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A ideologia de gênero, ideia de que as pessoas não nascem homens ou mulheres, apenas acham que são do sexo masculino ou feminino por uma construção social, não tem qualquer embasamento científico, mas vira e mexe vira notícia. A mais recente foi porque o STF adiou o julgamento da ação do PSOL, que insiste em incluir esse assunto no currículo das escolas.

Depois de derrotado no Congresso durante a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE) o partido partiu para o tudo ou nada no Judiciário. Quer que o Supremo reconheça inconstitucionalidade na lei que estabeleceu as diretrizes educacionais brasileiras e permita a inclusão de uma série de exigências para professores e dirigentes de escolas a título de ensinar aos alunos a não discriminar crianças e adolescentes LGBT.

Como surgiu a ideologia de gênero

O PSOL não está descobrindo a roda nem sendo vanguarda nessa discussão. A ideia de que gênero é algo a ser escolhido parece moderna e descolada, porque ganhou a adesão de artistas e influenciadores digitais, além de políticos de esquerda.

Empresas também entraram na onda de colocar a palavra “gênero” em vez de “sexo” na ficha de cadastro que os clientes precisam preencher para se fazerem parecer inclusivas e preocupadas com a diversidade. Só que a ideologia de gênero não tem nada a ver com inclusão, não se baseia em Ciência e não é uma ideia moderna, fruto da evolução da sociedade.

Essa hipótese de que o ser humano nasce sem sexo e que isso seria algo imposto a nós pela cultura, pelos pais, pela escola, pela indústria da moda, de brinquedos e de entretenimento, foi criada décadas atrás. As primeiras teses desse tipo são dos anos 60, na época da contracultura, da revolução hippie e da pregação do amor livre, incluindo aí bigamia, poligamia e todo tipo de libertinagem camuflados de defesa da liberdade plena.

Filósofos, sexólogos e ativistas políticos preferiram ignorar as diferenças físicas do corpo humano desde o nascimento e as diferenças de personalidade entre homens e mulheres desde muito pequenos para impor a noção absurda de que somos vítimas de uma sociedade opressora, obrigados a ser o que nos mandam ser.

Experimento fracassado

No fim da década de 1960 uma família americana protagonizou um caso macabro envolvendo uma tentativa de provar a ideologia de gênero. A palavra é forte, mas é a que melhor me ocorre para definir o experimento do psicólogo neozelandês radicado nos Estados Unidos, John Money.

Por sugestão e orientação dele um casal que teve dois meninos gêmeos aceitou experimentar criar um deles como se fosse menina. A ideia não partiu do nada, mas de uma tragédia. O bebê foi vítima de um erro médico. Não tinha nem um ano ainda quando perdeu o órgão sexual durante uma cirurgia de fimose. No desespero os pais acabaram procurando ajuda do psicólogo John Money.

John Money atendia crianças hermafroditas e propôs ao casal passar a tratar e a vestir o filho como menina para que, mais tarde, ele fosse submetido à cirurgia de mudança de sexo. Foi assim que Brian ganhou outro nome, Brenda, e começou a sina de lutar contra a própria biologia.

Hoje sabe-se que sua infância foi de muito sofrimento: desde pequeno rasgava os vestidos por detestar aquelas roupas e tentava a todo custo se enturmar com meninos já que não sentia afinidade pelas brincadeiras das meninas, mas era rejeitado por ambos os grupos.

Depois de uma infância traumática, marcada inclusive pelas primeiras cirurgias, virou um adolescente desajustado e depressivo. Brain (ou Brenda) só soube da verdade já adulto, quando os pais não se consultavam mais com o psicólogo e revelaram ao filho que o "feminino" tinha sido inventado.

Não chega a surpreender que Brenda tenha decidido mudar novamente de nome, para David, e fazer outra cirurgia para voltar ao sexo biológico, provando justamente o contrário do que a teoria pregava. Ser mulher não era uma questão de construção cultural, mas algo contra a natureza daquele homem biológico, torturado e violentado desde bebê.

David chegou a se casar com uma mulher, só não pode ter filhos. O peso de todos os traumas que viveu levou-o, porém, ao suicídio, aos 38 anos. Seu irmão gêmeo foi outro que enfrentou inúmeros problemas, morreu ainda mais jovem, de overdose de drogas, o que muitos consideram também como suicídio. Os pais passaram a vida convivendo com depressão e outros problemas de saúde. Em resumo: o experimento de ideologia de gênero de John Money destruiu a família inteira.

O psicólogo morreu em 2006, depois de ter publicado vários artigos científicos com informações deturpadas, tentando forjar o sucesso no desenvolvimento da feminilidade de Brian; e de ter até recebido um prêmio pelo seu experimento.

Tão grave quanto o estrago causado àquela família é o fato de ter inspirado outros profissionais a levar adiante a ideologia de gênero. Ninguém nunca conseguiu provar a tese cientificamente, mas ela segue sendo defendida por muita gente até hoje.

John Money já foi desmascarado e o caso frustrado começa a ficar conhecido, foi inclusive citado no documentário que a Brasil Paralelo lançou esta semana com o título "Geração Sem Gênero". O documentário, disponível no YouTube, mostra como feministas, sexólogos e psicólogos tentaram, em vão, provar que o gênero é algo construído culturalmente.

Traz também estatísticas como o altíssimo índice de suicídio, de 40%, entre pessoas que fazem cirurgia de mudança de sexo. O maior mérito do documentário é o de mostrar como essa narrativa foi sendo construída, apesar da falta de embasamento científico. E como, a cada derrota nos experimentos, os ideólogos foram migrando para o discurso de que quem não aceita a ideia do gênero construído culturalmente é preconceituoso e está discriminando pessoas por causa de sua orientação sexual.

É isso, aliás, que fez o PSOL ao propor a ação de inconstitucionalidade (ADI 5668) no STF contra o Plano Nacional de Educação.

Plano Nacional de Educação

O PNE foi amplamente discutido no Congresso antes de ser votado e aprovado em 2014. Como de costume quando se trata de tema polêmico ou amplo demais, os parlamentares ouviram a sociedade e viram que as pessoas, na imensa maioria, não aceitam essa teoria inventada, o que não quer dizer que sejam preconceituosas. A população apenas não quer que as escolas abracem a ideologia de gênero.

Deputados e senadores ouviram o que representantes de parcelas expressivas da sociedade tinham a dizer e elaboraram um Plano de Educação que não é discriminatório. O PNE, ao contrário, prevê o combate a toda e qualquer discriminação, como manda, aliás, a própria Constituição brasileira.

A revolta do PSOL é que o Plano deixou a ideologia de gênero fora do currículo escolar. O partido alega que isso abre espaço para o bullying contra crianças e adolescentes que não se identificam com o sexo de nascimento.

O pior é saber que tem muita gente que não entende o tema, compra o discurso de que há preconceito ou discriminação em não aceitar uma ideologia que a Ciência nunca provou e acaba alimentando a ideia de que, sim, a Justiça precisa mudar a forma como as escolas ensinam biologia.

O julgamento da ADI 5668 foi adiado, mas a ação não está arquivada, o que significa que pode voltar à pauta a qualquer momento. Há dois grandes riscos aí. O primeiro é que o STF decida criar normas ou leis, uma vez que o órgão já tem precedentes em legislar ao invés de ater-se à sua função de zelar para que a Constituição seja respeitada, como foi o caso em que equiparou racismo a homofobia.

Outro perigo é passarmos a ter leis que não só obriguem professores a ensinar algo sem embasamento científico como punam escolas e famílias que se recusem a adotar a ideia. Canadá e Alemanha são alguns dos países onde pais já foram multados, ameaçados de prisão e até presos por não mandarem os filhos para o colégio em dia de aula de Ciências sobre o tema da ideologia de gênero.

O Plano Nacional de Educação brasileiro (Lei 13.005/2014), que é questionado pelo PSOL, está de pleno acordo com a Constituição. No inciso III do artigo 2º prevê a "superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação".

O texto não especifica nenhum tipo de bullying, mas é amplo o suficiente para combater toda e qualquer forma de preconceito. Essa ação de inconstitucionalidade é só mais uma manobra do PSOL para forçar o STF a aprovar o que já foi rejeitado na Câmara Federal, em Assembleias Legislativas e também em Câmaras Municipais.

Para ficar claro: a ideologia de gênero ficou de fora do PNE não porque os parlamentares não se preocuparam com os direitos humanos de quem se enquadra na definição LGBT, como o PSOL quer fazer parecer. Foi o povo brasileiro que rejeitou essa ideologia; pais e mães, que não querem ver seus filhos obrigados a ter aulas de gênero e também professores que não querem ser obrigados a desconstruir a natureza das crianças e forçar os alunos desde pequenos a se verem sem sexo definido.

Respeito não se ensina forçando as crianças a aprender doutrinas fantasiosas, sem nenhuma base científica. Aliás, não se deve respeitar uma pessoa por ser magra ou gorda, desta ou daquela raça ou pela orientação sexual que decidiu seguir. Respeita-se simplesmente por ser uma pessoa.

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