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Encerramento do Esporte Interativo provoca impacto gigante no futebol

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Carneiro Neto
10/08/2018 18:10 - Atualizado: 27/09/2023 19:20
Encerramento do Esporte Interativo provoca impacto gigante no futebol

O futebol mudou de dono.

Em priscas eras os dirigentes foram respeitados e até mesmo estimados.

Eles organizaram os primeiros times, compraram bolas, camisas, calções, meias e chuteiras, cuidaram dos gramados, construíram arquibancadas e gerais nos pequenos estádios, procuraram os jogadores e não raras vezes tiraram dinheiro dos próprios bolsos para manter as atividades regulares em dia.

Foram autênticos mecenas.

Por isso mesmo, eram tratados com reverência e agradecimento por atletas e torcedores.

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Os jogadores suavam a camisa em troca pequenas gratificações e pela conquista de um emprego. No tempo do amadorismo o sonho do jovem atleta era conseguir uma colocação no reduzido mercado de trabalho. Nada melhor do que contar com o apoio de algum dirigente influente para a conquista de um cargo público.

Com a profissionalização do futebol aumentou o intercâmbio de jogadores, treinadores e o inevitável surgimento do cartola.

Cartola, porque junto ao fraque e as polainas, constituía a indumentária do sujeito que se destacava na sociedade.

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Na gíria do futebol o gestor do clube passou a ser identificado como cartola.

Recebia os profissionais da bola e os repórteres em ambientes sofisticados, dependendo do calibre do clube, e aprontavam todas nos bastidores. Do assédio aos bandeirinhas e árbitros, passando pelo tapetão das federações e da CBF, reinavam absolutos.

Essa instituição tão criticada, com imagem e atuação intimamente ligadas a atividade mais popular do planeta, modernamente vai perdendo espaço, assim como o mito do amor à camisa.

O personagem todo-poderoso, que manda no clube mais do que na casa dele, talvez ainda não se tenha dado conta de que aos poucos está sendo substituído por outro mais forte e duradouro: o investidor.

O manda-chuva prepotente, esperto, muitas vezes folclórico, está sendo forçado a ceder lugar para o senhor investidor.

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Nem sempre se sabe quem é. Na maioria das vezes trata-se de grandes grupos de investimento ou corporações multinacionais que lançam os seus tentáculos sobre o bilionário universo futebolístico.

Os novos donos da bola tratam de tudo.

Das transações que envolvem jogadores no mercado mundial, da marca da bola que será usada, dos uniformes, dos patrocinadores, dos regulamentos, dos calendários e dos horários dos jogos.

Nas últimas décadas a TV tornou-se uma das donas da bola.

Pelo poder de difusão, cada vez mais intenso com a moderna tecnologia e novas plataformas, a televisão passou a representar importante fonte de renda para os times.

Publicidade, sócios, comercialização dos espaços nas arenas, venda de jogadores, tudo representa faturamento. Mas nada supera o pacote da TV, a verdadeira dona do espetáculo.

Como paga bem, ela ganhou o direito e a autoridade de participar da organização dos torneios. Por isso, volta e meia o torcedor é surpreendido pelo estranho horário de uma partida do seu time. A isso se dá o nome de grade de programação. Nos canais fechados basta ligar o aparelho que sempre a bola está rolando em algum gramado do mundo.

Daí a surpresa e o impacto causado no mercado com a comunicação do encerramento das atividades do canal EI – Esporte Interativo –, um gigante da comunicação dos Estados Unidos.

Diversos clubes brasileiros terão de rever os contratos com o EI para não ficarem de mãos abanando nas próximas temporadas.

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