Sempre prefiro escrever sobre bola aqui neste espaço, mas às vezes alguns episódios me revoltam de tal maneira que não consigo conter meus dados. Segue um e-mail que recebi agora há pouco, sobre um episódio que está nos jornais de hoje – nas páginas policiais, não esportivas, embora haja clara relação entre ambas.
Após a partida [Atlético x Palmeiras] segui para a casa da minha namorada, que mora no Centro, para encontrá-la e seguirmos para a minha residência, que fica em Colombo. Pegamos o ônibus Santa Cândida – Capão Raso, na Estação Central, e para minha surpresa, já no Passeio Público, o veículo foi apedrejado de todos os lados. O mais assustador é que só era possível ver 3 torcedores com a camisa do Atlético dentro do ônibus e mesmo assim a confusão não parou.
Quando se aproximava da Estação Maria Clara, nas proximidades do Couto Pereira, o ônibus foi perseguido por aproximadamente 50 pessoas. Os passageiros gritavam para que o motorista não parasse no tubo, ele respeitou a ordem mas parou na estação seguinte. Os torcedores do Coritiba, cantando músicas do Comando Norte, destruíram a porta 5 e invadiram o ônibus. Nunca vi tanto desespero na minha vida! Foi uma vergonha!
Para piorar, quando chegamos no Terminal Cabral o ônibus foi cercado por 5 viaturas da polícia, como se os culpados estivessem dentro do veículo. Não consegui me conter e xinguei um policial de burro, para minha sorte ele entendeu a revolta.
Mais uma vez a história se repetiu. Mais uma vez tivemos um ônibus apedrejado naquela região e a polícia finge que tudo está normal. Será que é tão difícil prender estes bandidos ou a polícia está fazendo corpo mole? Algo precisa ser feito e espero que vocês colaborem para que as autoridades enxerguem de uma vez por todas esta barbárie.
Para você ter uma ideia, de tanta confusão que já vi, eu já consigo reconhecer quem são os bandidos. Por este motivo não consigo entender tanta letargia dos nosso policiais.
Para quem não sabe do caso, a confusão foi essa aqui.
Antes de prosseguir, um esclarecimento. O “vocês” a quem o leitor se refere somos nós, da imprensa. E o “vocês” aqui fará, sim, matéria ampla sobre o assunto, para a edição do próximo domingo, quando o número de leitores atingidos é bem maior e há maior chance de transformá-la em cobrança de providências das autoridades. Aproveito, inclusive, para pedir aos internautas que tenham protagonizado episódios como esse que mandem suas histórias para o e-mail leonardom@gazetadopovo.com.br. O sigilo, como notaram, é garantido.
Pois bem. Já estou cansado dessa situação. Todo o dia de jogo é assim, um inferno para você andar de ônibus pela cidade. Quando menos espera, gente de bem, que está apenas curtindo o fim de semana ou voltando para casa do trabalho/ estudo, entra na rota de bandos de marginais travestidos de torcedores de Coritiba, Atlético ou Paraná.
É um problema que já extrapolou o futebol e tornou-se uma dor de cabeça enorme para a cidade. Não há segurança em Curitiba em dia de jogo. Isso é fato.
Por ser fato, deveria ser combatido eficientemente pela polícia. Como o leitor escreveu, até ele, que frequenta estádios de futebol, conhece a cara de algumas dessas figuras. Como a polícia não consegue? Como essa gente volta para as ruas e arruma confusão no dia do jogo seguinte?
O comando das torcidas sempre vem com a conversa de que é contra e que não tem como controlar os comandos de bairro. Dizer que é contra é obrigação, amigo. Só faltava presidente de organizada vir a público incitar a violência. E não ter como controlar os comandos de bairro é prova de incompetência, mas acima de tudo má vontade. Pois aposto que se um desses marginais, sei lá, roubar um copo de chope da sede ele será identificado e punido num estalar de dedos. Basta querer. Ou haver um rigor tão acentuado dos Ministério Público e da polícia que faça essa gente se coçar. Muita pressão? Se não aguenta, entrega o cargo e vai fazer outra coisa na vida.
