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Crédito da foto: Alberto Pizzoli/AFP
Crédito da foto: Alberto Pizzoli/AFP| Foto:

Em dezembro de 2010, último mês de oito anos da gestão Lula, 83% dos brasileiros consideravam o governo bom ou ótimo (segundo o Datafolha). Era a melhor avaliação da história. A economia crescia 7,5% ao ano, o país se preparava para sediar Copa do Mundo e Olimpíadas.

Se tudo era otimismo, o presidente parecia poder quase tudo. Elegeu um poste para sucedê-lo no Palácio do Planalto. Seu gesto mais simbólico daqueles anos de euforia, contudo, foi abrigar um condenado pelo homicídio de quatro pessoas, o terrorista Cesare Battisti.

A decisão de não extraditar Battisti à Itália, onde cumpriria pena de prisão perpétua, ocorreu exatamente no último dia de governo. Um ano antes, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia decidido o contrário, mas admitiu que a palavra final caberia ao presidente.

De acordo com a Justiça da Itália, Battisti participou do assassinato de um açougueiro, um joalheiro e dois policiais, entre os anos de 1977 e 1979, quando integrava o grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC). Lula nunca fez menção a qualquer aspecto ideológico da sua decisão.

O povo estava distraído com o espetáculo do crescimento e fez vista grossa. Mas os italianos não deixaram barato.

“O presidente Lula terá de explicar sua decisão não apenas ao governo italiano, mas a todos os italianos, especialmente às famílias das vítimas”, dizia uma nota do governo italiano assinada naquele 31 de dezembro.

Então ministro da Defesa da Itália, Ignazio La Russa declarou ao Corriere della Sera: “Não recomendo a ninguém ir para um país onde assassinos são postos em liberdade.”

Lula acabou preso por corrupção e lavagem de dinheiro, em 2018. Ano em que a mamata brasileira de Battisti acabou. Ele fugiu para a Bolívia, onde foi preso no último final de semana.

A única “sorte” de Lula foi que nem Michel Temer, muito menos Jair Bolsonaro conseguiram tirar uma casquinha da história. Bolsonaro poderia ter saído por cima, afinal, não teve participação nas trapalhadas para soltar nem para tentar prender posteriormente Battisti. Até seu governo inventar de mandar um avião da Polícia Federal para Santa Cruz de la Sierra.

Battisti não teve a sorte de passar por território brasileiro, o que poderia permitir que ele não cumprisse prisão perpétua, e acabou indo direto a Roma.

Houve justa celebração do governo direitista italiano e um comportamento sobriamente adequado da gestão esquerdista boliviana. Espera-se que, pelo menos, o Brasil tenha aprendido a grandeza de se manter fora deste tipo de roubada, em qualquer aspecto, pelos próximos anos.

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