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Startups fazem transição para o mundo pós-pandemia

Beatriz Bevilaqua

Beatriz Bevilaqua

Jornalista e Comunicadora de Startups. Formada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina), foi condecorada em 2013 pelo Prêmio Sangue Novo no Jornalismo Paranaense, em Curitiba, pelo Sindijor PR e, em 2019 E 2021, como Melhor Profissional de Imprensa do Brasil pelo Startup Awards, maior premiação do ecossistema de startups da América Latina. Instagram @beatrizbevilaqua.

Impactos da covid

Startups fazem a transição para o mundo pós-pandemia

20/04/2022 18:56
A terceira onda causada pela variante ômicron, parece estar chegando ao fim, sobretudo após a queda vertiginosa de mortes pelo novo coronavírus, a imunização em massa da maioria da população e até mesmo a liberação do uso de máscaras em ambientes fechados. Quase tudo parece estar voltando à "antiga normalidade" - no entanto, os últimos 2 anos foram suficientes para deixar marcas permanentes em toda a sociedade.
A crise da Covid-19 acelerou a mudança de comportamento do consumidor com a migração para as compras e pagamentos online e o aumento da abertura de contas em bancos digitais. Não por coincidência, os setores mais aquecidos seguem sendo as fintechs (startups com soluções para serviços financeiros) e as retailtech (startups com soluções para o varejo). Ambas são as que mais receberam aportes este ano aqui no Brasil.
O Nubank, por exemplo, captou no final do ano passado US$ 2,6 bilhões no IPO, e acaba de levantar mais US$ 650 milhões para acelerar sua expansão no México e na Colômbia. Outra fintech de destaque na última semana foi a Stark Bank, que recebeu um aporte financeiro de US$ 45 milhões. Entre os investidores, está Jeff Bezos, fundador da Amazon, em sua primeira rodada de investimentos no Brasil.
A saúde também passou por uma verdadeira metamorfose neste período. Hoje o segmento está muito mais digital e regulamentado no Brasil - uma consulta médica pode ser realizada pela tela do celular e a receita recebida por SMS. Muitos hospitais, clínicas e laboratórios buscaram soluções inovadoras tendo como parceiras empresas recém-fundadas e com alta base tecnológica. No mundo, as healthtechs (startups com soluções para a saúde) movimentam em torno de US$ 9 trilhões por ano.
Além disso, as startups de saúde mental também foram impulsionadas durante a crise da Covid-19, devido ao aumento da ansiedade, depressão e síndrome de burnout - mais conhecida como a síndrome do esgotamento profissional e incorporada este ano à lista das doenças ocupacionais pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Com o home office permanente, o trabalho se tornou exaustivo para muitos colaboradores que não estavam adaptados a este novo ambiente - o “full time” estava mais para o “full life' corporativo'. Os recursos humanos das companhias então buscaram soluções que pudessem dar suporte aos seus funcionários mesmo à distância - as startups que conectam psicólogos e pacientes por vídeo, áudio ou texto se tornaram uma das alternativas mais acolhidas.
A educação foi outra área totalmente impactada, aumentando o abismo entre os mais ricos e os mais pobres. No Brasil, os últimos anos foram marcados pela evasão escolar: em 2020, cerca de 5,5 milhões de crianças e adolescentes ficaram sem acesso à educação, com um contingente de abandono escolar da ordem de 1,38 milhão de alunos – que é quase o dobro da taxa média brasileira antes da pandemia. Estes são dados apontados no estudo do UNICEF “Enfrentamento da cultura do fracasso escolar”.
A educação foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia
A educação foi uma das áreas mais afetadas pela pandemia
As edtechs estão fazendo a transição para a educação híbrida, por meio do uso de novas tecnologias e metodologias de ensino. Em 2021, as startups de educação cresceram 28% e arrecadaram US$ 525,6 milhões em aportes - o que revela uma aposta do mercado. De acordo com um levantamento recente da Distrito, as edtechs em atividade no país estão distribuídas em nichos como: ensinos específicos (22,4%), novas formas de ensino (22,2%), plataformas para a educação (20%), ferramentas para instituições (17,5%), foco no estudante (11,1%), conteúdo educativo (4,1%) e financiamento do ensino (2,7%).
No entanto, enquanto muitas instituições educacionais privadas puderam contar desde o início com suporte tecnológico, infraestrutura e logística, o ensino público (já precarizado) foi deixado ainda mais de lado pelo Estado. A migração do presencial para o remoto já era desafiadora para alunos e professores, que dirá sem as políticas públicas tão necessárias em um momento dramático.
As startups têm trazido inúmeras soluções e respostas para questões emblemáticas da sociedade, o que falta efetivamente é vontade política e abertura à inovação para que o acesso chegue para todos e não uma minoria. Este ano poderemos eleger nossos representantes com mais responsabilidade nas próximas eleições e cobrá-los com muito mais firmeza.

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