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A notícia que trago é daquelas que parecem sem pé nem cabeça. Uma Organização Não Governamental inglesa defensora da visibilidade LGBT, agora chamada de LGBTQ+, sugeriu a empresas e departamentos do governo britânico que parem de usar a palavra ‘mãe’, substituindo por ‘genitor que deu à luz’. Tudo para não melindrar os (as) transsexuais.

A ideia soa tão estapafúrdia quanto a da feminista brasileira que tempos atrás sugeriu aos homens casados do século XXI não apresentarem mais suas esposas como ‘minha mulher’. A sugestão da professora universitária Débora Diniz era para que os maridos apresentassem suas esposas apenas pelo nome, ignorando o laço afetivo que une o casal e tornando a relação absolutamente irrelevante e impessoal.

Obviamente que a proposta gerou contestações e virou até motivo de piada na internet. Muitas mulheres fizeram questão de dizer que gostam quando os maridos falam “minha mulher” e os homens casados reagiram com perguntas, querendo entender se depois de dizer o nome precisariam dar uma explicação enorme para deixar clara a relação deles com aquela pessoa que não podia mais ser apresentada como ‘minha mulher’.

Tudo isso é muito cansativo, para dizer o mínimo. Mas trago o tema para a coluna por achar importante que seja mais exposto e discutido, justamente para revelar como essas ideias não têm nada de inclusivas. Acabam até gerando efeito contrário ao que propõem, uma vez que isolam ainda mais grupos de pessoas que precisam ter voz e ser tratadas com respeito.

Parece óbvio que adulterar a linguagem à base de imposições, desprezando não só o senso comum, mas sentimentos relacionados a palavras e termos de uso consolidado, tende a virar motivo de deboche e a gerar ainda mais intolerância em vez de aceitação das diferenças.

Maternidade desprezada

Por mais estranha que seja, a ideia da ONG britânica Stonewall de substituir a pequena palavra carregada de tanto significado por uma descrição fria e impessoal não é nova.

Há poucos meses um hospital, também do Reino Unido, elaborou uma “cartilha de maternidade inclusiva” para apoiar os homens trans (mulheres biológicas, que engravidaram, tiveram filho, mas se assumiram depois como homens e, por isso, não querem ser chamadas de mães, apenas de ‘genitor que deu à luz’).

Suponho que a tal cartilha, com orientações à equipe de obstetrícia propondo mudanças na linguagem, tenha sido escrita para poupar essas pessoas de qualquer constrangimento. O problema é que, para isso, mulheres mães passam a ser vistas e tratadas como seres praticamente desprezíveis.

Na cartilha, o termo “leite materno”, por exemplo, dá lugar a “leite humano”; “mãe” passa a ser “pessoa que amamenta”; até a ala da maternidade teve o nome alterado para ala de “serviços perinatais”.

São propostas que beiram o absurdo. Pessoas que não se sentem confortáveis com o sexo biológico são uma ínfima parcela da humanidade. Pense quantos seres humanos você conhece que efetivamente sentem como se estivessem no corpo errado e, por isso, vestem-se como se fossem do sexo oposto ou até optam por terapias hormonais e cirurgias que alterem características corporais.

Entre essas pessoas, quantas se enquadram na condição de “mulheres trans” que querem ser mães, mas não podem gerar filhos ou amamentar, porque mesmo tendo feito cirurgia de mudança de sexo, obviamente não conseguem engravidar? Um número ainda menor se enquadra na definição de “homens trans” que têm filhos naturais, gerados no próprio útero quando ainda se assumiam no sexo biológico feminino.

É compreensível que essas pessoas específicas não queiram ser chamadas de mães depois de assumir identidade masculina (e que pai também não seja o termo adequado). Mas não parece mais lógico que a questão deva ser resolvida em família e não, externamente, de forma a impor mudanças à toda a sociedade?

Qualquer um que se disponha a refletir um pouco sobre o assunto sabe que se trata de uma minoria entre minorias. Não faz sentido desagradar à imensa maioria para minimizar dúvidas existenciais de uns raros seres humanos, ainda que suas dores não devam ser desprezadas e que todos devam ser tratados com respeito.

Não há lógica em jogar na lata de lixo tudo o que se refere à maternidade para evitar mal estar com parcela tão pequena da população. Não se inclui, promovendo exclusão. Desumanizar a grandeza do ato de gerar, parir e nutrir filhos a título de humanizar a mãe que virou homem ou o homem que gostaria de ter útero para ser mãe é simplesmente irracional.

Fico me perguntando se essas entidades que fazem sugestões absurdas, como as mencionadas, nunca pararam para pensar que forçar mudanças na linguagem pode gerar desprezo, aumentar a intolerância e criar conflito em vez de aceitação.

Avanço da agenda LGBT no meio corporativo

A ONG Stonewall cometeu a ousadia de divulgar um “quadro de classificação de igualdade” onde expõe notas que dá a empresas e entidades públicas conforme adesão ou não à agenda LGBT. A lista inclui até o Exército Britânico. Peitaram a disciplina militar para impor a agenda LGBT.

Junto com a proposta de substituição da palavra ‘mãe’ por ‘genitor que deu à luz’ a instituição também pede que as pessoas passem a indicar os pronomes de preferência junto às suas assinaturas de e-mail.

É algo que já está virando moda nas identificações de perfis em redes sociais nos EUA. A pessoa escreve o nome acrescido de she/her ou he/his para deixar claro como quer se tratado: ela/dela ou ele/dele.

Para parecerem moderninhas, antenadas, empáticas, muitas empresas e instituições estão se rendendo à pressão da agenda LGBT. Quem não adere ao “politicamente correto” vai ficando, por exemplo, com nota baixa em tabelas de classificação como a da ONG Stonewall.

Os departamentos de marketing têm sido invadidos por essa temática e andam fazendo coisas que muitos donos de empresa só percebem depois e penam para desfazer campanhas e lembrar aos marketeiros quem é que manda no negócio.

Algumas empresas, porém, aderem à agenda por imposição dos próprios gestores, convencidos de que faz sentido ignorar a maioria para dar espaço a pequenos grupos, classificados sempre conforme suas preferências sexuais e não por suas características biológicas.

Modelos substituídas por ativistas

O caso mais curioso talvez seja o da marca de lingeries Victoria’s Secret, que acabou de anunciar a substituição do elenco de modelos mais famoso do mundo (que incluía a brasileira Gisele Bündchen) por mulheres acima do peso, tatuadas, além de ativistas e militantes da causa LGBT, incluindo um ator indiano trans, que se veste de mulher.

A gigante do ramo de lingeries disse que abriu mão das modelos, porque optou por “uma parceria com um grupo de mulheres inspiradoras, incluindo ativistas e empreendedoras, para promover uma nova imagem de marca e dar forma à sua recuperação”. A marca fechou inúmeras lojas durante a pandemia e houve até boatos de fechamento da fábrica.

Agora o site da Victoria's Secret já exibe o ator trans, a jogadora de futebol de cabelo curtinho e fisionomia masculina, modelos negras e outras mulheres que substituíram o antigo elenco apelidado pela própria marca como “Angels” ou “Anjos”. Em entrevista recente para o New York Times o CEO Martin Waters disse que os “Anjos” não eram “culturalmente relevantes” .

Na página da empresa na internet, junto com a foto das sete novas caras que substituíram as “Angels” está o seguinte recado: “estamos orgulhosos de reunir um grupo incomparável de parceiros pioneiros que compartilham um objetivo comum para impulsionar mudanças positivas”. O tempo vai dizer se as mulheres se sentiram representadas pela nova “cultura” da marca.

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