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O REFLEXO DO LAGO
| Foto: Maria Antônia Silveira Gonçalves

Ao fazer o anúncio da Panorama desta 70ª edição do festival de Berlim, Michael Stütz, diretor da Mostra  disse  “que em meio a tantas crises globais, o  cinema encontra estímulos para mudanças”.

Um exemplo disso é “O Reflexo do Lago” de Fernando Segtowick, exibido hoje  numa concorrida sessão e muitos aplausos ao final.

O diretor  toma a construção da represa em Tucuruí  como ponto de partida para uma investigação sobre a exploração passada e presente da região, retratando o esgotamento da Amazônia com imagens assustadoras.

Em entrevista à Gazeta do Povo, antes da sessão, Segtowick disse que a origem do filme vem de uma longa história.

“Meu pai é engenheiro eletricista, eu estudei engenharia quatro anos, depois abandonei e fui para o jornalismo audiovisual. Visitei Tucuruí quando estudante.  Muitos anos depois, me deparei com o livro de fotografias “O Lago do Esquecimento” da fotógrafa Paula Sampaio sobre as árvores mortas no lago e os depoimentos de moradores da região. Ali estava plantada a semente”, contou o diretor acrescentando que o trabalho de pesquisa também foi longo.

“Após conseguir apoio para esse trabalho, me encontrei com a pesquisadora Edilene Portilho, cuja família é moradora do lago e ela me   apresentou para todo esse universo.  A partir daí foram inúmeras visitas ao local, conhecendo as pessoas, os lugares, me aprofundando na sua história. Também entrevistei o Lúcio Flávio Pinto, jornalista muito importante da região”, revelou.

Até a versão final que foi selecionada pela Berlinale, o projeto levou quatro anos em elaboração.

“Durante o processo, eu me preocupava também em  contar uma história de cunho social e político, mas sem perder o lado cinematográfico do projeto.  Nesse sentido, contei com dois grandes parceiros: o diretor de fotografia Thiago Pelaes e o montador Frederico Benevides, que construíram este filme comigo. É claro, que neste  momento que se discute a Amazônia, é importante que o “Reflexo do Lago”  chegue para trazer uma camada de reflexão que o próprio título do filme já aponta”, atesta Segtowick,  reconhecendo que o projeto só foi possível graças a políticas públicas de fomento ao audiovisual, em especial a cota de 30%  de recursos para filmes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

“Chegar até Berlim faz parte de um aprendizado como realizador e produtor. O audiovisual é um investimento de longo prazo.  Desde meu primeiro curta-metragem, demorei 20 anos para realizar o longa.  Dessa forma, a seleção na Berlinale é uma prova do resultado concreto dessas políticas”, ressaltou.

Quanto à receptividade do público, o diretor está otimista que os espectadores entenderão a importância do filme.

“É minha  primeira vez no festival. Sei que as sessões na Berlinale  são concorridas e que a audiência é bem participativa, mas estou bastante curioso para ver como os espectadores vão reagir em Berlim, no Brasil  e  mundo afora”.

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