Por que jogadores ‘fakes’ dominam o Brasileirão nos videogames?
Jogar o Brasileirão ‘completo’ segue impossível nas edições mais recentes dos dois principais games de futebol do mundo, FIFA 18 e PES 2018. Ambos os jogos estão repletos de jogadores fakes, ou seja, genéricos — fato que pode transformar a experiência de disputar a elite do futebol nacional em algo muito ruim para os fãs.
Mas qual o motivo de vários times terem elencos falsos nos jogos? A resposta é simples e está ligada a processos judiciais e direitos de imagem.
Tanto a Konami, produtora de PES, quanto a Eletronics Arts (EA), que desenvolve o FIFA, foram acionadas na Justiça por jogadores que atuaram no país entre 2007 e 2014 — e que alegam não ter recebido direitos de imagem referentes ao período. Segundo o UOL Esporte, 77 atletas entraram com ações, entre eles o já aposentado Paulo Baier, o atacante Wellington Paulista (Chapecoense) e o goleiro Vanderlei (Santos).
A partir de 2014, EA e Konami adotaram mais cautela e passaram a exigir que cada clube fosse responsável por conseguir a liberação de seus jogadores. Assim, os nomes falsos dependem do sucesso — ou não — das equipes nas negociações com os atletas.
Respondendo a fãs no Twitter, o diretor global de PES, Adam Bhatti, afirmou recentemente que “no Brasil, os clubes não são donos dos direitos de imagem de seus jogadores. É preciso ter aprovação dos jogadores [para que eles apareçam no jogo]”.
“É por isso que no PES às vezes temos times brasileiros licenciados e nem todos os jogadores são reais, já que a liga não faz parte da FIFPro [Federação Internacional dos Jogadores de Futebol Profissionais]”, prosseguiu Bhatti.
Realmente, o modo de licenciamento brasileiro é diferente da maioria dos países europeus e até da Argentina, que tem todos os times e jogadores com nomes reais no videogame. Nestes casos, os direitos de imagem são pagos à FIFPro, que repassa os valores diretamente aos atletas.
Há também algumas bizarrices causadas pelo imbróglio de licenciamento. O goleiro Weverton, por exemplo, aparece ‘real’ na seleção brasileira, mas falso no Atlético Paranaense.
A razão disso é a Konami adquiriu a licença da seleção brasileira (e também do Brasileirão) e por isso tem direito a retratar todos os jogadores com a amarelinha. O Furacão, porém, provavelmente ainda não conseguiu a liberação para ter o camisa 12 no videogame.
Lançado oficialmente no último dia 12 de setembro, o PES 2018 conta com todos os 20 clubes brasileiros licenciados. Por enquanto, contudo, apenas Avaí, Palmeiras, Fluminense, São Paulo, Cruzeiro, Corinthians, Flamengo e Vasco têm elencos verdadeiros.
Claro, tudo pode mudar em atualizações e a Konami segue prometendo todo esforço para eliminar os fakes.
Com lançamento marcado para 29 de setembro, o FIFA 18 também não terá jogadores reais na maioria das equipes — Corinthians, Flamengo e Vasco são exclusivos do concorrente.
Fernando Rudnick
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