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Repetindo um erro que já tinha ficado tragicamente marcado na história, o Estado volta a usar o "bem comum" como desculpa para seu totalitarismo sanitário.
Repetindo um erro que já tinha ficado tragicamente marcado na história, o Estado volta a usar o “bem comum” como desculpa para seu totalitarismo sanitário.| Foto: Bigstock

Ficou na memória de um familiar meu, advogado carioca, o caso da procuradora grávida que tomou vacina da AstraZeneca no Rio, teve coágulo no cérebro e morreu. “Uma mulher jovem, saudável, com filho no ventre, toma esse negócio que foi feito em meses. É maluca!”, diz ele. Concordo. Se fosse uma favelada semianalfabeta que está acostumada a ouvir autoridades sanitárias, sua morte seria apenas triste. Que a classe letrada, altamente instruída, faça o mesmo tipo de coisa, é não somente triste: é espantoso.

Dentre as vacinas já conhecidas, algumas são contraindicadas para grávidas. Mas essas vacinas novíssimas saem sendo recomendadas para grávidas antes mesmo de terem nove meses de existência. Não é preciso ser médico para desconfiar e creio que muita favelada semianalfabeta, por puro bom-senso, ficará com um pé atrás antes de tomar uma coisa dessas durante a gestação.

Mas a procuradora morreu. Já se sabia que a AstraZeneca podia causar coágulos, mas a Anvisa esperou a procuradora morrer para contraindicar essa vacina para grávidas. Pior ainda, na matéria se admite candidamente que a vacina não tinha sido testada em grávidas. Você confia nessa instituição? Eu não.

Pois muito bem: a AstraZeneca é a vacina aplicada há mais tempo, portanto é a vacina de efeitos colaterais mais conhecidos. Além disso, ela não parece ter o lobby agressivo da Pfizer, de modo que seus problemas acabam sendo menos acobertados. Mas já se sabe que a vacina da Pfizer pode causar inflamação no coração (miocardite) em jovens. Está no CDC (Centro de Controle de Doenças).

Só que o povo não sabe – nem gente mais instruída. Este fim de semana um professor universitário de Exatas me contou que tomou a vacina da Pfizer e eu disse que ele não é nenhum menino, não deve ter problemas de miocardite. Pois ele estava completamente por fora da miocardite. Vê televisão, está inteirado das ninharias da CPI da Covid e não é nenhum esquerdista. Mas cometeu o erro de achar que estamos vivendo tempos normais, em que a imprensa tradicional e os sanitaristas gozam de confiabilidade considerável.

Já se sabe que a Pfizer dá miocardite em jovens. Mas os governadores do Rio de Janeiro e de São Paulo anunciaram, sob confetes da imprensa, a vacinação de meninos de 12 anos. Quando morrer do coração o filho de alguém importante, a Anvisa solta uma nota.

Os canalhas

Friso aqui que não se trata de ser contrário às vacinas da Covid. Já se sabe que a Covid é perigosa para velhos, gordos e gente com certas doenças. Como os efeitos colaterais têm aparecido sobretudo em jovens, faz perfeito sentido que o cidadão que teme a Covid aceite se submeter a vacinas experimentais, cônscio de que são experimentais, e informado dos efeitos colaterais já documentados.

Mas não vejo sentido algum em jovens sadios tomarem a vacina, já que temos mais razões para temer miocardite e coágulos do que a Covid. E que jovens sadios sejam levados a correr esses riscos sem serem informados deles, bom, isso é criminoso. Se o passaporte sanitário passar e gente como eu for obrigada a tomar essa vacina, a morte por efeitos colaterais é indiscernível de homicídio.

Tem circulado a versão de que é preciso não informar essas coisas, porque assim as pessoas desistem de se vacinar. Diz-se também que as mortes (documentadas) são (até agora) pouquíssimas, como se isso fosse uma desculpa para obrigar alguém a correr risco de vida. Em seguida, atiram-se números absolutos de crianças e jovens mortos com Covid – sem especificar quantos eram sadios, nem dizer que proporção esses mortos representam dentro dos infectados.

O subtexto dessa conduta é que é lícito enganar as pessoas para elas se vacinarem. Os riscos individuais são solenemente ignorados, porque o que importa agora é “a sociedade”. Ou, noutras palavras, o coletivo. No frigir dos ovos, a vida humana não vale nada. Pode ser sacrificada em nome do “bem comum”.

A saúde do Volk (povo)

Vejamos um exemplo mais elaborado. O deputado Marcel van Hattem honrou o voto dos liberais e discursou na Câmara dizendo que seria contra o passaporte sanitário. Contou isso no Twitter, e eis que aparece o pseudoliberal Carlos Góes, colunista do Globo e dono de um portal de economia, dizendo o seguinte: “Qual é o próximo passo prioritário pro partido, deputado? Revogar a lei que proíbe dirigir alcoolizado? Quando você coloca a vida de outros em risco, você está violando direitos alheios. Vocês deveriam proteger quem tem direitos individuais violados e não quem viola esses direitos”. Essa respostinha teve mais curtidas do que o anúncio do deputado.

Para começo de conversa, tudo se passa como se não houvesse efeitos colaterais letais conhecidos (e como se fosse ponto pacífico entre os infectologistas que a vacinação indiscriminada contra a Covid salva vidas, em vez de apenas criar variantes). Mentir ou omitir informações é lícito quando se trata de defender o coletivo. Depois, em vez de assumir que se trata da coletividade, ele diz que é um “direito individual” não conviver com pessoas que escolheram não se vacinar com drogas experimentais, potencialmente letais.

A apologia do passaporte vacinal é apologia do homicídio. Eu tenho que me vacinar, podendo morrer como a procuradora, para que os direitos individuais do Sr. Carlos Góes sejam salvaguardados. A vontade dele vale mais do que a minha vida.

Imaginemos o montão de coisas que não se pode fazer em prol da coletividade (ou das vontades sempre coletivistas do sr. Carlos Góes), sobretudo na área da saúde. Por que não confinar todos os soropositivos? Fidel Castro fez isso e na certa salvaguardou os direitos individuais de muitos Carlos Góes daquela ilha, que ficaram assim supostamente livres de contrair o HIV. Fidel Castro, grande liberal. E olhem que, junto da aids, Covid é pinto.

Mas o problema é mais profundo. Pouca gente sabe que os judeus não foram as primeiras vítimas do nazismo. Tudo começou com a “eutanásia” (isto é, o assassinato) de doentes e a esterilização forçada de gente com males considerados hereditários ou com a origem étnica errada. Tudo começou, noutras palavras, com um sanitarismo coletivista que tinha em vista a saúde doVolk (povo alemão). O corpo do povo é o que importa; o homem é uma célula dispensável que o gestor pode sacrificar ao seu bel prazer. O próprio antissemitismo era justificado nessa chave. Os judeus eram parasitas que faziam mal ao Volk, devendo, por isso, ser exterminados tal como lombrigas.

Que nossa opinião pública permita tal tipo de pensamento mostra que as coisas vão muito mal entre nós. Repito e friso: é um pensamento homicida, porque desvaloriza a vida humana e a submete à coletividade. Agora é não confiar na televisão, procurar informação por conta própria, pressionar deputados, congratular os que seguem o exemplo de Marcel van Hatten, e resistir.

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