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Uma aberração do futebol chamada “Atraso de Salários”

Por
Redação
08/06/2010 18:21 - Atualizado: 27/09/2023 16:19
Uma aberração do futebol chamada “Atraso de Salários”
Pedro Serápio / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Pedro Serápio / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Depois de mais uma atuação abaixo da crítica no Campeonato Paranaense – potencializada negativamente pela greve de alguns jogadores pelo não pagamento de salários e premiações – o Paraná Clube desponta como a sensação da Série B do Campeonato Brasileiro. Assisti alguns dos jogos do Tricolor até agora (não todos, infelizmente) e desde a primeira rodada ficou claro para mim e para a torcida que a equipe tem alma de vencedora e pode, sim, brigar pelo título.

A torcida, aliás, que finalmente resolveu sair de casa. Rotulada como a “torcida que cabe numa Kombi” pelas ridículas médias de público que tem obtido nos últimos dez anos, o torcedor parece que vai fazer a sua parte. Com o plano de sócios mais barato da capital e um time vencedor, não há justificativa que mantenha os torcedores longe da Vila Capanema. A força das arquibancadas, por mais clichê que pareça, é determinante nas campanhas de times campeões da Série B. Grêmio, Palmeiras, Galo, Vasco e Coritiba que o digam. É hora dos verdadeiros paranistas mostrarem seu valor.

Mas a ferida que quero cutucar não é essa. Vamos evitar que o assunto atrasos de salários seja esquecido.

É comum – e a diretoria do Paraná é o exemplo deste post, pois foi a última a defender essa prática em discurso – dirigentes de futebol irem aos microfones para explicar atrasos de salários com pérolas do tipo: “Só estamos com o salário de janeiro e fevereiro atrasado” ou “O salário (parte mínima dos rendimentos dos jogadores) esta em dia, só os direitos de imagem sofreram um pequeno atraso de 45 dias”. Alguns têm a pachorra de afirmar que farão de tudo para quitar um dos dois meses e meio que estão atrasados.

E ainda acham ruim que os jogadores reclamem. Falam em falta de comprometimento dos atletas. Dizem-se surpresos com manifestações de greve entre seus funcionários. Falam que isso prejudica a imagem do time e que nenhum outro jogador vai querer jogar ali por causa de atitudes como essas. Ou seja, para tentar desviar o foco jogam na falta de compromisso e amor à camisa uma obrigação primária que deveriam cumprir.

Espera aí moçada.

Tirando de lado a exorbitância que se paga para esses jogadores (aí teríamos que encarar uma mudança completa de cultura), tenho certeza que todo mundo tem conta de luz, água, creche, telefone, condomínio, “rancho” do mês, escola das crianças, aluguel, prestação da casa, do carro, ou seja lá o que for, para pagar. Aí o cara vê o seu empregador por a cara na telinha e o gogó no microfone e dizer que a falta de comprometimento é dele?

Haja paciência. Os dirigentes deviam partir do princípio básico de que os jogadores estão lá porque foram contratados. Na negociação se combinaram uma série de questões, entre elas salários e direitos de imagem. Ninguém deveria trabalhar sem receber. Eu não aceitaria continuar trabalhando com três meses de salário atrasado. Ninguém paga minhas contas. Só eu, com meu suor e neurônios queimados.

É inconcebível agüentar discursos que comumente vemos por aí. Atrasar salários é um absurdo. Ficar quase três meses sem receber um tostão do clube é uma imoralidade (aliás, se a legislação permite, e permite, que se dê esse lastro aos empregadores, não devia permitir. Que se mude essa lei desumana que obriga o trabalhador a labutar sempre no limite da falência individual).

Se não se tem condições de honrar compromissos, não os assuma. É uma questão pura e simples de gestão administrativa. Que empresa sobreviveria dessa maneira? E não pensem que mais sofrem os boleiros. O pessoal da retaguarda sofre muito mais, já que seus salários não chegam nem perto das “estrelas”.

Hoje o Paraná dá show em campo. É líder da Série B. Tem um técnico competente e um time unido, limitado, porém focado. É bem possível que apareça alguém para me criticar e afirmar que estou tumultuando um ambiente que às duras penas está finalmente bom. Aliás, podem até dizer que sempre procuramos olhar o lado ruim das coisas e nunca exaltamos as boas. É no mínimo ingênuo quem pensa dessa forma.

Não deixar esse assunto morrer é obrigação de todos. Hoje não sei como anda a questão salarial no Paraná Clube. Se esta atrasado um, dois ou três meses. Se esta em dia ou se a diretoria esta para acertar pendências. O que não se pode conceber é a manutenção do absurdo que é o atraso de salários pelo simples fato de não estar na manchete do jornal.

Denúncia

Você, jogador ou funcionário de qualquer time de futebol de Curitiba, quer comentar sobre a sua situação empregatícia? Mande seu relato para eduardoluizk@gmail.com. Garanto, obviamente, o seu anonimato.

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