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Coluna publicada hoje na edição impressa da Gazeta do Povo:

Do alto do Planalto Central, é possível avistar dois Paranás. Um é próspero e rico, retrato de gente trabalhadora e do quinto maior PIB do país. O outro dá medo, lembra um daqueles lugares bizarros de séries americanas, algo como Twin Peaks.

Há algum tempo um amigo curitibano que também é jornalista e trabalha em São Paulo cunhou uma expressão que define bem a dubiedade desse cenário. Segundo ele, o Paraná é um “faroeste polaco”. E nada contra os descendentes de poloneses (eu mesmo tenho sangue da Cracóvia), é só uma paródia aos caboclos de Renato Russo.

De fora, percebe-se com mais clareza a grande quantidade de notícias assustadoras que saem das terras paranaenses. Do caso da menina brutalmente assassinada que teve o corpo abandonado dentro de uma mala na rodoviária de Curitiba, passando pela festinha de presos com direito a piscina dentro de uma delegacia em Bandeirantes até a reportagem de ontem da Gazeta do Povo que mostrou policiais usando uma viatura oficial para ir a um bordel. Esse ambiente estranho, claro, também permeia a política.

Na última quinta-feira, os deputados federais Fernando Francischini (PSDB) e Dr. Rosinha (PT) quase trocaram sopapos durante a CPMI do Cachoeira. Tudo porque o tucano havia acusado o relator da comissão, Odair Cunha (PT-MG), de ser “tchutchuca” quando tratava do governador Agnelo Queiroz (PT-DF) e “tigrão” ao mencionar Marconi Perillo (PSDB-GO).

Rosinha criticou o palavreado de Francischini, que partiu para cima do petista paranaense: “você vai me enfrentar?”

As imagens foram parar em todos os telejornais nacionais. Semanas antes, outra cena chamou atenção. O vereador João Cláudio Derosso (PSDB) tomou o microfone da mão de um repórter do programa CQC, da Rede Bandeirantes, e jogou pela janela do quarto andar da Câmara Municipal de Curitiba.

Em 2011, o senador Roberto Requião (PMDB) também tomou o gravador de um repórter da Rádio Bandeirantes, de São Paulo, no plenário do Senado. A motivação de Derosso e Requião foi idêntica: ambos não gostaram das perguntas que estavam sendo feitas. Em 2004, quando era governador pela segunda vez, Requião já havia torcido o dedo do jornalista Fábio Silveira, do Jornal de Londrina, durante uma entrevista.

Curioso que o primeiro a abafar a confusão da semana passada entre Rosinha e Francischini foi Rubens Bueno (PPS). Em 2010, ele também ganhou destaque no noticiário por brigar com Requião no aeroporto de Campo Mourão. Na época, Bueno admitiu que deu um soco no peemedebista, enquanto Requião negou ter recebido o golpe.

A propósito, o uso das expressões “tchutchuca” e “tigrão” na política não foi uma invenção de Francischini, mas sim de Requião. Elas teriam sido usadas pela primeira vez em 2002, em referência ao comportamento “tigrão” dos então irmãos senadores Alvaro e Osmar Dias contra a corrupção no Paraná e “tchutchuca” em relação ao governo FHC em Brasília.

Entre agressões verbais e físicas, a política paranaense tem dificuldades de mudar de capítulo. Continua sendo um faroeste. Sem a elegância de um Clint Eastwood, com a rudeza dos “tigrões”.

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