O PT mandou um recado aos militantes nesta semana: quer todo mundo nas ruas, praças e feiras (sim, inclusive nas feiras) no próximo domingo (27) para anunciar que Lula será candidato a presidente. No 1º de Maio, petistas e centrais sindicais também quiseram mais ou menos a mesma coisa: parar o Brasil. A histórica manifestação unificada das centrais no Dia do Trabalho juntou 5 mil pessoas na cidade em que Lula está preso – o que não foi suficiente nem para parar as redondezas do centro de Curitiba.
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O mais otimista dos petistas não acredita que teremos um Lula Day de fato empolgante no domingo. Mas o que realmente pode ocorrer é uma corrida (quem diria) às feiras. Não por causa do ex-presidente, mas pela greve dos caminhoneiros, que atinge o abastecimento de alimentos pelo Brasil afora.
O sonho de mobilização de Lula e da CUT foi colocado em prática por um outro time de sindicalistas: o da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam). Uma entidade liderada por um sindicalista setentão (assim como o ex-presidente), que botou Congresso, Planalto, e até o tucano que preside a Petrobras para rebolar.
Uma pequena amostra desse poder de fogo do presidente da Abcam, José Fonseca Lopes, atingiu o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Na quarta-feira, em meio à confusão sobre zerar o PIS/Cofins do diesel, Eunício resolveu deixar Brasília. Bastou Lopes insinuar que o senador estava tomando um uisquinho com água de coco em Fortaleza para o emedebista fazer o voo de regresso (com jatinho pago com dinheiro público, obviamente).
Pouco se sabe sobre a trajetória de Lopes e é cedo para tratá-lo como herói ou vilão do país. Aliás, a Abcam é só uma das várias das entidades que, somadas, teriam conseguido mobilizar 350 mil caminhoneiros em todo país. O que de fato impressiona é a capilarização e a capacidade de comunicação do movimento, independente de quem manda.
Enquanto as centrais sindicais e o PT promovem malabarismos retóricos para tentar dialogar com os brasileiros em geral, os caminhoneiros são diretos e retos. Impossível não entender o que eles querem e por que eles querem (se eles estão de fato certos na forma e no conteúdo, é outra história).
O senso de coletividade dos caminhoneiros, da comunicação e companheirismo por rádio às redes sociais e em especial pelo WhatsApp, chega a ser comovente. É fácil se aborrecer com o desabastecimento na cidade, mas as pessoas pensam várias vezes antes de sair xingando os caminhoneiros.
Ninguém está feliz com o preço dos combustíveis e esse descontentamento é muito fácil de ser transferido para a conta das autoridades que mandam no país. Os caminhoneiros, por mais transtorno que possam causar, já venceram essa batalha. Para vencer a guerra, agora, precisam saber a hora certa de sair dela.
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