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A FORÇA DA DIVERSIDADE
| Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves

Diversidade e inclusão são temas fortes na programação da 70ª edição do Festival de Berlim, principalmente em algumas mostras como é o caso da Geração.

Um exemplo de título selecionado para a mostra  é  “Alice Júnior”, de Gil Baroni, cujo foco tem sido  produções que interagem com o universo LGBTQI e a resistência das minorias.

O filme – que teve sua segunda hoje no festival –    segue uma youtuber trans (Anne Celestino Mota) cercada de liberdades e mimos. Depois de mudar com o pai para uma pequena cidade, onde a escola parece ter parado no tempo, a jovem precisa sobreviver ao ensino médio e vencer preconceitos.

Ovacionado pelo público adolescente da mostra – cujo júri é também formado por jovens nessa faixa etária – o filme concorre ao Urso de Cristal e é um forte candidato para levar o prêmio.

Antes da sessão, Baroni conversou conosco  sobre a origem do filme e o significado da estreia em Berlim.

Como você e a equipe do filme receberam  a noticia da seleção pela Berlinale?

“A noticia que a estreia internacional do filme aconteceria aqui foi recebida por todos nós com muito carinho e vibração. Neste  momento em que as políticas públicas estão acabando com os editais de fomento ou criando empecilhos, principalmente os de conteúdo LGBTQI+, estar na Berlinale Generation é uma grande conquista para o cinema nacional, especialmente para a comunidade trans que vai ser representada pela Anne Celestino Mota, atriz que protagoniza o filme”.

Fale um pouco sobre a origem e a motivação para fazer o filme.

“Quando o roteirista Luiz Bertazzo me apresentou o argumento e uma primeira versão do roteiro do filme, foi paixão imediata com a história de Alice Júnior.  Eu gosto de personagens contestadores e que se revoltam contra qualquer tipo de opressão. Fico em êxtase quando esses personagens usam seus corpos como instrumentos de resistência e transformação, quebrando paradigmas. Alice é uma força que contesta os espaços e as regras que insistem em limitar sua presença e sua liberdade”.

Você destaca os dois tipos de personagens do filme: os que estão oprimindo e os que estão lutando e resistindo contra os opressores. Fale um pouco mais sobre isso.

“Ser trans no Brasil é um ato de resistência.  Alice é uma mulher trans e portanto seu corpo é político e questiona o padrão imposto. Alice não se esconde, se expõe através da internet, do seu blog.

Vivemos um momento delicado no Brasil em que os conservadores estão conquistando espaços com discursos que exaltam a exclusão, incitam o ódio, destilam medo e insistem em deslegitimar as novas configurações de família. São tempos de grande reflexão sobre a nossa existência”.

Qual reação do público vocês esperam  para o filme? 

“Gostaríamos que a história de Alice Júnior tocasse os corações do mundo e sensibilizasse as pessoas que ainda não compreenderam a beleza da diversidade de cada ser humano.  Desejamos que o filme seja um estímulo para as pessoas que estão descobrindo a relevância de seus corpos tal como são (e não como querem que sejam: corpos dóceis).  E queremos que o filme seja inspiração para os que continuam resistindo e quebrando paradigmas tóxicos à humanidade”.

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