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Camila Farani

Hábitos de consumo

Como a Covid-19 transformou os hábitos de consumo em bens de consumo

06/09/2020 11:00
Maior crise sanitária de nossa era, a pandemia de Covid-19 afetou completamente a forma com que o mundo funciona. Um novo relatório divulgado pela Kantar Worldpanel aponta quatro consequências principais no que diz respeito às compras daquela categoria de produtos classificados no inglês pela sigla FMCG (bens de consumo de movimento rápido ou, ainda, de grande consumo) por meio do comércio eletrônico.
O estudo registra aumento massivo na participação do total consumido desta categoria (41%), saltando de 8,8% em 2019 para 12,4%, na comparação entre os respectivos segundos trimestres do ano. Como esperado, este movimento gerou prejuízos para o varejo offline. Lanches e bebidas alcoólicas, por exemplo, apresentaram queda de 10% a 30% na maioria dos países.
Essa migração dos gastos com alimentação para o varejo online fez com que a decisão de comer dentro de casa aumentasse em 21%, gerando novas oportunidades para marcas que atuam no segmento.
De acordo com o relatório da Kantar, as transformações estão se mostrando significativas o suficiente para classificarmos este cenário como uma nova era do que está chamando “varejo líquido”, onde e-commerce e alimentação feita em casa consiga concorrer de igual para igual com o varejo físico.
Observando a evolução geral do comércio eletrônico no mundo durante a pandemia, o crescimento foi de 41% em apenas três meses, contra um crescimento de 22% no acumulado do ano. Na França, Reino Unido, Espanha e China, a participação média passou de 8,8% para 12,4% na mesma comparação.
Embora o montante despendido pelos consumidores no e-commerce tenha crescido sensivelmente ao que era registrado antes da pandemia, não foi suficiente para equilibrar a balança, já que o tíquete médio por pedido é bem menor no online. Somando offline e comércio eletrônico, a queda atingiu até 30% depois do início da pandemia.
Algumas outras consequências identificadas nos hábitos de consumo foi que as famílias têm passado mais tempo preparando e tomando o café da manhã juntas. Outro fato é que os consumidores têm “beliscado” mais entre as refeições, o que gera oportunidades para snacks e outros gêneros de produto.
A questão sanitária também levou a um aumento expressivos nas vendas de produtos de higiene e saúde. O estudo da consultoria mostra ainda notícias pouco animadoras no que diz respeito à emprego e renda. Todos os sinais apontam para meses delicados no decorrer do segundo semestre. O aumento dos níveis de desemprego em praticamente todo o mundo sugere que o cenário para bens de consumo de rápido movimento terá dificuldades para se recuperar no curto prazo.
As lições aprendidas em crises econômicas anteriores indicam alguns pontos que o varejista brasileiro precisa ficar de olho. Haverá uma redução ostensiva na venda de itens de grandes marcas, abrindo mercado para varejistas que têm produção própria. Isso acontecerá particularmente na Ásia e na América Latina, onde a participação de valor da marca privada em bens de consumo é menor do que na Europa. E, embora as promoções nas lojas físicastenham precisado ser evitadas durante a pandemia, já é hora de retomá-las, dica que vale em especial para o segmento de super e hipermercados.
De forma geral, será preciso ajustar portfólios de produtos para atender a novos comportamentos e rotinas, já que mesmo os estudos mais detalhados ainda têm dificuldade de cravar quando conseguiremos sair do cenário atual, com o distanciamento social e medidas de controle sanitário.

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