Torcedores do Coritiba e imprensa falaram muito sobre o péssimo histórico recente do clube em setembro. Até campanha foi feita para transformar o politicamente incorreto “setembro negro” no entusiasmado “setembro verde”.
Mas maldito de verdade para o Coxa é outubro. Historicamente, é no mês do aniversário que a maionese desanda no Alto da Glória. As derrotas para Fortaleza e CRB, claro, não denunciam uma derrocada, mas basta uma olhada para trás para ficar preocupado.
1989
Depois de varrer os rivais nos anos 70, em nenhum outro momento o Coritiba montou um time tão brilhante como em 1989. Chicão, Tostão, Serginho, Vica, Carlos Alberto Dias, Osvaldo, Kazu. Uma máquina de jogar bola como poucas vezes se viu no Alto da Glória.
Com esse time, o Coritiba foi campeão estadual daquele ano. E com esse time caminhava para a classificação à segunda fase do Campeonato Brasileiro. Até enfrentar o Sport, ainda em setembro, no Couto Pereira.
Um torcedor invadiu o campo para agredir o goleiro Rafael, então no Leão da Ilha. Semanas depois, a CBF decidiu transferir de Curitiba para Juiz de Fora o jogo do Coxa com o Santos, confronto direto pela última vaga na fase seguinte – os paranaenses jogavam pelo empate para avançar e jogar o Peixe no Torneio da Morte.
O Coritiba não foi a Minas Gerais. Perdeu o jogo por 1 a 0, teve cinco pontos debitados da sua somatória e foi sumariamente rebaixado à Segunda Divisão. Início de um calvário que só acabaria em 1995.
1990
Ainda sob o impacto da perda do título estadual para o Atlético, o Coxa disputou a Série B de 1990. Entre agosto e setembro, o clube cavou sua sepultura – o ponto alto foi a derrota para o Juventude, por 2 a 0, no Couto Pereira, que terminou com Luiz Felipe Scolari pedindo demissão do Cori e voltando para Caxias do Sul de carona no ônibus gaúcho.
Mas o funeral coxa-branca naquele campeonato aconteceu mesmo em outubro. As remotas chances de não cair viraram cinza com um empate com o Atlético (0 a 0) e uma derrota para o Blumenau (2 a 0).
2005
Após um longo período de hiberna, o outubro maldito voltou com força total. O Coritiba jogou oito partidas no oitavo mês de 2005. Perdeu todas. Entre elas, dois clássicos. Foi também neste mês que Cuca caiu (após perder para o Paysandu), que Lopes Júnior treinou o time por três trágicas partidas, que Wìlson de Souza Mendonça operou o Coxa contra o desesperado Flamengo, e que o Coritiba protagonizou a única repetição de placar nas partidas contaminadas pelo Edílson (2 a 3 para o Inter). Depois de tamanha desgraça, o clube, claro, caiu para a Série B.
2006
No ano passado, o estrago definitivo na campanha do Coritiba foi feito em setembro, com sete jogos sem vitória. Mas dois episódios em outubro, um no começo e outro no fim do mês, selaram e marcaram a trajetória alviverde.
Foi após o primeiro jogo de outubro (0 a 2 para o Ceará) que aconteceu o lamentável quebra pau entre jogadores e organizados no saguão do Aeroporto Afonso Pena. E foi no último jogo do mês (1 a 1 com o Náutico, no Couto), que o Coritiba perdeu, num confronto direto, dois pontos que poderiam ter levado o clube à Série A já neste ano.
