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Faz um mês que estou em quarentena. 16 de março foi o último dia que saí de casa às 6:30 da manhã, enfrentei meia hora de trânsito pesado, com obras pelo caminho, deixei filho no colégio, rodei mais um tanto e cheguei ao trabalho. A redação da Gazeta do Povo ainda funcionava normalmente, Curitiba não tinha nenhum caso confirmado de coronavírus, mas naquela tarde o Brasil registrou a primeira morte por Covid-19 e tudo mudou.

Em 17 de março a universidade do filho mais velho já tinha parado e ele aguardava informações sobre como seria o ensino à distância; o caçula não foi mais para o colégio, que tinha deixado a presença dos alunos como facultativa para que as famílias pudessem reorganizar a rotina, mas pararia de vez no dia 20, por ordem do governo do estado.

A Gazeta começou a operar de modo remoto, os jornalistas passaram a fazer reuniões virtuais, a entrevistar por telefone, a escrever, gravar áudios e vídeos, fazer transmissões e publicar textos de casa. E todos nós, assim como a maior parte de vocês, leitores, passamos a dividir nosso tempo entre a profissão e as tarefas domésticas; o cuidado presencial com filhos, marido, esposa e a atenção virtual ao resto da família e aos amigos, através mensagens, telefonemas ou chamadas por vídeo.

O que mais aconteceu nesses primeiros 30 dias de quarentena? Não vou me ater ao crescimento no número de casos no Brasil e no mundo, porque o jornal está repleto de dados estatísticos e gráficos mostrando a evolução da curva de contágio, o número de doentes, pessoas que se curaram e, infelizmente, o número de vítimas fatais.

Também não quero entrar no mérito das mazelas econômicas e políticas, largamente abordadas em reportagens, artigos e colunas de opinião. Deixo as notícias de lado para me ater a uma parte surpreendentemente boa das notícias que recebi nesse primeiro mês em casa, em que só me permiti três escapadas, uma para tomar vacina de gripe na empresa e duas idas ao supermercado.

Baú de tesouros virtuais

Nas primeiras semanas em que parte considerável do mundo parou e trancou-se em casa para respeitar o pedido de isolamento social e tentar conter a disseminação do coronavírus, a internet foi o maior refúgio. Além da busca por informações sobre o inimigo desconhecido, queríamos mais do que nunca saber dos parentes, amigos, até de pessoas com quem não falávamos havia algum tempo.

Entre boas e más notícias, fomos logo descobrindo quem precisava de ajuda, as campanhas que estavam surgindo para socorrer gente próxima, que já sentia o desemprego; aprendemos como fazer máscaras de proteção em casa e para quem doar... Não demorou também a começar a bem-vinda chuva de anúncios de shows no YouTube, entretenimento acessível em sites, orientações médicas e psicológicas de graça por telefone ou online e a disponibilização de muito conteúdo valioso, porém, sem qualquer cobrança para ajudar a manter as pessoas em casa.

Eu diria que há até uma overdose de informação boa sendo compartilhada: cursos gratuitos, acervos digitalizados de museus agora abertos ao público, livros disponíveis para download e filmes liberados em canais que decidiram não cobrar por assinatura.

Para guardar os links que iam aparecendo, em três dias criei um grupo de whatsapp para falar comigo mesma e passei a encaminhar tudo que interessava para lá. Fica a dica! Depois de uma triagem os arquivos vão para uma pasta no computador que, agora, abro para todos como forma de celebrar esse primeiro mês em que dei minha ínfima parcela de contribuição para impedir o vírus de circular e, com isso, colhi a satisfação da responsabilidade para com os outros, além de muitos frutos para mim mesma e para minha família.

Vamos lá! A pasta, que chamei de "quarentena", está cheia de preciosidades, que agora compartilho com você. Sabe-se lá quanto tempo de reclusão ainda teremos pela frente! Dicas e sugestões do que fazer ou de como sobreviver em períodos prolongados em casa nunca são demais.

Conteúdo gratuito

Para quem tem criança em casa ou é adulto, mas gosta de desenhar ou pintar: a Faber-Castell disponibilizou todos os cursos de desenho em sua plataforma online. É de graça. Com papel, lápis, borracha e lápis de cor dá para seguir as aulas, aprender e se divertir. São 17 cursos disponíveis para todas as faixas etárias, nove deles destinados especificamente para crianças.

O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) abriu 12 cursos online gratuitos com certificado. Cursos nas áreas de TI, Finanças. Empreendedorismo, por exemplo. A Udemy, que é uma plataforma de cursos online, abriu 40 cursos gratuitos de programação e tecnologia. Outra plataforma de ensino à distância, específica da área de Direito, a Notorium Play, liberou o acesso por 30 dias a um conteúdo vasto, que inclui congressos online, documentários e aulas. Até a Universidade de Harvard disponibilizou cursos online gratuitos. São mais de 100 em 14 áreas: artes e design, negócios e gestão, ciência da computação, política, tudo com certificado. Aqui no Brasil a Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez o mesmo. São 55 cursos online, gratuitos e com certificado em áreas como Direito, RH, Marketing e Administração, entre outras.

Para crianças e adolescentes, a plataforma de ensino à distância Stoodi liberou o acesso a todas as vídeo aulas e ao banco de exercícios para ajudar a seguir com os estudos, especialmente para estudantes que estão sem rotina de aulas online.

A Amazon disponibilizou centenas de ebooks para download gratuito. Tem de literatura clássica até dissertações de mestrado e teses de doutorado pra ajudar nos estudos. Livros de ficção científica, história, filosofia, muita coisa.

A Broadway liberou as filmagens de 26 musicais e 17 documentários mostrando bastidores das apresentações. Alguns estão em serviços de streaming que exigem assinatura, como Amazon Prime, mas tem coisa pra ver até no YouTube. Peter Pan e Cats são alguns dos musicais que a gente pode assistir agora, de casa. Aliás, falando em filmes, empresas como ClaroTV, Vivo Play e Globo Play abriram o conteúdo de tv por assinatura durante o mês de abril sem cobrança de mensalidade. O serviço de streamming Spcine Play também liberou por 30 dias conteúdos exclusivos da programação cultural de São Paulo, como show e palestras.

A plataforma de jogos eletrônicos The Enemy oferece uma “quarentena gamer”, com a liberação de 15 jogos grátis.

Para quem tem pequenos negócios na área de serviços e está precisando de ajuda: mentoria online gratuita na HOMA.

Tem psicólogos, nutricionistas até otorrinolaringologistas dando atendimento gratuito online, assim como professores de educação física, dança, de ioga, instrutores de meditação, todo mundo publicando videoaulas que podem ser acessadas gratuitamente. O Instagram é a rede preferida para postagem dessa turma e como são muitos profissionais, muitos mesmo, a dica que eu dou é para me acompanharem nas lives diárias que eu mesma faço, às 11h da manhã, entrevistando esses profissionais lá no Instagram da Gazeta do Povo.

Esse primeiro mês foi de muita confusão, medo, desinformação, um mês de adaptação aos nossos próprios espaços, de readequação de rotinas, de muita briga ideológica, de trapalhada política, mas para quem conseguiu ampliar o olhar, foi também um mês de descobrir novas formas de trabalhar e de compartilhar o que se tem e o que se sabe, um mês de solidariedade cultural. Espero que você aproveite esse conteúdo, curta e também compartilhe, através da área de comentários as preciosidades que você juntou nesse início de quarentena.

E, claro, compartilhe esse texto com os amigos para que também eles possam aproveitar um pouco de tanta coisa boa que está surgindo para nos ajudar a viver algo que não seja o medo de contrair coronavírus.

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