri.

O Olimpo tem empresários que negociam os atletas na Itália e uma equipe que prepara DVDs dos atletas para negociação. Por enquanto, a saída é local. O último negociado foi o atacante Fabiano, com o J. Malucelli. No Andraus, algumas revelações já apareceram em grandes clubes. O zagueiro Douglão, ex-Coritiba e hoje no Inter, e o atacante Alemão, outro ex-Coxa, ainda têm ligações com o clube.

Mas nem tudo são flores. Souza conta que é difícil manter a estrutura e conciliar o desempenho com os interesses. “É bem complicado, tem muita gente ruim no meio, o mercado é inchado, e tudo é muito caro”.

Ele ainda levantou suspeitas sobre as arbitragens da Copa Tribuna, na qual o Andraus ficou em terceiro. “Quem sabe agora, mudando o presidente da FPF, melhora alguma coisa”, disparou.

Vender jogadores para o exterior é o principal foco, mas nenhuma venda é desperdiçada. “Sempre o melhor mercado é o externo, mas estamos dentro de qualquer negociação”, diz Ricardo de Souza.
Napoleão de Almeida

Matéria sobre as exportações da Suburbana e o garimpo no campeonato Sub-20 do Paraná, originalmente publicada no caderno impresso na última sexta, dia 22. Para o blog, em versão com “bônus track”.

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