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Se você, como eu, não é economista ou empresário talvez tenha estranhado a frase do título, mas o desempenho da indústria do papelão é um dos principais indicadores econômicos. Sempre que quiser saber como está a produção industrial de um país, que é a base das maiores economias do mundo, olhe para os números das fábricas de papelão.

Por que isso é importante? Papelão é a matéria-prima das indústrias de embalagens. E embalagem, como o próprio nome diz, é o que embala os produtos.

Quando uma economia está em crise, a produção cai. Produção de tudo, de alimentos – já que os agricultores ficam sem dinheiro para investir em sementes e máquinas, por exemplo - às das indústrias automobilística, ferroviária, náutica e aeronáutica, responsáveis pela fabricação dos veículos que transportam as cargas dos locais de produção até os pontos de venda acessíveis ao consumidor.

Quando se produz menos (de tudo), a produção de papelão para fabricação de embalagens também é menor, porque não há tanto o que embalar. Já o contrário também ocorre: quando há crescimento econômico, com fábricas aumentando a produção e precisando de mais embalagens, a produção de papelão, por óbvio, cresce junto. Não só cresce, como aparece - antes mesmo de aparecerem os números positivos dos demais setores.

Notícia boa

A jornalista Jessica Sant’Ana, da equipe de Brasília da Gazeta do Povo, fez um levantamento aprofundado dos indicadores econômicos do Brasil dos meses iniciais da pandemia até agora. Em matéria publicada no último sábado (18) ela mostra uma série de sinais de reação da economia após o país chegar ao fundo do poço.

As informações contidas na reportagem são inspiradoras, não só porque trazem sinais claros de recuperação após a crise econômica provocada pela pandemia, mas porque revelam o ânimo dos empresários e industriais em retomar o caminho virtuoso que vinham perseguindo desde que o país se libertou de governantes economicamente "criativos" para mascarar o saque ao Estado.

Alguns setores parecem estar voltando às atividades com tanto fôlego que têm conseguido números até melhores do que os obtidos no mesmo período do ano passado, quando o mundo sequer sonhava com a possibilidade de uma crise global, intensa e prolongada como a que vivemos em 2020, provocada pelo surgimento e proliferação do coronavírus.

Indicadores positivos

São vários os dados que levam à conclusão de que está em curso uma gradual retomada na atividade econômica, da produção de papelão ao licenciamento de caminhões. Vamos começar pelos números da indústria de papelão ondulado, considerado um dos principais “termômetros” para indicar aquecimento ou retração da economia, porque, como eu disse acima, é esse o material usado na fabricação de embalagens.

Tomo a liberdade de reproduzir um trecho da reportagem da Jessica Sant’Ana, que você pode ler na íntegra depois clicando aqui.

"Em junho, na série com ajuste sazonal, a expedição de papelão ondulado aumentou 5,7% na comparação com junho de 2019 e 12% em relação a maio de 2020, de acordo com dados prévios da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) levantados pela SPE [Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia]. Junho é o primeiro resultado positivo de venda de papelão ondulado após dois meses de queda influenciada pela redução da atividade econômica durante a pandemia."

A reportagem traz até um gráfico mostrando que essa indústria, em abril, produziu 5,2% a menos que em março. Depois, em maio, caiu ainda mais, produzindo 9,9% a menos do que em abril (que já tinha sido um mês ruim). Ou seja, poucas indústrias estavam precisando de papelão para embalagens. A maioria estava com as atividades parcial ou totalmente afetadas pelos decretos de fechamento de serviços não essenciais. Já junho foi o mês da retomada: 12% de aumento na produção de papelão ondulado em relação a maio.

Como, em economia, não se pode olhar para apenas um indicador - e para não dar margem àqueles comentários pessimistas que certamente virão, dizendo que o desempenho da indústria do papelão é só um numerozinho que não revela muita coisa, vamos aos outros.

Os indicadores de vários setores industriais foram bons em junho (e aqui a comparação não é com o mês imediatamente anterior, mas com a produção do mesmo mês de junho no ano anterior, 2019). Fabricação de bebidas cresceu 21%; de máquinas e equipamentos, 15%; produtos de metal (com exceção das máquinas e equipamentos), 13%; produtos minerais não metálicos, 6%; celulose e papel, 3,8% (quase 4%).

Também houve crescimento de 11% no número de caminhões licenciados, o que significa que em junho de 2020 a frota que transporta produtos de um lado para o outro do país aumentou mais do que em junho de 2019.

Aí entrou o mês de julho com um novo indicador positivo. Pela primeira vez desde o começo da pandemia aumentou o consumo de energia elétrica: 2% segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A reportagem lista vários outros indicadores, como venda de motocicletas, bicicletas, bens não duráveis, emissão de notas fiscais eletrônicas. Tudo registrou aumento em junho e segue esse ritmo em julho, mesmo com as restrições de abertura do comércio e de circulação de pessoas ainda vigorando em praticamente todo o país.

São sinais de que as projeções para o desempenho do PIB brasileiro deste ano podem mudar. Por enquanto o governo mantém a previsão de que, na conta final, a produção do país em 2020 sofrerá queda de 4,7%. É ruim. Mas é bem menos do que as previsões feitas pelos analistas da OCDE e do FMI. Só este último projeta queda entre 8 e 9% no PIB brasileiro este ano.

O ministro Paulo Guedes afirma que há exagero nas análises dos organismos internacionais e tem dito que o Brasil vai surpreender. Numa entrevista à Rádio Jovem Pan na semana passada ele simplesmente ignorou os pessimistas.

“Estamos nos levantando. Essas previsões são totalmente descredenciadas, como a queda do PIB em 10%, prevista no início da pandemia. Vamos surpreender o mundo.”

Paulo Guedes, ministro da Economia

E agora que ele conseguiu dar o ponta-pé inicial na reforma tributária, muito aguardada pelo setor produtivo, é ainda mais inspirador ouvir suas palavras. Fiquemos de olho na produção de papelão!

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