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Foto: Henry Milléo / Gazeta do Povo

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O juiz federal Sergio Moro disse há alguns meses que o fim da Operação Lava Jato já estaria próximo e que as ações na Justiça Federal estariam finalizadas até dezembro deste ano. A declaração causou estranheza de quem acompanha de perto os desdobramentos das investigações do esquema de corrupção na Petrobras. A expectativa, porém, é endossada pelo Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com o procurador Carlos Lima, integrante da força-tarefa, a Lava Jato deve perder parte de sua força e deixar de trazer fatos novos até o final do ano. “O crescimento exponencial da Lava Jato, de quatro doleiros para a situação atual em dois anos, não vai acontecer mais. Se acontecesse, não sei qual seria o resultado final. Ela vai ter que uma hora aterrissar”, opina Lima.

“Isso não significa que não existam muitas denúncias, novas investigações, mas essa descoberta de fatos novos eu acho que nós temos um horizonte até o final do ano. Fatos menores aqui e ali vão acontecer, e se surgirem vão surgir nessas novas forças-tarefas, nesses novos grupos que vão surgir pelo Brasil”, explicou o procurador.

Segundo Lima, ainda há muito material apreendido em fases da Lava Jato que precisa ser analisado e muitas provas serão compartilhadas com outras forças-tarefas, gerando “filhotes” da Lava Jato em outros estados. “As provas serão compartilhadas e vão gerar filhotes da Lava Jato por todo o Brasil”, disse.

Até agora, já foram deflagradas duas operações da Polícia Federal que são consideradas desdobramentos da Lava Jato. Em agosto do ano passado a PF deflagrou a operação Crátons, em Rondônia. A PF identificou que uma organização criminosa, formada por empresários, advogados, comerciantes, garimpeiros e até indígenas, era responsável por financiar, gerir e promover a exploração de diamantes no chamado “Garimpo Lage”, localizado no interior da Reserva Indígena Parque do Aripuanã e de usufruto dos indígenas da etnia Cinta Larga.

Em fevereiro deste ano foi deflagrada a operação O Recebedor, em Goiás. A partir de elementos colhidos em acordo de leniência e delação premiada de uma das empreiteiras investigadas na Lava Jato, a PF investigou o pagamento de propina para a construção das ferrovias Norte-Sul e Integração Leste-Oeste. Somente em Goiás foi detectado um desvio de mais de R$ 630 milhões, considerando-se somente os trechos executados na construção da Ferrovia Norte-Sul.

Ápice da Lava Jato

Para o procurador Carlos Lima, a Lava Jato já chegou ao ápice ao desvendar o esquema de corrupção na Petrobras. “Nós já chegamos à cadeia de comando e fizemos uma acusação dentro do gabinete civil da Presidência da República. Podemos investigar um pouquinho mais para frente, mas onde mais a Petrobras iria?”, questiona Lima. Em maio deste ano, o juiz federal condenou no ex-ministro José Dirceu a mais de 20 anos de prisão por participação no esquema. Para a força-tarefa, ele foi o mentor do esquema da Petrobras.

Foro privilegiado

Com a troca de governo depois do afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT), muitos investigados da Lava Jato que ocupavam cargos de ministros devem perder a prerrogativa de foro. As investigações, nesse caso, passam a tramitar em Curitiba, sob os cuidados de Moro.

De acordo com Lima, isso significa que novas denúncias e novos processos vão surgir, mas não trarão elementos novos à investigação. “O núcleo base já foi descoberto. Então ela [Lava Jato] vai se enfraquecer pela própria realidade de ter sido descoberta”, aponta o procurador.

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