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Três diferenças entre Fruet e Greca
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Da coluna Caixa Zero, publicada na Caixa Zero, na Gazeta do Povo:

A história quem conta é uma ex-assessora de Greca. Ainda prefeito, nos anos 90, ele passeava pela periferia mais pobre de Curitiba quando pegou uma criança no colo. Típica cena de marketing? Nada. “Minha senhora, essa criança está toda cagada. Não é porque é pobre que precisa ser porca”, disse, entregando de volta o bebê.

Não dá para imaginar Gustavo Fruet na mesma cena. Greca tem esse jeito despachado, até meio desbocado, que para alguns pode parecer meio chocante. Mas que, por outro lado, faz parecer que ele está realmente interessado nas coisas. Que não faz nada só para seguir o roteiro, para ser o que se espera dele. Que é autêntico.

Em uma entrevista nesta semana, depois de levantar da cadeira, fizeram ver que ele tinha esquecido um paninho branco. “É a minha fraldinha. Pra caso eu precisasse cuspir esse muco, com essa tosse que estou…” Nesse mundo em que a política se tornou uma longa e tediosa burocracia, alguém que pareça gente viva e real pode ter uma estranha vantagem. Fruet, tímido e introspectivo, é um sujeito brincalhão, mas em um estilo, digamos, minimalista.

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A cada vez que Gustavo Fruet diz que Greca é o candidato da Curitiba dos anos 90 transfere um caminhão de votos para o adversário. Quem aí não ouve o tempo todo que Curitiba já foi melhor? Que os ônibus um dia foram exemplo para o mundo? Se é verdade ou não, tanto faz. Greca surfa na tendência que nós temos de achar que o passado era sempre mais verde, mesmo quando não era.

A Curitiba de Lerner e Greca nunca foi a maravilha pintada pelos aduladores e pela propaganda. “Uma das três cidades do mundo de melhor qualidade de vida”, escreveu Dalton Trevisan sobre uma pesquisa da ONU usada à exaustão por muito tempo. “Depois ou antes de Roma?”, se resumia a perguntar.

Fruet faz o tipo racional. Tenta apresentar números que mostram queda na mortalidade infantil, diminuição nos atropelamentos na região central, dados da educação. Números importantes, mas que na voz de um introspectivo soam como apenas mais números. Quando Greca fala, parece que está debaixo dos holofotes, sempre sobre o palco, sempre deliciado por ter plateia. Fruet fala como se estivesse em uma entrevista de emprego.

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Fruet é o genro que toda sogra quer ter. Parece incapaz de fazer mal a uma mosca. Nem os adversários mais críticos conseguem falar mal dele como pessoa. Pastor Valdemir, um vereador que infernizou Fruet por três anos, dizia que “Gustavo deve ser um grande cunhado, parceiro de churrasco”. Até Greca diz que ele é “simpático”.

É o tipo de sujeito que se diz que vai fazer algo é porque pensou naquilo imensamente. Fez contas. Pensou de onde tirar. É o caxias que você conheceu na escola. Pode até não dar certo, mas não vai ser porque ele falou alguma coisa na louca, ou só para conseguir voto.

Greca é o sujeito que tudo promete e que diz tudo poder. Quando se pergunta como fará, ele diz que os entrevistadores são uns chatos que querem botar mau agouro no trabalho dele – e segue em frente, como se a simples vontade de fazer fosse o mais importante. Segue prometendo e discursando, de boca cheia, chorando de amor pela cidade.

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