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Papelão de Boca e River foi devastador para imagem sul-americana

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Carneiro Neto
30/11/2018 14:59 - Atualizado: 29/09/2023 23:40
Papelão de Boca e River foi devastador para imagem sul-americana

As coisas nunca foram fáceis na América Latina.

Daí os líderes populistas, ditaduras implacáveis, governantes incompetentes, políticos e empresários corruptos, desequilíbrio econômico, pouca educação, falta de cultura da maioria, insegurança, desemprego, desespero, pobreza, enfim, um drama eterno.

Mas, além das belezas naturais, existem muitas coisas boas deste lado do mundo. Alguns autores respeitados, boa música, generosidade e alegria em meio a simplicidade da população, religiosidade profunda, pessoas bronzeadas, mulheres bonitas, bons esportistas com destaque ao sucesso dos times e das seleções nacionais no futebol.

Pois agora nem o futebol consegue ganhar manchetes positivas na mídia mundial.

O papelão proporcionado por River Plate e Boca Junior, finalistas da Copa Libertadores da América, foi devastador para a imagem sul-americana.

Os fatos todos conhecem. As consequências levaram a Conmebol – órgão tão desgastado por malfeitos como a FIFA e a nossa CBF de estimação – a marcar o jogo para Madri. Vejam só, o torcedor argentino não poderá assistir a final histórica em seu país.

O Boca Junior nega-se a jogar no estádio Monumental de Nuñez, com certa razão. Mas, marotamente, requereu o título no tapetão.

A Conmebol interditou o estádio do River Plate e determinou a realização da final no Santiago Bernabeu, na capital espanhola.

Agora é o River Plate que se nega a atravessar o Atlântico para jogar.

Já passou da hora de o nosso sub-continente criar juízo e resolver os seus mais graves problemas.

Da ditadura bolivariana na Venezuela, passando pelo narcotráfico que tomou conta do pedaço chegamos ao vexame futebolístico proporcionado pelos dois mais importantes clubes argentinos.

Esperamos, com todo ardor, que os confrontos entre Clube Atlético Paranaense e Junior Barranquilla, decidindo o título da Copa Sul-Americana, transcorram de maneira serena, civilizada e elevado espírito esportivo.

Entre as lendas do futebol brasileiro – aqueles episódios que viverão para sempre entre realidade e ficção – uma das mais famosas tem como cenário a preparação da seleção para o jogo com a União Soviética. Foi na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, a primeira vencida pelo Brasil.

O treinador Vicente Feola ensaiava as jogadas para o aguardado jogo, interrompendo as ações e dando instruções. Corrigiu posicionamentos e mostrou no quadro negro como era o desenho tático dos soviéticos de Yashin, Igor Neto e outros menos famosos.

Após o trabalho minucioso de preparação, o gordo Feola foi interrompido pelo genial Garrincha: “Mas a gente já combinou com os russos ?”.

Na sua simplicidade quase inacreditável, o supercraque entendia que, para os lances saírem daquele jeito, os adversários teriam de se comportar da maneira que os reservas faziam, na simulação artificial do treinamento. Ou então, toda aquela relação serviria para nada.

O cotidiano da América Latina anda precisando da inspiração de Mané Garrincha.

Sem um mínimo de combinação, está ficando cada vez mais difícil a vida nesta terra ensolarada e leniente.

Raso planejamento estratégico, ausência de consciência social, responsabilidade pública, segurança, muito individualismo, intolerância e desrespeito aos menos favorecidos.

O vergonhoso capítulo da partida entre os argentinos não é nada comparado a fuga dos pobres venezuelanos que passam fome.

O problema latino-americano é que se acostumou, desde sempre, à tutela das autoridades, com toda a população jogando a culpa no Estado.

O futebol, que sempre funcionou como válvula de escape das tensões humanas, saiu de controle naquela tarde de domingo nas cercanias do estádio Monumental de Nuñez, em Buenos Aires.

Para conhecermos o campeão da Copa Libertadores da América o futebol sul-americano precisa combinar com os russos.

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