Quando Ricardinho foi contratado como técnico do Paraná, em meados de janeiro, o cenário era sombrio — talvez até pior do que isso. Não havia time, não havia calendário, não havia planejamento, não havia nem sequer a certeza de que ele daria conta. Hoje, seis meses depois da surpreendente transição do ex-jogador para a prancheta, é possível dizer sem medo de errar: foi o maior acerto do ano no futebol paranaense. Sem exagero.
O comandante paranista faz um trabalho coeso, digno do sangue novo que se espera dos “professores”. Sem aquele papo-furado de dar desculpa para tudo, vai driblando os desvios na Vila Capanema. Ele administra os problemas — que ainda são muitos — com o time correndo em campo. Seu grupo é barato e (ainda) uma zebra para o acesso, mas a sua aliança com o clube faz o torcedor acreditar — e com toda razão. Em 31 jogos no ano, contabiliza 20 vitórias e apenas 4 derrotas, com 72% de aproveitamento.
Pela Série Prata regional, por exemplo, o ídolo tricolor construiu uma campanha impecável. Com sobras, mostrou que o Paraná estava deslocado no segundo escalão estadual. Um golaço — digno da sua calibrada canhota — para elevar a estima da torcida paranista. Ao começar o trabalho, poucos imaginavam que o time da Vila Capanema seria tão poderoso na cascuda segundinha. Como motivar os atletas? Qual a logística para jogar como peladeiros, dia sim, dia não? A resposta: acreditar no técnico e seu planejamento. Só isso.
A mesma lógica vale para a Segundona. Ricardinho projetou uma equipe simples e com muita vontade de ganhar. Não mais do que isso. Neste momento, restando um punhado de rodadas para terminar o campeonato, projeta-se: dificilmente o Tricolor passará sufoco na parte inferior da tabela. Missão cumprida para quem iniciou 2012 na treva. O resto é lucro, não sonho.
Força doméstica
É surrado, talvez nem notícia seja mais, porém o Coritiba está certo em centrar seu discurso de fé no Couto Pereira. Em tese, apenas a torcida alviverde pode fazer o time levantar a taça diante de um cenário tão desfavorável. Se conquistar o título, o time deve repetir o que fez Tcheco no Estadual: ir até a arquibancada e dar o troféu para o público.
Pode isso, Arnaldo?
Joelhada no rosto de um oponente no chão, sem defesa, é o gol das artes marciais mistas (MMA). Anderson Silva fez isso na luta de sábado. Ganhou ainda mais notoriedade e mídia. Na entrevista dentro do octógono, ele disse: “UFC é esporte”. Apesar da afirmação, sigo na dúvida.
