por Camila Farani

Vozes

Como lidar com um mercado ansioso?

20/10/2019 21:00
Como as pessoas estão lidando com o dinamismo dos avanços tecnológicos e da informação? A questão é que como consequência disso, estamos vendo o aumento de casos de distúrbios psicológicos, emocionais e quadros de ansiedade. Elas se transformaram em um grande dilema da nossa era. Segundo o Fórum Econômico Mundial, são 700 milhões de pessoas afetadas por problemas mentais pelo mundo. Os problemas relacionados à saúde mental custaram US$ 2,5 trilhões ao mundo em 2010, atestam dados de uma pesquisa do WEF (Fórum Econômico Mundial) e da Harvard School. Esse número no Brasil só aumenta. Em 1990, cerca de 7% da população do país se julgava ansiosa. Em 2015, esse número passou dos 9%. A Organização Mundial da Saúde (OMS), já declarou que o País é o mais ansioso do mundo, com 18,6 milhões de brasileiros.
Uma pesquisa da plataforma MindMiners de 2019, segundo artigo da Bits to Brands, de Beatriz Guarezi, com 550 pessoas em todo o Brasil, de todas as classes sociais e faixas etárias, comprovou que as redes sociais e o celular têm efeito direto no nosso sono, produtividade e, sim, ansiedade: 48% das pessoas acham que ficarão desatualizadas da vida dos amigos caso abandonem as redes sociais. Para muitos, as redes sociais são uma ferramenta para estar por dentro do que acontece com os outros. Isso é que especialistas estão chamando de fenômeno “FOMO”, que significa “fear of missing out” (ou medo de ficar de fora), que vem atingindo mais o público jovem.
E desde então surgiu a expressão "economia da ansiedade". Já ouviu? São negócios que vêem para amenizar as sensações de ansiedade presentes na contemporaneidade. Estou falando de um mercado que está avaliado em US$ 48 bilhões. Essa tendência é feita tanto do mercado gigantesco que tem se formado em torno da busca por bem estar quanto do entretenimento e do conteúdo baseados nas nossas maiores angústias, segundo ainda artigo "A economia da ansiedade", publicado na Brits to Brands.
Em fevereiro de 2019, a startup, Calm, hoje o maior aplicativo de meditação do mundo, foi avaliado em US$ 1 bilhão e entrou para o time de unicórnios. No app, o usuário pode aprender uma série de meditações ensinadas por meio de instruções em áudio. O mercado de fitness também está enxergando oportunidades nesse nicho, segundo pesquisa “The Wellness Economy” da CB Insights. Como exemplo, em 2018, a Nike anunciou uma parceria com o aplicativo de meditação Headspace para corridas guiadas por áudio. Redes de hotéis, como Moxy e Marriott, já ofereciam serviços de meditação há algum tempo, mas agora estão criando seus próprios espaços dedicados à meditação. Isso está se tornando uma tendência.
Só para ter uma noção, a pesquisa da MindMiners revela que 74% das pessoas ficam com o celular na cama antes de dormir, e 67% confessam pegar o celular, como primeira coisa que fazem ao acordar. A pesquisa da CBInsights mostrou que falta de sono já é vista como uma epidemia de saúde pública nos Estados Unidos, com mais de um terço dos adultos americanos sofrendo deste problema. O aplicativo Your Wellspace é um dos principais nessa área. Ele permite que o usuário contabilize os passos dados diariamente, registre o seu estado de espírito e analise a qualidade de seu sono, em busca de um controle maior dos comportamentos diários, dando a possibilidade de se construírem hábitos mais saudáveis.
A realidade virtual também está sendo usada em tratamentos. Segundo reportagem da IstoÉ, alguns hospitais estão treinando pacientes para reagirem melhor a situações que servem de “gatilho” para as crises. As pessoas são virtualmente expostas a situações reais, como a simulação de uma crise pânico diante de um inseto. Com o treinamento, elas vêm ganhando controle sobre as situações. Os resultados apontam redução dos sintomas.
E não é somente negócios que envolvem tecnologia, mas do mundo físico também. E os spinners, lembram deles? Aqueles brinquedos que foram uma febre mundial há dois anos. Segundo a Fox News, o mercado de fidget spinners chegou a ser avaliado em US$ 500 milhões em 2017. Outro exemplo é o mercado da aromaterapia que está crescendo exponencialmente. Segundo o site NEXO, em 2018, foram comercializadas 226 mil toneladas de óleos aromáticos ao redor do mundo, com projeções para 406 mil toneladas anuais até 2025.
O fato é que a ansiedade se transformou em um dos maiores problemas do mundo. Trata-se de um movimento sem volta, pois vivemos num mundo de incertezas e uma das grandes habilidades dos profissionais de hoje é justamente estar pronto para encarar mudanças abruptas e ser flexível. Todos nós temos um grau de ansiedade. Uns mais, outros menos. Porém, a questão é como vamos nos posicionar frente a isso? Vamos tratá-lo apenas como uma doença ou vamos criar ferramentas e artifícios que nos ajudem a lidar com nossas inquietações do dia a dia e que possa nos impulsionar de forma sustentável. Não devemos suportar a ansiedade, mas mudar o relacionamento com ela.

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