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Pfizer anunciou que a análise final da fase 3 da vacina que está desenvolvendo demonstrou 95% de eficácia.| Foto: Divulgação/Pfizer

Quando a vida voltará ao normal? Essa é uma pergunta que se faz em todo o mundo sem que se tenha uma resposta segura. Ao mesmo tempo em que os registros de uma segunda onda de infecções por coronavírus assombra diversos países, a esperança aumenta a cada dia com os estudos para produção de vacinas eficazes contra a covid-19.

Cinco imunizantes em estudo anunciaram êxito nos testes clínicos recentemente. Os resultados promissores levaram a projeções de que até o final de 2021 o mundo pode aniquilar o vírus e se livrar da doença, desde que conte com empenho das autoridades e seja vencida a resistência de setores que ainda tentam negar a ciência.

A Pfizer anunciou nesta quarta-feira (18) que a análise final da fase 3 da vacina que está desenvolvendo demonstrou 95% de eficácia, 28 dias após a primeira dose, e se mostrou segura. A eficácia observada em adultos com mais de 65 anos de idade foi superior a 94%, segundo a empresa. Outra companhia americana, a Moderna, também informou que sua vacina tem 94,5% de eficácia.

Vacinas - Coronavac
A Coronavac tem 97% de eficácia, segundo publicação da revista científica The Lancet. | Divulgação/Instituto Butantan

Fora dos Estados Unidos, outros laboratórios também avançam na busca de vacinas. O chinês Sinovac Biotech afirmou que a Coronavac é segura e consegue produzir uma resposta imune do organismo contra o vírus Sars-CoV-2. Os resultados dos testes foram publicados pela renomada revista científica “The Lancet”, na noite de terça-feira (17). A vacina, segundo a publicação, tem capacidade de produzir resposta imune no organismo 28 dias após sua aplicação em 97% dos casos. Esses dados colocariam a Coronavac como um dos imunizantes mais eficazes em estudo até agora.

A Universidade de Oxford, que também desenvolve uma vacina contra covid-19 em conjunto com o laboratório AstraZeneca, disse que o imunizante em análise produz resposta imunológica em idosos e também em jovens.

Na corrida para barrar o coronavírus, o Instituto Gamaleya, da Rússia, anunciou que sua vacina tem 92% de eficácia. Segundo os desenvolvedores da Sputinik V, os resultados ainda não foram revisados por outros cientistas e devem ser publicados em revista científica em breve.

Ugur Sahin, co-fundador da companhia alemã BioNTech, empresa que trabalha em parceria com a Pfizer na criação da vacina BNT162, prevê que a produção de imunizantes vai aumentar rapidamente a partir do segundo semestre de 2021, e a vida deve voltar ao normal até o início de 2022.

"Estou muito confiante de que a transmissão entre as pessoas será reduzida por uma vacina tão eficaz. Talvez não 90%, mas talvez 50%. Não devemos, entretanto, esquecer que mesmo isso pode resultar em uma redução dramática da propagação da pandemia", disse Sahin em entrevista da rede britânica BBC.

Conforme avançam os estudos e os testes com novas vacinas, uma das questões que mais preocupam é a distribuição em massa assim que as vacinas forem aprovadas. Imunizar bilhões de pessoas em curto período de tempo requer grandes parques industriais, sistemas de distribuição e armazenamento complexos, além de tecnologia aplicada à logística.

Dois dos imunizantes em fase final de testes, por exemplo, precisam de alto grau de refrigeração para serem mantidos. A vacina da Pfizer usa uma tecnologia nova, com RNA mensageiro. Isso requer congelamento das injeções a temperatura de -70ºC, o que pode ser um desafio para países com dimensões continentais, como os EUA e o Brasil. Também é uma complicação para países em desenvolvimento, que não possuem estrutura de refrigeração adequada.

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O Instituto Gamaleya, da Rússia, também corre contra o tempo para produzir uma vacina contra a covid-19.| Divulgação/Instituto Gamaleya

A Moderna informou que sua vacina pode permanecer em condições de uso por até 30 dias após a fabricação, desde que armazenada em ambientes refrigerados entre 2 e 8 graus celsius. Se armazenada em ambiente abaixo de 20 graus celsius, pode durar por 6 meses, segundo a empresa. Em temperatura ambiente, a vida útil é de apenas 12 horas.

Diante dessas restrições, muitos países em desenvolvimento estão apostando na coronavac. De acordo com o laboratório chinês Sinovac, o imunizante em teste pode representar uma opção atraente porque pode ser conservada em refrigeração padrão, entre 2ºC e 8ºC, como ocorre com a maior parte das vacinas em uso atualmente, incluindo a contra a gripe. A coronavac poderia ser conservada e ficar estável por até três anos, o que seria uma das vantagens para a distribuição também para lugares remotos.

A produção em grande escala é outro desafio. Em comunicado à imprensa nesta quarta-feira (18), Pfizer e BiNTech informam que esperam produzir globalmente até 50 milhões de doses de vacina em 2020. O número seria suficiente para imunizar apenas uma parte reduzida da população mundial. O avanço, segundo as empresas, virá em 2021, com produção de 1,3 bilhão de doses até o final do ano.

O Brasil possui até agora acordos bilaterais para ter 256 milhões de doses das vacinas que estão sendo desenvolvidas na China e no Reino Unido. O compromisso de compra e transferência da Coronavac, vacina chinesa, foi firmado pelo governo de São Paulo, com o Instituto Butantan, enquanto que o governo federal firmou contrato com a Universidade de Oxford, em parceria com a Fiocruz. O país também integra a Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a distribuição de imunizantes licenciados.

A maior parte desse volume de imunizantes, no entanto, só deverá ser colocado à disposição da população brasileira – caso sejam aprovados pela Anvisa – a partir do segundo trimestre de 2021. Para produzir vacina local, Butantan e Fiocruz terão de fazer grandes investimentos em seus laboratórios. O governo de São Paulo, por exemplo, prevê investir R$ 160 milhões na reforma da fábrica do Butantã, que será responsável pela produção da Coronavac.

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