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Mariana Mulheres que Inspiram.

Camila Farani

Opinião

A hora e a vez das brasileiras empreendedoras

27/11/2020 19:43
No último dia 19 de novembro, dia mundial do empreendedorismo feminino, lancei uma ação que já se tornou uma das que eu mais me orgulho em minha carreira. O ‘Ela Vence’ é um hub online de conteúdo, capacitação e conexões para fomentar o empreendedorismo e o desenvolvimento de lideranças femininas. Em uma semana de operação, foram 736 mulheres que acreditaram em mim e minha equipe para dar um salto em suas vidas e empreender com qualidade.
O hub nasceu após dois anos ouvindo casos, pesquisando e interagindo junto a empreendedoras. Em outubro de 2020 fizemos um levantamento com 2.707 mulheres pela Innovaty, minha divisão de inteligência para negócios. Essa pesquisa apontou que capacitação, referências femininas e redes de apoio estão entre as 15 maiores demandas das entrevistadas.
Inspirar, capacitar e incentivar mulheres que queiram mudar de vida empreendendo é uma das minhas maiores motivações, principalmente quando eu me deparo com algumas histórias como as que compartilho a seguir:

Marianas - Mulheres Que Inspiram

Como se sabe, a região de Mariana e Ouro Preto sofreu em 2015 com o rompimento da barragem de Bento Rodrigues. Este triste acontecimento trouxe muitas dores e incertezas para toda a população local, e não seria diferente com as mulheres que empreendiam na cidade.
O grupo que começou como algumas conversas entre clientes e parceiras no salão de beleza de Marciele Delduque cresceu, ganhou corpo e relevância após este terrível acontecimento. Em outubro deste ano, o que no início era uma reunião de mulheres que empreendiam de alguma forma na região, o grupo se tornou uma aceleradora de negócios, com sede própria e integrantes que juntas movimentam cerca de R$ 3 milhões por mês.
Esta iniciativa transformou o empreendedorismo na região depois do acidente. A partir da tragédia, o grupo buscou outras alternativas como parceiros que pudessem apoiar necessidades pontuais, conseguiu novas linhas de crédito mais baratas para as empreendedoras, reforçou a capacitação e formalização foram algumas das vertentes trabalhadas. Hoje, mais de 800 mulheres se reúnem no Centro de Convenções e o objetivo é fortalecer a rede, suas participantes e ir além dos limites da região.

Ana Karoline Silva: de Altamira-PA para o Brasil

Ana foi aprovada no vestibular e, contra a vontade de sua família, foi estudar em Anápolis-GO. Com 18 anos esse movimento é ainda mais assustador, mas Ana já sabia que seus objetivos iam muito além das divisas de sua cidade natal, Altamira.
Chegou jovem e sozinha a uma cidade dez vezes maior, enfrentou o medo de estar longe da família quando percebeu oportunidades que poderiam mudar sua vida.
Após um pequeno descontrole em umas compras, Ana gastou R$100,00 a mais do que poderia e apertou ainda mais o orçamento que já era justo para pagar a mensalidade da faculdade. Para solucionar essa equação, anunciou em suas redes sociais que estava vendendo algumas roupas (as que acabara de comprar). Rapidamente formou uma clientela fiel de amigas em Altamira.
Foi onde nasceu o primeiro negócio. Ana conseguia lucrar até 150% nas peças enviadas para a cidade natal. Fisioterapia passou a não fazer mais sentido como curso, mas sobrava vontade de ingressar de vez no ramo da moda. Ana voltou à Altamira e abriu uma loja física. Mas diferente do comércio online, este movimento não deu muito certo. Ana precisou arrumar um emprego como recepcionista para pagar suas contas, mas ainda pensava em qual seria seu próximo passo como empreendedora.
Ana encontrou no ramo de alimentação e bebidas uma nova grande paixão. Levou para a vizinhança do escritório onde trabalhava os geladinhos gourmets que fazia depois do expediente com a ajuda da mãe, apostou em uma identidade visual e criou aí a marca Dinlincinha.
Em suas 2 horas de almoço, Ana se alimentava em 15 minutos para ter tempo de visitar lojistas. Vendia um isopor personalizado com 10 unidades por R$12,00. Em um mês passou a ganhar mais do que em seu emprego de recepcionista.
Dos geladinhos, Ana passou para tapiocas. Em 2018 nasceu a marca Awaraté, focada na produção de geleias artesanais e cuscuz. Entre as idas e vindas de empregos fixos, conseguiu levantar mais recursos para investir naquilo que hoje considera seu principal projeto de vida: a criação de uma cafeteria com estilo e produtos próprios. Ana é um exemplo prático do que eu sempre digo que desistir não é uma opção. Não foram poucos os percalços no caminho, mas ela nunca desistiu e venceu.

Karine Santos - Wakanda - Educação empreendedora

A nova temporada do Shark Tank Brasil estreou dia 20/11. No primeiro episódio o público conheceu minha nova sócia: Karine Santos, CEO da Wakanda. Focada nas pessoas que empreendem por necessidade, ou seja, não podem falhar, Karine criou um modelo de curso para amparar estas pessoas.
Baseada em Salvador, a então estudante universitária de Serviço Social percebeu ao analisar o entorno onde vivia que encontrava dezenas de "empreendedores da vida real" todos os dias. Mas a maioria nem sequer se reconhecia dessa forma. E mais: tinham muita dificuldade em encontrar treinamentos acessíveis e palatáveis que os ajudassem na prática a melhorar seus negócios.
Karine foi ao Shark Tank pronta, completa, buscando aporte de R$200 mil por 15% de seu negócio para ampliar e lapidar sua equipe e investir em comunicação para chegar a mais empreendedores e conseguiu mais do que isso. Nos emocionou e causou até um atrito porque todos queriam investir nela e em seu negócio.
Mulheres fortes como Marciele, Ana e Karine são o foco do Ela vence. Esperamos impactar pelo menos 500 mil mulheres até 2022 e poder contar mais histórias inspiradoras como estas.

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