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Camila Farani

Transformação digital

Três empresas que usam tecnologia e dados para alcançar a transformação digital

30/08/2020 11:00
No mundo dos negócios, uma das consequências mais diretas da pandemia de Covid-19 foi a antecipação de processos internos que já aconteceriam naturalmente, mas que foram acelerados dentro das empresas. Por este motivo, ela vem sendo considerada como um ponto de cisão poucas vezes visto na história mundial, graças justamente à sua capacidade de demarcar o fim de negócios cuja operação não esteja preparada para a transformação digital.
Mesmo antes da pandemia, já era
algo que estava por vir: 92% dos líderes corporativos entrevistados para uma
pesquisa da consultoria McKinsey & Company já consideravam que seu modelo
de negócios não sobreviveria à chegada das novas tecnologias e, portanto,
precisariam se adaptar.
Para Kate Smaje, sócia sênior e uma das líderes globais da McKinsey Digital, a crise forçou todas as empresas a uma experiência massiva de como ser mais ágil, célere e flexível. “A pandemia de Covid-19 desencadeou uma onda de inovação diferente de tudo o que já vimos. Do ponto de vista do desempenho de negócios, as companhias estão executando em dez dias o que costumavam levar dez meses para fazer”, comenta.
No entanto, pondera Kate, simplesmente operar de maneira mais acelerada não é suficiente. “As companhias que saíram na frente são aquelas que têm ido além da celeridade e investido em tecnologias complexas de análise de dados em tempo real, processos personalizados e gestão de pessoas para, aí sim, permitir velocidade por meio de melhores decisões e correções de curso mais rápidas”, acrescenta.
As grandes companhias que estão ganhando essa batalha da transformação digital têm acertado o alvo em muitos pontos. O estudo da McKinsey listou três destas corporações, destacando uma característica preponderante de cada uma delas. Confira:

1. Velocidade digital

Empresas que conseguiram colocar em prática esta velocidade agem com mais celeridade de ponta a ponta, desde a revisão de estratégias até a alocação de recursos. A RXR Realty é a empresa apontada como case de sucesso nesse quesito. Ela está provando que é possível sim associar o mercado imobiliário à tecnologia.
Mesmo antes de a pandemia eclodir, a incorporadora de imóveis comerciais e residenciais com sede em Nova York já havia construído seu laboratório digital, que hoje tem mais e 100 cientistas de dados. Essa equipe está trabalhando 24 horas por dia para implementar os protocolos de saúde e segurança que permitem que os inquilinos se sintam seguros ao retornar ao escritório no período pós-pandemia e sua plataforma - a RxWell - inclui um novo aplicativo móvel que fornece informações sobre a qualidade do ar e os níveis de ocupação de um edifício, status de limpeza, opções de entrega de comida e horários de turno para chegadas de colaboradores.

2. Capacidade de se reinventar

Embora grandes corporações precisem manter alguns pilares rígidos para manter seguros seus negócios, não inovar é um posicionamento perigoso nos dias de hoje. Mesmo as empresas líderes em seus segmentos têm investindo na criação de núcleos de negócios inovadores e apostado no crescimento exponencial da digitalização dos processos.
Um dos bancos mais tradicionais do mundo, o Goldman Sachs, por exemplo, lançou em 2016 o Marcus by Goldman Sachs, uma “startup de 150 anos, que permite que as pessoas assumam o controle financeiro de suas vidas a partir de seu smartphone”, como gosta de descrever o chefe global da nova empresa, Harit Talwar.
Quando a pandemia surgiu, a fintech percebeu que alguns de seus clientes precisariam de ajuda e decidiu permitir que os pagamentos de empréstimos e cartões de crédito fossem adiados por vários meses, sem o acréscimo de juros. De acordo com Talwar, a verdadeira notícia não é que isso foi executado, e sim que foi feito em apenas 72 horas.

3. All in

No pôquer, existe um momento no qual o jogador se vê obrigado a tomar uma decisão: matar ou morrer. Quando ele tem um considerável nível de confiança de que sua mão é a melhor da mesa e percebe que precisa dobrar suas fichas para seguir vencendo, é hora de arriscar e apostar todas as fichas, fazendo a jogada conhecida como “all in”. Empresas que apostam alto em seus modelos de negócio não tomam apenas decisões mais rápidas, e sim as mais ousadas. Em corporações com este perfil é comum fazer grandes aquisições e altos investimentos em tecnologia.
O case mencionado pela McKinsey para esta característica é a mineradora indonésia Petrosea, que viu sua sobrevivência ameaçada há alguns anos por conta das mudanças ocorridas na indústria, o aumento da rigidez quanto à regulação e da resistência da sociedade, que passou a exigir das empresas responsabilidade ambiental.
Frente a este cenário, a Petrosea apostou tudo na diversificação das atividades envolvendo carvão mineral, na digitalização e descarbonização de suas operações. Neste processo de afastamento das atividades com carvão mineral em direção à cultura do cobre, ouro, níquel e lítio — minerais mais ligados aos equipamentos tecnológicos — , a empresa lançou o projeto Tabang, que consistiu em um conjunto de tecnologias baseadas em inteligência artificial para localizar esses metais de forma mais rápida e eficiente.
Resultado: em seis meses, tornou-se uma das operações mais lucrativas da empresa, reduzindo custos e aumentando a produção e permitindo que a empresa permanecesse relevante no mercado.

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