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18-01-2017- Fotografias para a edição de revista Bom Gourmet sobre servejas artesanais.
18-01-2017- Fotografias para a edição de revista Bom Gourmet sobre servejas artesanais.| Foto: Gazeta do Povo

Agosto é um mês especial para a cerveja. O International IPA Day é comemorado na primeira quinta-feira do mês e o International Beer Day na primeira sexta. Acredito que toda a comemoração também é motivo para reflexão. Então quero aproveitar este espaço na coluna para responder algumas dúvidas e comentários que venho recebendo nos últimos meses. Em resumo, muitos dizem estar com medo de consumir cerveja artesanal. É uma questão é séria e o motivo é claro: o Caso Backer.

Em junho deste ano a investigação da Polícia Civil concluiu que um vazamento em um tanque de fermentação que usava monoetilenoglicol/dietilenoglicol como líquido de refrigeração foi o motivo da contaminação química da cerveja Belorizontina, produzida pela cervejaria mineira. Desde dezembro de 2019, pelo menos 29 pessoas foram afetadas e 10 morreram em decorrência dos efeitos da contaminação, segundo números da polícia. Cerca de 30 casos ainda estão em investigação e 11 pessoas ligadas à cervejaria foram indiciadas. O caso ainda não acabou e agora é com a Justiça.
Leia as notícias mais recentes sobre o caso.

Mesmo com isso tudo, quero deixar claro meu recado para você: não tenha medo de consumir cerveja artesanal. Pelo menos não mais do que o receio que você tem de qualquer outro produto pronto para o consumo, como um vinho, um refrigerante ou um sanduíche da padaria.

O que garante que um produto é seguro para o consumo? Existe a força da Lei, claro. Autorizações, licenças e fiscalização feita principalmente pelo Ministério da Agricultura e Pecuária para garantir essa segurança – não faltam regras do que pode ou não ser colocado na cerveja. Mas, em última instância, o que realmente importa é a relação de confiança que você estabelece com o produtor. Em algum momento você acreditou naquela empresa, marca ou estabelecimento, experimentou, gostou (e não passou mal). Ou recebeu a indicação de alguém que já o fez. Esse é um fator de extrema importância e que, destaco, se estabelece com quem faz o produto, e não com uma categoria como um todo.

O que me leva ao segundo ponto que julgo relevante. Não se deve culpar a cerveja artesanal como um todo por conta de um problema que houve com um produtor. Ninguém diz que nunca mais vai comer sanduíche após eventualmente ter passado mal com um sanduíche da padaria X. Claro, não quero aqui minimizar a gravidade da situação, que é extrema. Mas casos como o que houve com a Backer são a absoluta exceção no mundo. São raros e aconteceram também em outros setores. Não devemos culpar o todo pela parte.

Ou seja, não estou aqui defendendo a cerveja artesanal acima de tudo por trabalhar nesse setor ou por um sentimento de simpatia ou irmandade com as cervejarias. Erros e problemas acontecem em todos as áreas e não é diferente com o meio cervejeiro. Mas acredito que cada produtor tem a sua responsabilidade em fazer produtos seguros para o consumo. E deve arcar com as consequências caso não o faça.

Por isso, amigo leitor, repito: não tenha medo de consumir cerveja artesanal. Não mais do que qualquer outro produto pronto para o consumo. Se você tem receio, se informe sobre o produtor, peça indicações de quem você confia e avalie, seja o produto que for. É o mais sensato a fazer sempre.

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