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O futebol está cada vez mais científico

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Carneiro Neto
27/04/2018 21:53 - Atualizado: 27/09/2023 19:31
Técnico do Atlético, Fernando Diniz.  Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana - AGP
Técnico do Atlético, Fernando Diniz. Foto: Felipe Rosa / Tribuna do Parana - AGP

Nem o excesso de jogos e competições, uma realidade internacional depois que a televisão passou a ser o trem pagador dos clubes, agravada na bagunçada América do Sul, está impedindo as transformações no futebol.

Amsterdã é uma tentacular rede de canais que congelam no inverno, com um inusitado trânsito de bicicletas, loiras sorridentes, mochileiros, hipsters, tailandesas apaixonantes, negros surinameses com dreadlocks caprichados, sexo nas vitrinas, drogas no coffee shops, muita música, arte e museus.

Amsterdã é a cidade do Ajax, o time que inventou o carrossel holandês, a mais importante transformação tática do futebol no século passado.

Na Copa do Mundo de 1974 a seleção da Holanda teve como base o time do Ajax, que praticamente se desmontou depois do torneio. Na semifinal o Brasil, então com a faixa de tricampeão mundial no peito, foi derrotado pela Laranja Mecânica por 2 a 0, gols de Neeskens e Cruyff.

O futebol total criado pelo treinador Rinus Michels copia princípios táticos do basquete: um jogador funciona como pivô – que no basquete atua nas duas áreas – e os outros giram em torno dele. Mas, na realidade, quem gira mesmo é a bola.

Sem posição definida, seguindo rigorosamente as instruções táticas e baseados numa preparação física espartana, os jovens holandeses moldaram o futuro do futebol.

Assistindo aos jogos dos campeonatos europeus observamos que o futebol continua em franca evolução tática. Ele exige dos praticantes múltipla participação nas ações de defesa, de armação e de ataque. O futebol total tornou-se uma realidade.

Essa evolução do jogo vai tirando dos campos os especialistas e valorizando os polivalentes. É preciso ser um gênio em sua especialidade – como Cristiano Ronaldo e Messi, por exemplo – para ganhar dispensa, no futebol de hoje em dia, da obrigação de desempenhar múltiplas funções. E mesmo assim tanto o goleador do Real Madrid como o craque do Barcelona ajudam na marcação em determinadas situações.

No passado era impensável ver um centro-avante ou um ponteiro ao lado dos zagueiros formando o cinturão defensivo.

Até mesmo no esvaziado futebol sul-americano, em parte pela desorganização dos torneios com excesso de participantes e muito pelo êxodo dos melhores jogadores para os centros mais ricos, tem apresentado algumas novidades.

Dificilmente um grande time pode jogar em função de um ou de dois jogadores na atualidade. Pelo contrário, os talentos individuais precisam se encaixar no jogo coletivo.

Como o futebol está cada vez mais científico, tornou-se difícil para o jogador menos inteligente participar das grandes formações. Ou aquele tipo de jogador que não possui versatilidade para adaptar-se aos modernos sistemas de jogo.

A polivalência dos jogadores é uma exigência da imprescindível variação de jogadas criada nos últimos tempos. Os times e jogadores monocórdios estão condenados ao fracasso.

É indispensável o cultivo da multiplicidade de recursos e de funções para que craques e times transformem em rendimento o que originalmente era apenas dom.

Foi-se o tempo do futebol improvisado. E é por isso que a incansável disposição do novato Fernando Diniz vem chamando a atenção. Em pouco tempo o time do Atlético mostrou um estilo diferente de jogar.

Com a bola circulando de pé em pé pelo campo inteiro o Furacão tem sido a maior novidade da temporada.

Tão importante como a polivalência é a capacidade de os jogadores descobrirem espaços para a marcação dos gols. É um tipo de improvisação individual no momento certo, algo típico do jogador brasileiro que vem sendo resgatado ultimamente.

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