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Vacina da AstraZeneca
Vacina da AstraZeneca| Foto: BigStock

A primeira vez que vi, no Twitter, a notícia da morte de Bruno Oscar Graf, o advogado saudável de apenas 28 anos que morreu de AVC após tomar a substância experimental da AstraZeneca, a ideia mais pessimista do mundo passou pela minha cabeça: essa mãe deve ter uma orientação política prévia que a levasse a desconfiar da substância. Digo que é a ideia mais pessimista do mundo porque implica, por motivos políticos, mães deixarem de se indignar com a morte prematura e criminosa dos seus filhos.

Clico então no perfil e vejo que, pouco antes da morte do filho, as postagens dela eram do perfil típico da tia do zape bolsonarista. (Ainda que as substâncias tenham sido compradas e distribuídas pelo governo federal, instintivamente a sociedade identifica como bolsonarismo o ceticismo em relação a essas supostas vacinas.) O meu pensamento diabólico estava então parcialmente confirmado. Faltava me inteirar do lado que acredita em tudo o que vê na TV.

Pude fazer isto quando Fiuza publicou, neste jornal, o contundente texto “Bruno Oscar Graf”. Abro então a seção de comentários e encontro coisas assim: (1) “Tenho um familiar (de 56 anos) que teve um AVC e faleceu inesperadamente depois de uns 25 dias da aplicação da Astrazeneca. Como não temos certeza de nada, não polemizamos para não desestimular os familiares e pessoas próximas de tomar a vacina, já que pode ter sido apenas uma trágica coincidência, neste caso pontual, e Covid-19 pode matar. No futuro poderemos ter uma resposta.”; (2) “Ô meu. Q coisa mais deplorável o q vc fez, escrevendo isso. Estamos vencendo a guerra, e nossa única arma é a vacina. Um soldado morreu, muito triste.”; (3) “Infelizmente o Bruno faleceu. Gostaria de me solidarizar com a família. Porém , milhões sobreviveram graças às vacinas. Sigamos em frente.”; (4) “É realmente lamentável a morte de qualquer ser humano, em especial se realmente for por causa da reação a uma vacina. Mas 130 milhões de brasileiros já foram vacinados, quantos casos como o dele? Eu tomei a vacina, praticamente todos do meu relacionamento tomaram e nada parecido aconteceu. O que realmente acontece é que as mortes por COVID diminuem sem parar…” (5) “O tio da minha esposa morreu de AVC após tomar a segunda dose da vacina Astrazeneca, eu falei para a família que foi por causa da vacina, mas acharam que eu era louco, estamos diante do maior escândalo da história da medicina.”

Todos essas opiniões e relatos refletem o pensamento que está sendo martelado pela ex-imprensa: as mortes causadas pela “vacina” são raríssimas e é obrigação moral de todos tomá-la para impedir a transmissão do vírus, portanto não devemos noticiar as mortes nem falar de efeitos colaterais letais, para não desestimular a vacinação.

Além de canalha, esse raciocínio é de uma circularidade evidente: se houver um esforço deliberado de ocultar informação, como poderemos ter certeza de que os efeitos colaterais são raríssimos? O homem do comentário 1, acima, espera passivamente que os burocratas relatem os casos, mas é bastante ativo na ocultação da informação perante a própria família. Por que ele acha que só ele, de toda a família, pode digerir de maneira racional aquela morte? A propaganda deixou meio mundo com síndrome de pequeno poder. Sonegando informação e coagindo os céticos você ajuda a salvar o mundo, a despeito de uma ou outra morte a priori raríssima.

Agora vamos à parte dura. Você, jovem, tem pais? À falta de pais, tem outros familiares no lugar? Eles estão te coagindo para se submeter à substância? Se sim, eis a questão: se você morrer por causa da substância, seus pais vão mover mundos e fundos por você, como a mãe de Bruno Graf? Arlene Ferrari Graf é, hoje, uma mãe excepcional. Há outras condutas que pais podem adotar perante a morte dos filhos: eles podem simplesmente desconhecer os riscos da substância (o comentário 5, acima, mostra que a ignorância é comum), ou podem, muito iluminados, acreditar que é uma obrigação moral silenciar sobre as causas da morte do filho.

Vacinação de menores

Existe a possibilidade de que num futuro próximo existam muitas mães conscientes dos riscos das substâncias experimentais. Mas isso tem tudo para acontecer com um preço inaceitável: a consciência virá com as mortes e aleijamentos de crianças.

A primeira vez que escrevi neste jornal sobre vacinação de menores foi no dia 31 de agosto. No mesmo dia baixei no site da Anvisa a bula da Pfizer, que é a única substância autorizada para menores de idade. Lá eu li que a vacina só deveria ser usada a partir de 16 anos de idade.

Pouco tempo depois, leio que o Rio de Janeiro começa a “vacinar” adolescentes de 15 anos em 8 de setembro. Depois minha tia carioca me conta que 15 é muita idade, pois já vão “vacinar” crianças de 12 anos. Procuro detalhes e vejo que é verdade; no município do Rio, crianças de 12 devem começar a ser “vacinadas” antes de 14 de setembro. Espantada, procuro ver se é só o Rio. Não é. No município de São Paulo começou no dia 11 de setembro; em Santos, hoje, dia 13. Niterói, precoce, começou no dia 2. No Recife, o agendamento começou no próprio dia 31, o dia em que eu acessava a bula.

Claro que vendo esse enxame de notícias eu fui verificar a bula de novo, agora, escrevendo este texto. E eis que no dia 13 a situação já é toda diferente do dia 31. Agora a idade mínima para a substância é de 12 anos.

Quando os pais no Recife estavam agendando as “vacinas” para os seus filhos de 12 a 15 anos, não sabiam que estavam fazendo algo em vias de ser liberado. O calendário vacinal começou com os idosos mais velhos e foi baixando a idade. Quando os pais veem a idade dos adolescentes baixando até a das crianças, têm todos os motivos para crer que a “vacina” tenha se tornado disponível para essa idade. Não pensarão que acabou de ter a bula alterada para caber aquela idade, pois acham que a imprensa lhes comunicaria disso.

E quando o calendário vacinal tiver coberto as crianças de 12, não vão mudar a bula para pegar os mais novos?

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