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Tratamento precoce já foi tema desta coluna várias vezes, mas volto a ele por ter identificado nova movimentação, agora de pacientes curados, na defesa do coquetel de remédios do protocolo do Ministério da Saúde para uso na fase inicial de Covid-19. O que antes vinha sendo feito de forma tímida parece estar ganhando mais força.

É incrível que no meio de uma pandemia, de uma segunda onda, gravíssima, ainda haja gente discutindo se o paciente deve ou não tratar uma doença logo nos primeiros sintomas. O vírus está alastrado pelo mundo e continua contaminando. Ele segue o seu ciclo de contágio, com maior ou menor rapidez conforme o comportamento das pessoas, mas não some enquanto não estiver todo mundo vacinado, com uma vacina muito eficaz e segura.

Os cuidados são importantes, sim e precisam sempre ser relembrados: evitar aglomerações, usar máscara, álcool em gel e manter o distanciamento de outras pessoas sempre que precisar sair de casa. Mas enquanto a imensa maioria dos habitantes do planeta não está vacinada, ainda há muita gente doente. Por que não deveríamos tentar tratamento, tentar nos salvar?

Sinto ser repetitiva, mas preciso voltar a falar o óbvio: quem não acredita no coquetel de remédios antivirais, vitaminas e antibióticos que estão sendo prescritos por dezenas de milhares de médicos do mundo inteiro, não precisa usar. Ninguém é obrigado a se tratar, mas não interfira na saúde alheia.

Diante de tanto negacionismo do tratamento (para usar uma palavra que adoram jogar na cara dos outros), a segunda onda de Covid-19 trouxe a público novos relatos de pacientes curados depois de se tratar. São pessoas que decidiram contar sua experiência pensando em ajudar mais gente.

Mesmo com a guerra de narrativas essas pessoas, bem como suas famílias e amigos, são muito gratas aos médicos que não tiveram medo de enfrentar nem os colegas profissionais de saúde que são contra nem aquela parte da sociedade, movida apenas por ideologia, que faz questão de politizar a doença dos outros.

Tratamento precoce off-label

Antes de trazer relatos de pacientes curados com tratamento precoce queria propor uma reflexão, uma lembrança do que acontecia antes da pandemia: qual doente, com qualquer sinal de doença que fosse, que foi ao médico e foi examinado, ousou questionar se os remédios prescritos pelo médico de confiança tinham comprovação de eficácia com estudo duplo cego randomizado? Isso nunca aconteceu.

Pense aí: quantas vezes na vida você já foi ao médico? Quantas vezes, depois da consulta, ainda sem resultado de exame de sangue (ou qualquer outro), o médico prescreveu remédios para aliviar os sintomas e tentar começar o ataque ao agente causador? Alguma vez vocês discutiram sobre o nível de evidência científica daquele medicamento?

A essa altura da discussão já temos a informação, divulgada por inúmeros médicos (inclusive especialistas em cardiologia, considerada a meca da Medicina), de que nem 10% dos remédios usados no mundo têm essa comprovação de eficácia que agora exigem dos medicamentos usados para tratar os primeiros sintomas de Covid-19. Respeito quem pensa diferente, mas para mim a polêmica toda do duplo cego randomizado simplesmente não faz sentido.

Vamos, então, aos relatos dos pacientes que não quiseram “pagar pra ver” se iam ter o pulmão tomado pelo vírus e não quiseram esperar pela falta de ar para só então procurar ajuda e tentar algum tratamento.

Médica com Covid-19

O primeiro relato que chamou a atenção nos últimos dias foi o da secretária do Ministério da Saúde, a médica Mayra Pinheiro, que já foi presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará e em 2019 foi convidada pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta para assumir a Secretaria da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde no Ministério da Saúde. E continuou no Ministério da Saúde mesmo com as mudanças de ministros.

Já tentaram denegrir a imagem da médica apenas por ser defensora do protocolo do Ministério da Saúde, mas ele segue firme, já salvou muitas vidas. E esta semana se viu no papel de paciente. Em recado enviado para contatos de WhatsApp e publicado em redes sociais tornou pública sua própria situação de saúde. "Com covid. A semana afastada, mas uma experiência importante. Não é sobre política, mas sobre viver e deixar viver."

"Numa quarta-feira comum de trabalho comecei a ter dor na garganta. À noite, mialgia e artralgia. Na quinta-feira, febre, cefaleia intensa, anosmia e prostração. Colhi o RTC-PCR, mas o quadro era muito característico de Covid-19. Sem hesitar, comecei o tratamento precoce que já prescrevi para tantos amigos e familiares."

Mayra Pinheiro, secretária da Gestão do Trabalho e da Educação da Saúde no Ministério da Saúde

"Já passei por algumas experiências pessoais de doenças, inclusive neoplásica. Nunca havia pensando na morte como um desfecho. Recebi o resultado e a confirmação não me surpreendeu. Estava com Covid-19, longe de casa e daqueles que amo, morando sozinha e sujeita às regras de segregação, que me deixaram impossibilitada de receber até as entregas do delivery."

"Por dois dias estive toxemiada e sem condição de sair da cama para quase nada. Muitos amigos médicos cuidaram de mim à distância, com zelo e um carinho indizível. Na cabeceira da cama Ivermectina, Hidroxicloroquina, Bromexina, Azitromicina, Zinco, Vtamina D e Proxalutamida."

"Alguém ao ler esse relato perguntará: por que tantos medicamentos antivirais? Porque todos têm mecanismos de ação diferentes e podem abortar a doença na fase viral. Porque quando a sensação de morte surge de forma inesperada, você usa todos os recursos que podem trazer benefício. E foi viver que escolhi. No 3o dia da doença, os sintomas esmaeceram. No 4o dia pude dizer com alegria que estava praticamente assintomática, exceto pela obstrução nasal e anosmia [perda do olfato]."

A médica lamenta as vidas perdidas de parentes, amigos queridos e de gente desconhecida, "que vira uma estatística, mas que é muito importante para alguém". E dá um recado para aqueles que fingem não saber como era o Sistema Único de Saúde antes da pandemia.

"Penso em quantas vidas poderiam ter sido salvas se o SUS tripartite funcionasse de forma eficiente e as demandas crônicas e as mazelas denunciadas pelos profissionais e conselhos de saúde estivessem resolvidas, para que numa pandemia sem precedentes, a verdade escancarada não fosse capaz de causar tantas mortes."

"Os governos anteriores fecharam 42 mil leitos, negligenciaram os profissionais e não se conserta isso no meio de um desastre. Penso no tempo perdido discutindo se o tratamento precoce tem evidências 1A, nos embates ideológicos que impedem o debate público por melhores soluções para sairmos dessa pandemia sem mais tragédias diárias e sem falir o país inteiro."

Antes de assinar, Mayra Pinheiro diz que está "mais determinada ainda a salvar as vidas que puder". "Não importa quantas, mas quero ser a diferença", termina a secretária ainda em isolamento doméstico em sua casa em Brasília.

Ator "fura a bolha" progressista

Outro relato da semana, também muito impressionante, foi o do ator da TV Globo Felipe Titto. Ele revela, em vídeo, como estava quando começou o tratamento precoce e como se recuperou.

O ator diz que teve dores de cabeça fortíssimas, febre e muita dor no corpo a ponto de mal conseguir sair da cama. Passou um dia inteiro sem conseguir sequer se alimentar. "Achei que não fosse resistir", desabafa. Depois de tomar os remédios do protocolo do Ministério da Saúde e dormir, diz ter acordado praticamente sem sintomas.

O depoimento viralizou na internet não apenas por ser de um ator conhecido, mas pela coragem de Felipe de contrariar a maior parte das pessoas do meio que frequenta, o artístico, onde é notório que não há interesse em falar bem de um tratamento defendido pelo presidente da República, que a imensa maioria dos artistas repudia.

"Quero falar uma coisa aqui, não tem nada a ver com posicionamento político. Não me sinto representado por ninguém, nem pela esquerda nem pela direita, não é Lula, não é Bolsonaro. Pra mim nada do que tá aí serve, mas eu partilho da seguinte opinião: não é porque eu não gosto do meu síndico que eu vou querer que o prédio caia", diz o ator num trecho do vídeo.

"Porque era o fulano X que tava indicando não podia tomar, não podia dar o braço a torcer. Dormi basicamente morto na quarta-feira. Eu tomei coloroquina. Tô dizendo o que eu tomei, não tô indicando porque eu não sou médico, não posso fazer isso pra ninguém. Tô dizendo o que eu tomei: cloroquina, azitromicina e invermectina. Eu acordei zero, zero, acordei sem sintoma nenhum. Não é porque fulano indicou que a gente vai colocar vidas em risco pra não dar o braço a torcer."

Felipe Titto, ator

O ator é sincero a ponto de alfinetar colegas "lacradores de internet", ao dizer que ouviu de um monte de gente, leu publicações de amigos e assistiu muitos vídeos nos Stories de pessoas que ele chama de "um monte de hipócritas".

Médicos pró-tratamento precoce perseguidos

Enquanto mais pacientes vêm a público trazer seus relatos, segue a resistência à adoção do tratamento precoce por parte dos próprios profissionais de saúde, que não acreditam na eficácia dos remédios, e também por autoridades.

Em plena segunda onda de Covid-19, gravíssima, com uma mutação do vírus que contagia muito mais gente (mais jovens, inclusive, e mais rápido), e mesmo com os hospitais superlotados, tem gente que segue debochando de quem defende o tratamento precoce. Preferem continuar fazendo exatamente a mesma coisa de antes, prescrevendo apenas paracetamol, aspirina ou dipirona, e achando que o resultado pode ser diferente.

Os médicos a favor do tratamento precoce insistem em divulgar o uso do coquetel de antivirais, antibiótico, vitamina D e zinco. Em Curitiba, o grupo dos profissionais de saúde do movimento Médicos Pela Vida pagou para divulgar em outdoors o recado de que o "tratamento precoce salva vidas". O prefeito Rafael Greca de Macedo (DEM) determinou a retirada dos outdoors.

Os médicos não desistem. Têm atendido por telemedicina, até de graça quem não pode pagar, e já publicaram manifesto pago nos jornais, comprando espaço publicitário, para divulgar os nomes e CRMs de mais de 2 mil médicos de todos os estados que prescrevem os remédios para tratamento precoce. Basta acessar esse manifesto para saber quem são os médicos.

Num outro caso, bem diferente, em São Lourenço (MG), o prefeito Walter José Lessa, que é também médico, adotou o tratamento precoce no município. Os médicos foram orientados sobre que protocolo seguir, todos os postos de saúde passaram a distribuir de graça os remédios e duas semanas depois a prefeitura divulgou que tinha zerado as mortes, o número de internações caiu drasticamente e havia leitos sobrando no município.

Uma dessas agências "checadoras" afirmou que era mentira e acusou a prefeitura de espalhar Fake News. O prefeito foi às rádios de Minas Gerais desmentir a agência e divulgou vídeos na internet confirmando que após a adoção do protocolo de tratamento precoce reduziu sim o número de pessoas internadas a ponto de São Lourenço ter oferecido os leitos para pacientes de outras cidades.

Ou seja, os hospitais só não estão vazios, porque passaram a receber pacientes de fora. É triste ver pacientes, médicos e até autoridades censuradas por dizer a verdade. Por sorte, mesmo debaixo de críticas e boicote, eles insistem em divulgar suas próprias experiências bem sucedidas no combate à doença com o intuito de salvar mais vidas.

Correção

Originalmente esta coluna mencionava um caso bem sucedido de uso experimental de hidroxicloroquina diluída em soro fisiológico para nebulização de pacientes em estado grave: o depoimento do vereador Dalvi Soares de Freitas, de Dom Feliciano (RS), que relatou em entrevista em vídeo ter recuperado os níveis de saturação de oxigênio após se submeter à inalação com hidroxicloroquina. Ele está curado de Covid. Após a publicação da coluna o hospital divulgou o falecimento de três pacientes graves submetidos ao mesmo tratamento. Embora não haja comprovação de que as mortes foram ocasionadas pelo uso de hidroxicloroquina ou menção a quantos pacientes foram curados após se submeter ao tratamento, a colunista optou por retirar o trecho da publicação enquanto não houver mais dados comparativos acerca da efetividade ou possível malefício do referido tratamento.

Corrigido em 25/03/2021 às 10:50
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