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Refundação da República: Alvaro Dias põe La Fontaine como marqueteiro de campanha
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Alvaro Dias passou a noite desta segunda falando em “refundar a República”. Usou um dos mais importantes palanques da tevê brasileira, o “Roda Viva”, da TV Cultura, para dizer que esse é seu plano, como presidenciável.

A todo momento, e a toda pergunta, Alvaro respondia com seu slogan. Como marketing, pode ter seu valor: gruda na ideia do espectador umas poucas palavras simples que servem de rótulo para o sujeito.

O caçador de marajás. Pedágio: baixa ou acaba. Make America great again. Refundar a República…

Mas assim como a maior parte desses slogans, se você tira a tampa, se abre o capô, vê que dentro o motor está girando igualzinho ao dos outros candidatos. O que muda é a tinta do lado de cima.

Refundar a República pode dizer tudo. O que significa que pode dizer nada. No duro, o que Alvaro está prometendo é que será diferente, que sua prática não será a dos petistas e tucanos. Que não loteará. Não corromperá. Nem será corrompido.

Claro que isso vem acompanhado de uma série de reformas. Ou de “reformas das reformas”, como ele vem dizendo. Mas muitas dessas são inespecíficas, ele mesmo admite que está na fase do “vamos ter que ver isso aí…”

O que importa mesmo, e Alvaro admite, é resgatar a esperança do eleitor, dizer que é possível governar sem Delúbios e Deonilsons, não ser nem a Dilma nem o Azeredo. Nem Lula nem Aécio.

Mas a pergunta é: o Congresso continua existindo. E Alvaro, caso venha a convencer o eleitorado, não poderá chegar ao Parlamento com slogans. Deputados e senadores não querem palavras, querem cargos e verbas. E aí? E se não der?

Tudo é muito bonito no mundo etéreo das entrevistas de pré-candidato. Na vida real, é difícil achar um único exemplo de governante que tenha se negado a fazer o jogo da coalizão. E esse nem precisa ser o problema.

Botar a culpa toda na coalizão e falar em um inacreditável “pacto das pessoas de bem” é transformar Esopo e La Fontaine nos autores do plano de governo.

Alvaro sabe disso. E por não estar botando sua experiência em sua fala, comete um pecado mortal: sua refundação começa já com um argumento que ele sabe não ser verdadeiro.

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