‘Sueños’ do Athletico e ‘ilusiones’ de Grêmio, Palmeiras e Flamengo
Antes de iniciar a conversar precisamos combinar que não existem verdades definitivas no futebol.
Entendidos nesta parte, podemos seguir em frente, sem achar que, após a brilhante apresentação e goleada sobre o Boca Juniors, o Athletico será campeão da Copa Libertadores da América.
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Nada disso. Pode até vencer o torneio, mas por enquanto é melhor avaliar o momento e continuar caminhando, como se diz em castelhano, de “pasito”. Ou seja, devagar com o andor porque o santo é de barro.
Uma coisa que aprendi com o passar dos anos é que no futebol não existem verdades definitivas. De repente, por uma má atuação ou simples falta de sorte em alguns jogos, o time pode entrar em declínio técnico. Às vezes, leva tempo para se ajeitar de novo. Está aí o Grêmio que, depois do título de campeão da Libertadores, não conseguiu manter o mesmo padrão de atuações mesmo tendo feito grandes investimentos no elenco. Agora, depois de perder para o Universidad Católica está em último lugar no seu grupo.
Mas que a torcida atleticana está eufórica está. E tem bons motivos para isso, afinal não é sempre que um time emergente conquista a Copa Sul-Americana e começa a mostrar futebol de gente grande na Libertadores.
Tudo isso é fruto de um trabalho científico realizado no CT do Caju há pelo menos três anos. Paulo Autuori deu as coordenadas, executivos do departamento de futebol atleticano e membros da comissão-técnica seguem a cartilha à risca.
Como está dando certo, o Furacão vai em frente.
É a demonstração clara de que só o dinheiro não resolve tudo em futebol. Antes, pelo contrário, a inteligência e a criatividade são requisitos mais valiosos do que a chuva de dinheiro que se abate, por exemplo, sobre Flamengo e Palmeiras no momento.
Ambos estão recebendo investimentos milionários de todos os lados, mas marcam passo dentro de campo com apresentações pífias e distantes das expectativas criadas pelo fausto econômico.
Por isso, os veteranos Abel Braga e Felipão estão sendo cobrados e correndo o risco de serem defenestrados do cargo.
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Sem um elenco estelar, apenas mesclando jogadores experientes com jovens revelações e contratações pontuais com excelente retorno, como Marco Ruben e Rony, alguns entre os reluzentes destaques do último jogo.
Tiago Nunes tem plena consciência de que para se manter neste novo patamar, uma espécie de Primeiro Mundo futebolístico, será necessário muito equilíbrio, dedicação e, sobretudo, resultados.
Daqui a pouco esses mesmos jogadores terão de balancear o rendimento entre a Libertadores – o Primeiro Mundo – e o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil – o Segundo Mundo.
Sim, pela queda técnica do futebol continental nos últimos anos pelo êxodo dos craques, os torneios nacionais passaram a ser inferiores. Para evitar o pior, as entidades – no caso a CBF – aumentaram significativamente a premiação dos participantes para manter o interesse nas disputas.
E, obviamente, a televisão também teve de mexer no bolso para oferecer valores mais atrativos aqueles que dão as cartas no futebol da América do Sul.
O alto comando do Athletico tem consciência de que a fase é boa, talvez mais do que simplesmente boa. Ela é ótima. E a torcida deve aproveitá-la, sempre esperando que dure bastante tempo.
Como daqui a pouco terá confrontos com outro gigante continental, o River Plate, pela Recopa, o Athletico vive una fase de sueños sin ilusiones (sonhos sem ilusões).
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