O nepotismo na família do governador Roberto Requião (PMDB) tem mais de 130 anos, segundo uma descoberta do cientista político e professor da UFPR Ricardo Costa de Oliveira. Ele encontrou uma carta no Museu Thiago de Lacerda, em Lages (SC), que fala sobre o processo de indicação do bisavô do peemedebista, o sergipano Justiniano de Mello e Silva, para o cargo de secretário da presidência da província do Paraná. O documento é datado de 11 de junho de 1875 e foi redigido por Antonio José Fernandes de Barros para o amigo Manoel Cardoso.
“A carta diz que o bisavô do governador foi nomeado porque era parente de importantes autoridades do império. A família é original de Sergipe”, explica Oliveira. Em dezembro de 2006, logo após ser reeleito governador, Requião foi homenageado pelo governo de Sergipe com a Medalha da Ordem do Mérito Aperipê e disse que a distinção foi a “mais valiosa da sua vida”. A medalha foi entregue pelo governador de Sergipe, Alves Filho.
Após o bisavô, todas as gerações dos Mello e Silva tiveram cargos públicos. O avô do governador, Wallace de Mello e Silva, foi chefe da estação ferroviária de Curitiba e fundador do Centro dos Ferroviários do Paraná e Santa Catarina. Já o pai, Wallace Tadeu de Mello e Silva, foi prefeito de Curitiba.
O governador, cujo nome completo é Roberto Requião de Mello e Silva, manteve a tradição dos cargos públicos e do nepotismo herdada do bisavô Justiniano. Neste governo, por exemplo, empregou a esposa Maristela (diretora do Museu Oscar Niemeyer); os irmãos Maurício (secretário da Educação) e Eduardo (superintendente do Porto de Paranaguá); além dos sobrinhos João Arruda Sobrinho (superintendente da Cohapar) e Paikan Salomon de Mello e Silva (produtor da TV Educativa). Apenas Maurício não continua no governo. Saiu quando foi eleito conselheiro do Tribunal de Contas.
Publicado na edição impressa de domingo da Gazeta do Povo
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