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Não é à toa que Janaína Paschoal é sempre lembrada quando o assunto é investigação criminal envolvendo algum político. Advogada criminalista, doutora em Direito Penal e professora da USP, a jurista ficou conhecida dos brasileiros ao assinar o pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Odiada pela esquerda radical, passou a ser vista com desconfiança também por parte dos bolsonaristas ainda durante a campanha de 2018, quando recusou convite para ser vice-presidente de Bolsonaro. Acabou sendo eleita deputada estadual em São Paulo com votação histórica de mais de 2 milhões de votos.

Desde então tem sido bastante crítica à postura do presidente em vários momentos. Em março reclamou de atitudes de Bolsonaro minimizando a pandemia e recentemente disse que ele não tinha mais condições de governar, chegou a sugerir que renunciasse em nome do vice Hamilton Mourão, depois que o presidente participou de manifestação em frente a um quartel em Brasília em que parte dos manifestantes estendia cartazes pedindo intervenção militar, o fechamento do STF e do Congresso.

Janaína voltou a ser ouvida com atenção pelos apoiadores do presidente depois da saída de Sérgio Moro do governo, ao analisar que os depoimentos de delegados da polícia federal e do próprio Moro não trouxeram qualquer prova de que Bolsonaro tenha cometido crime ou tentado interferir em investigações.

Entrevista exclusiva

Nesta segunda (25) tive a oportunidade de conversar ao vivo com Janaína Paschoal durante a live semanal que faço às segundas-feiras, às 11:30 no Instagram da Gazeta do Povo. O assunto principal foi o vídeo da reunião ministerial, liberado na sexta-feira (22) pelo ministro do STF Celso de Mello, que preside o inquérito para apurar se o presidente realmente tentou interferir em investigações da Polícia Federal, como sugeriu o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública.

"Eu disse e reafirmo: não tem crime ali naquele vídeo."

Janaína Paschoal, doutora em Direito Penal e deputada estadual em SP

"Eu entendi a divulgação do vídeo muito favorável ao presidente, porque mostrou um presidente defendendo os valores que ele defendeu durante a campanha. Mostrou o presidente cobrando os ministros para que defendessem aqueles mesmos valores. Mostrou, é verdade, que o presidente disse 'eu vou interferir'; mas não era uma interferência na Polícia Federal para deixar de investigar A ou investigar B, como a gente imaginou que seria. Era uma interferência geral. Ele falou: é o seguinte, o governo é meu, quem concorda fica, que não concorda sai," lembrou Janaína durante a entrevista.

"Era uma conversa onde ele estava expondo as suas prioridades, estava colocando as cartas na mesa. Eu não estou dizendo que necessariamente eu concorde com essa forma de ele administrar ou com o palavreado que ele utilizou, mas não tem crime ali."

Perguntei se o ministro do STF Celso de Mello abusou da autoridade ao liberar o vídeo com quase duas horas de duração e não apenas o trecho da reunião que dizia respeito ao inquérito.

"Se ele tivesse liberado só a frase, eu por exemplo, não conseguiria entender o contexto. Quando ele libera o contexto a frase tem sentido, mostrou que a bronca foi pra todo mundo eu achei que liberar o vídeo na integra foi bom para o presidente."

"Ele falou com todas as letras que tem medo da ditadura, que em 2022 podem vir outras pessoas, que não tem amor ao mandato... O vídeo foi muito positivo, se tivessem liberado só uma ou duas frases daria margem para muitas interpretações. O problema é que a postura do presidente e dos bolsonaristas não ajuda."

A entrevista segue com a análise sobre o que deve acontecer com o inquérito e com o ex-ministro Sérgio Moro. Conversamos também sobre a postura do presidente diante da pandemia, sobre um trecho específico da reunião: a fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, bastante criticado por sugerir que o governo aproveitasse o momento em que o coronavírus ocupa o noticiário para tentar aprovar a simplificação das normas de regulamentação ambientais.

Janaína é favorável à redução no número de normas não só na área de Meio Ambiente, embora tenha visto como infeliz a forma como o ministro tratou do assunto na reunião.

A deputada, que teve Covid-19 em março e chegou a ser internada, é dura ao analisar a forma como o governo federal vem tratando a pandemia. Na entrevista, que você pode conferir na íntegra clicando no vídeo no topo da página, ela sobre a doença, a situação em São Paulo, isolamento social e consequências econômicas, e algumas das medidas adotadas pelo prefeito Bruno Covas e pelo governador João Doria. Assista!

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