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O artista de rua sofre nas mãos dos treinadores

Por
Carneiro Neto
07/02/2020 13:57 - Atualizado: 29/09/2023 23:15
André Jardine comanda a seleção brasileira sub-23 no Pré-Olímpico. Vaga para Tóquio está por um fio
André Jardine comanda a seleção brasileira sub-23 no Pré-Olímpico. Vaga para Tóquio está por um fio | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Acompanhando a trajetória da seleção brasileira no Pré-Olímpico
percebi o quanto os técnicos atrapalham os jogadores no futebol atual.

Mesmo contando com grandes revelações e talentos raros, que
logo se firmarão no cenário internacional, o treinador André Jardine insiste em
mexer constantemente no time, promover rodízios ou simplesmente atazanar a vida
dos garotos com sistemas táticos rígidos e engessadores.

O resultado é que, de uma classificação tranquila, a seleção
brasileira terá de vencer a Argentina para chegar a Tóquio.

Isso me recordou uma entrevista do holandês Johan Cruyff, um dos maiores astros de todas as Copas e que, na condição de treinador, revolucionou o Barcelona. Ele louvava, à revista francesa “L´Equipe”, ao que denominou de jogador de rua.

Na época, inicio da década de 1990, estabelecia uma
distinção entre o futebol brasileiro e o europeu: para ele, no Velho Mundo,
faltava esse tipo de jogador que faz seu aprendizado nas ruas, nos terrenos e
nas praias brasileiras. Na Europa quando surge um jogador assim, logo vira
exceção. Como ele.

E ainda citava Beckenbauer e Platini, como outros craques de
rua. E curvava-se diante da genialidade de Pelé e tantos outros brasileiros.

Qual seria o privilégio do jovem que faz as primeiras
embaixadas e joga as primeiras peladas nas ruas?

Segundo Cruyff, seria a liberdade.

A oportunidade de escapar ao jogo dos técnicos que, nas
escolinhas dos clubes, começam a tolher a criatividade e o individualismo de
meninos de 10 e 12 anos, obrigados desde cedo a assimilar esquemas, exigências
e obrigações no futebol dito moderno.

Craque como poucos e convertido a treinador, o saudoso
Cruyff talvez não soubesse que aqui no Brasil sofremos do mesmo mal – o
tecnicismo que persegue e inibe o jogador, da escolinha à seleção.

Voltando a seleção brasileira pré-olímpica, é triste
observar jogadores talentosos e com natural vocação para a prática do futebol
tenham que se submeter a escravização da rigidez das táticas e à opção dos
treinadores pela tarefa mais fácil e mais cômoda da destruição.

Marcar, marcar sempre, ocupar o espaço, obstruir, impedir a
ação do adversário, são algumas palavras de ordem que os meninos inventivos e
criativos estão cansados de ouvir.

Os atuais treinadores não sabem que um drible pode ser mais
bonito do que um gol.

Ou a imagem do desconcertante drible de Marcelo Cirino, na final da Copa do Brasil no Beira-Rio, mais do que o gol de Rony para o Athletico, não ficou eternamente gravada na retina dos puristas e apaixonados pelo futebol arte ?

Sou fã dos jogadores que desafiam os técnicos e passam a vida correndo e driblando para fugir dos medíocres.

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