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(Foto: Bigstock)
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Já detestei o vermelho, esnobei o azul e venerei silenciosamente o verde. Usava o amarelo para alimentar minha esperança e sentia no branco a possibilidade de recomeço.
No rosa, me apegava às recordações mais nostálgicas e, no preto, me voltava ao passado em busca de ideias para o futuro. Já usei todas as cores dessa vida e para cada uma delas atribuí um significado.
Mesmo caindo por acaso no mundo das finanças, curiosamente encontrei no verde minha preferência de vida. Essa era a cor das paredes do quarto, da maior parte das roupas, do tão sonhado carro e, sempre que possível, do recheio da carteira. Com o verde do dinheiro aprendi desde cedo a ter sabedoria para ganhar e gastar e, com o passar do tempo, também para guardar. Desde pequena, criei o hábito de ter uma reserva (quem aqui não se lembra da poupança Bamerindus?), a qual recorri em todos os momentos de maior aperto.
Com o vermelho e o azul, soube desde cedo que não estaria sempre certa ou errada. Mesmo trabalhando com investimentos e aconselhando milhares de pessoas a cuidarem do seu dinheiro, não existe 100% de acerto.
Por melhor que seja o histórico de um fundo, por exemplo, há grandes e renomados gestores brasileiros que fecharam o ano de 2018 no negativo, o que me incomodou, admito, mas ainda não me fez rever a confiança depositada em seu trabalho. Da mesma forma, alguns gestores de fundos de ações e multimercados despontaram no mercado no ano passado e diversas corretoras começaram a me oferecê-los, embora não tenham histórico suficiente para provar a consistência necessária para eu investir minhas reservas.
Eu bem que queria estar sempre no azul nas finanças, mas enfrentar alguns percalços vermelhos me faz lembrar de que não posso perder a desconfiança na hora de investir. É justamente ela que me faz evitar prejuízos maiores.
E ainda que eu admita o ceticismo na hora de administrar meu dinheiro, não perco jamais a esperança e é por isso que persisto dedicando uma parcela do que poupo ao risco. Foi esse anseio que me fez ganhar com a Bolsa e com os fundos imobiliários em 2018. Essa parcela amarelinha da carteira me deu sorte!
Uma dose de cada cor vai sempre fazer parte da minha vida, da minha maneira de enxergar o mundo e meus investimentos.
E aí de alguém querer mandar em mim. Do meu dinheiro, cuido eu, ainda que aceite conselhos. O problema é alguém me dizer que, se fizer determinada aplicação, estarei sempre no azul. Não existe ganho certo na vida.
Da mesma forma, se um investimento recomendado estiver constantemente no vermelho, pode ter certeza de que vou questionar, mesmo que tenha sido indicado pelo assessor da minha corretora de valores.
Toda forma de amor e de conselho financeiro é válida, mas quem apita nas minhas finanças sou apenas eu. Torço por um mundo em que mais gente invista, mas não basta investir — é preciso entender como seu dinheiro vai render. Abaixo a ignorância e a tirania financeiras. Não deixe ninguém mandar no seu bolso.
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