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Tapetes tecidos com fios feitos de plástico reciclado retratam representações precisas de imagens aéreas de alguns dos rios mais poluídos do planeta. Por Alvaro Catalan de Ocon
Tapetes tecidos com fios feitos de plástico reciclado retratam representações precisas de imagens aéreas de alguns dos rios mais poluídos do planeta. Por Alvaro Catalan de Ocon| Foto: Divulgação/Rossana Orlandi

Quando o design e a comunicação se encontram, coisas incríveis podem acontecer. Em 2017, desembarcamos em Milão e nos encontramos por acaso. Uma comunicadora e um designer industrial, cada um carregando na bagagem diferentes experiências, projetos e sonhos. Porém, ambos com uma enorme vontade de contribuir para um mundo mais sustentável.

Desde que chegamos a Milão, mergulhamos de cabeça no mundo do design e nos conectamos com as mais diversas iniciativas, pesquisas, empresas e profissionais. A cada encontro aprendemos coisas novas e confirmamos aquilo que já suspeitávamos: o único futuro possível é o futuro circular. A crise climática e toda desigualdade trazida com ela, que só tende a se agravar, nos demanda repensar e redesenhar a forma como produzimos e consumimos.

O design – como bem ilustrou a exposição Broken Nature lá em 2019, na Triennale de Milão, e como reafirmam as maiores feiras de design da Europa – dialoga cada vez mais com as Ciências Biológicas e Ciências Sociais para acelerar a transição para uma economia circular.

Escultura Broken Nature, por Patricia Piccinini.
Escultura Broken Nature, por Patricia Piccinini.| Reprodução

E para dar o ponta pé inicial, que tal entender melhor o que de fato é a economia circular e o que ela tem a ver com o design?

O que é, afinal, a economia circular?

Para entendermos o que é a economia circular, precisamos primeiro olhar para o nosso atual sistema econômico, a chamada economia linear. Na economia linear, não fomos ensinados ou treinados para lidar com a finitude dos recursos naturais. Isto quer dizer que extraímos recursos da natureza, transformamos esses materiais em produtos específicos para o nosso consumo e simplesmente os descartamos gerando lixo e poluição.

Dentro da economia linear, o design de produtos, sistemas e serviços não levam em consideração a reutilização e recirculação de recursos – materiais e componentes. A estratégia para estimular a economia é projetar produtos que se tornem obsoletos para que sejam substituídos o mais rápido possível. É despertar desejo para que os consumidores busquem sempre o novo, o mais atual, sem deixar margem para que a gente possa refletir: Eu realmente preciso disso?

| Arquivo pessoal

Uma abordagem circular da economia, ao contrário daquela linear, considera a gestão de recursos, fabricação e uso de produtos e o descarte de materiais em todas as etapas da cadeia produtiva e pós-consumo. E é na natureza que essa abordagem se inspira.

Natureza – onde nada se perde, tudo circula

Na natureza não existem aterros, pelo simples fato de que não há produção de resíduos/lixo. A natureza se comporta de uma forma cíclica — nada vira lixo, tudo é transformado em algo novo, com um novo propósito. É um ciclo infinito e sustentável de criação e energia.

Nascemos e vivemos em uma economia linear, por isso não é de se admirar que os aterros sanitários se multipliquem causando diversos impactos negativos ao planeta. Uma abordagem circular da economia nos desafia a incorporar o modelo cíclico da natureza, em que os recursos são mantidos em uso pelo maior tempo possível e, em seguida, recuperados e regenerados no final de seu ciclo de vida.

É um enorme desafio e, para nós, uma verdadeira revolução, provavelmente a maior do nosso tempo. Mas isto não quer dizer que a economia circular seja uma utopia ou algo inalcançável.

Através do design, sua principal ferramenta, e de uma mentalidade colaborativa, essa abordagem nos oferece um modelo prático e acessível para construirmos um futuro circular.

Circular Sofa System, por Stefan Diez para Magis
Circular Sofa System, por Stefan Diez para Magis| Divulgação

A economia circular se baseia em três princípios fundamentais:

- Eliminar resíduos e poluição desde o princípio

- Manter produtos e materiais em uso

- Regenerar sistemas naturais

Em nossa coluna "Conexão Design" vamos explorar cada um destes princípios e mostrar a aplicação da economia e do design circular na prática. Vamos falar de novos materiais, produtos, serviços e projetos mostrando o trabalho e pesquisa de designers, arquitetos e empresas que estão abrindo caminhos para a economia circular. Queremos compartilhar com vocês que essa transição, além de urgente, também é possível e rentável. Isto porque, como nos ensina a natureza, tudo pode e deve se transformar em recurso, inclusive uma das maiores invenções humana: o lixo.

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