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Algo anda errado no reino do Athletico. Mas cuidado com o Oráculo de Delfos

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Carneiro Neto
17/05/2019 17:50 - Atualizado: 29/09/2023 23:30
Algo anda errado no reino do Athletico. Mas cuidado com o Oráculo de Delfos

Na sua estratégia de comunicação para explicar o caso do doping do jogador Tiago Heleno, o Athletico lembra o modelo do Oráculo de Delfos.

Em vez do presidente do Conselho Diretor – Luiz Salim Emed –, como procedem todos os clubes, a entrevista coletiva foi concedida pelo presidente do Conselho Deliberativo, Mario Celso Petraglia.

Muitas vezes, em suas raras manifestações públicas, o vitorioso e polêmico Petraglia prefere ambigüidades e expressões vagas porque precisa preservar margens de manobra. Não raras vezes ironiza a mídia paranaense, afirmando que prefere recorrer as redes nacionais de televisão para apresentar os seus projetos e realizações.

No caso da coletiva da semana que se encerra, Petraglia não só recorreu a imprensa local, como se apresentou com sinais de abatimento pela grave ocorrência dentro da cozinha do CT do Caju.

Ah, ia me esquecendo do Oráculo de Delfos, que inspirou este comentário.

No século 5 a.C., relata Heródoto, Creso era o rei da Lídia – hoje sudoeste da Turquia – e enfrentou a ameaça de Ciro II, da Pérsia, cujas forças acamparam na margem leste do Rio Hális.

Na dúvida se sairia para combater o inimigo ou se permaneceria em segurança na cidadela de Sardes, sua capital, Creso consultou o Oráculo de Delfos.

Envolta pelos vapores que emanavam do chão, a resposta da pitonisa foi antológica: “Se cruzares com teu exército o Rio Hális, destruirás um grande reino”.

Animado pela mensagem do deus Apolo, Creso saiu a combater Ciro II e foi fragorosamente derrotado.

Quando cobrou o Oráculo pelo acontecido, foi-lhe dito que o grande reino a ser destruído era o dele e não o de Ciro II.

Voltemos a tumultuada entrevista coletiva.

A clareza de suas justificativas encaminhava as coisas para uma boa matéria jornalística quando a repórter Luana Kaseker, desta Gazeta do Povo, questionou sobre a dívida do Athletico com a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado. Petraglia, em mais um de seus rompantes, mandou a jovem jornalista calar-se e ameaçou proibir o jornal de participar de entrevistas futuras.

Tudo muito lamentável e perfeitamente contornável se houvesse equilíbrio emocional por parte do veterano dirigente.

O uso do suplemento para emagrecimento e aumento da massa muscular ministrado pela nutricionista, – pratica comum em todos os clubes e em todas as modalidades esportivas, – continuaria passando despercebido não fosse o flagra da comissão anti-doping da Conmebol.

A surpresa foi que o equivoco na dosagem do suplemento, ou algo do gênero, tenha ocorrido dentro de um clube que se jacta pela modernidade e infalibilidade.

E vai mais além, porque tenta mudar a forma de relacionamento com o torcedor.

Se o futebol sempre foi associado a emoção, festa, democracia, catarse popular, alívio de tensões, válvula de escape, improviso, arte e picardia a atual direção atleticana estipulou regras rígidas para o que pode e o que não pode acontecer dentro da Arena da Baixada.

Aos poucos, os dirigentes conseguiram transformar em fonte de repressão o que seria só jogo e prazer.

Sem alarde, insidiosamente, se jogou uma tela de contenção, que atinge indistintamente todos aqueles que amam e vibram com o Furacão.

Sob a máscara de gestão profissional, de segurança, de modernidade, de higiene, de disciplina, espalharam-se normas que restringem a liberdade dos torcedores e associados.

A consequência foi o esvaziamento da Arena da Baixada que, em vez da lotação dos tempos da velha Baixada, ou da primeira Arena na campanha do título de campeão brasileiro, por exemplo, observa-se uma média de apenas 11 mil pessoas. E exatamente no melhor momento técnico da história do time rubro-negro.

Jamais o Athletico desfrutou de um calendário tão rico, de uma exposição de marca tão ampla e de poder expandir o seu quadro social aos desejados 40 mil membros.

No campo de jogo também se observa um grave problema no condicionamento físico da equipe que menos jogou na temporada e que apresenta declínio na última meia hora da maioria dos jogos. Quinta feira, depois de um primeiro tempo de bom rendimento, o time de Tiago Nunes baixou a rotação, foi dominado pelo fraco Fortaleza e emitiu sinais claros de desgaste físico.

Algo anda errado no reino atleticano. Mas todo cuidado ao consultar o Oráculo de Delfos.

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