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Parece missão quase impossível reprogramar o torcedor

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Carneiro Neto
29/01/2018 00:12 - Atualizado: 27/09/2023 19:35
Parece missão quase impossível reprogramar o torcedor

Os médicos nos afirmam que memória não tem remédio.

Uma gripe você ser curada com chá de gengibre, limão, mel, dependendo do caso, um pouco de conhaque, e cama.

Uma dor nas costas com o velho e bom Beserol, assim como a veterana Neosaldina é infalível para enxaqueca.

Mas não há vitaminas, mezinhas, chá amargo, alopatia, homeopatia, nem pajelança para a cabeça.

A memória de cada um pode ser afiada ou não, independentemente de qualquer tipo de estímulo oriental ou de exercícios transcendentais.

Há, porém, um tipo de memória que tem remédio, sim senhor.

Anda em péssimo estado, sabemos. Também pudera, com tanta coisa ruim acontecendo e a tremenda decepção com os políticos nos últimos anos, mas a memória do futebol brasileiro sobrevive.

Aliás, os brasileiros podem ter muitos defeitos, e temos em quantidades nada desprezíveis, se nos compararmos aos nórdicos ou alguns povos asiáticos e europeus, mas não gostamos de ser enganados.

Podemos até demorar um pouco para percebemos. Afinal não somos perfeitos, e ainda por cima carregamos a boa vontade latina.

Mas, voltando a vaca fria, como dizia minha veneranda avó, descendente de várias gerações portuguesas neste lado de baixo do Equador, a nossa memória anda depauperada, mas em condições de ser recuperada.

Tudo isso vem a propósito dos campeonatos em andamento.

Por maior que seja a influencia e a força da mídia parece missão quase impossível reprogramar o torcedor.

Os campeonatos estaduais perderam tanta importância, que estamos numa fase comparável a da tradição oral, quando os heróis e seus feitos passavam de geração para geração, na forma de poemas e lendas.

Lembra daquele Atletiba que não terminou? Lembra daquela final na Vila Capanema? Lembra daquela vez que o juiz levou um corridão no campo do Água Verde?

Como o futebol transformou-se em um valioso produto da televisão mundial é vendido para o espectador como tal.

Virou um espetáculo muito grandioso.

Assim, o torcedor se confunde entre os apelos atrativos das competições superpostas.

Uma hora é prepare o seu coração para as emoções do campeonato estadual, dali a pouco fique atento para a Copa do Brasil que vai começar e daqui a pouco aperte o seu coração para os jogos do Campeonato Brasileiro. Sem esquecer da Libertadores, da Copa Sul-Americana e, é claro, da Copa do Mundo que está chegando.

Será que os promotores dos eventos e os programadores das exibições dos jogos na televisão não deveriam pensar um pouco na memória do humilde torcedor que sofre e vibra com o seu time?

Como fica a cabecinha daquele inocente fervoroso e apaixonado fiel seguidor que se vê obrigado a dosar as emoções entre competições com grau de importância tão diferentes?

Para respeitar a inteligência do aficionado e preservar a sua fidelidade, o mais indicado não seria a racionalização dos eventos?

Ou, por outra, o enxugamento das atrações para que a memória coletiva não se perca de maneira irreversível no meio do caminho.

A dose exagerada pode fazer mal ao paciente, como tem acontecido com o noticiário político e policial nos últimos tempos.

O povo quer apenas ser feliz. Pelo menos no entretenimento.

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